Danos em Pinus e Araucária pelo Macaco-prego (Cebus apella)
O crescimento da indústria madeireira, unido a manejos antiquados da cobertura vegetal trouxe vários tipos de problemas ambientais. Desde 1995 o macaco-prego vem causando danos aos florestamentos de Pinus e Floresta com Araucária na região de General Carneiro-PR. Entretanto, há relatos de predação em outras regiões paranaenses desde 1990 e também relatos populares que datam a década de 50.
Em levantamento preliminar feito por técnicos do Instituto Ecoplan verificou-se que o ataque do macaco-prego consiste, basicamente, em arrancar a casca de espécies como Pinus spp. eAraucaria angustifolia no terço superior da planta efetuando a retirada do floema. O macaco-prego raspa e/ou mastiga o floema impedindo assim a condução de seiva elaborada rica em substâncias orgânicas derivadas da fotossíntese o que irá ocasionar a morte do terço superior da planta e posteriormente da planta como um todo. O ataque ainda pode deixar o Pinus estressado o que facilita a dispersão de uma outra praga dos florestamentos que é a vespa da madeira.
Os ataques destes primatas vêm causando grande polêmica no estado do Paraná, já sendo classificado como uma das pragas das plantações de Pinus e florestas com Araucária.
A Araucária é uma espécie de extrema importância cultural para o estado do Paraná e está em extinção. Os remanescentes de florestas com Araucárias são na ordem de 1% do original. Já o Pinus é uma espécie de interesse econômico, que colabora para a diminuição da pressão sobre as florestas nativas, portanto, a preservação dos mesmos se torna fundamental.
Em tempos de desenvolvimento sustentável e tendo em vista que a indústria madeireira é a principal fonte geradora de empregos e insumos fiscais de General Carneiro, torna-se importante o desenvolvimento e estudo de novas técnicas de manejo de fauna e flora voltadas para a indústria madeireira.
O objetivo geral do projeto é realizar uma avaliação quantitativa e qualitativa dos danos causados pelo macaco prego em florestamento de Pinus e em floresta com Araucárias na região de General Carneiro assim como propor um manejo para a espécie de macaco em questão.
Dentro dos objetivos específicos estão a realização de avaliações comportamentais nos bandos de macacos-prego, inicialização de um senso da espécie, análise da dieta alimentar dos bandos para uma futura proposta de reposição alimentar, verificação da disponibilidade dos alimentos naturais para esta espécie na região estudada, realização de comparação entre os danos causados em Florestas com Araucárias e reflorestamento de Pinus e quantificação dos danos econômicos causados à região.
No mesmo sentido, existem outros trabalhos sendo realizados, como os de técnicos da Klabin S/A que também estão envolvidos em estudos sobre os danos causados pelo macaco-prego, porém tais estudos se concentram apenas em florestamento de Pinus. Segundo o biólogo Vlamir José Rocha, Dr. em Zoologia, não se tem relatos, na região, de ataques em espécies de Araucárias.
O projeto foi idealizado pelo biólogo especialista em Gestão Ambiental e Engenharia Ambiental, Denílson Jungles de Carvalho quando trabalhadores da Fazenda Santa Cândida, em General Carneiro-PR, relataram os danos causados pelo macaco prego em reflorestamento de Pinus e Floresta de Araucária. O fato causou extrema preocupação e decidiu-se então iniciar um projeto para realização de um levantamento de tais danos assim como para propor técnicas de manejo para a região.
Mesmo antes da liberação da verba, as primeiras fases de campo foram iniciadas e foi possível realizar um levantamento dos pontos de ataque da área de estudo assim como a identificação de um dos bandos de macaco-prego o que tornou possível iniciar os trabalhos de filmagem e fotografia.
O Projeto contará ainda com a participação do Biólogo Gil Schutz Jr, do Técnico Florestal Francelo Mognon e de estagiários e será financiado pelo Fundo Estadual do Meio Ambiente em convênio com o Instituto Ecoplan. Tal convênio foi assinado em 05 junho de 2002 e aguarda liberação de verba para a inicialização formal do projeto.
Redação Ambiente Brasil