Gestão de Impactos Sociais

Quem não conhece a célebre frase de O Pequeno Príncipe: “Tu és responsável por aquilo que cativas (Antoine de Saint-Exupéry, 1943)”? Parafraseando para os tempos atuais poderíamos dizer: “A empresa é responsável por aquele que nela trabalha”, ou para ser ainda mais atual: “A empresa é responsável por aquele que nela trabalha e pelos impactos sociais sobre a comunidade onde se insere”.

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Os Estudos de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) exigem além do estudo de impactos ambientais, a avaliação dos impactos de um empreendimento sobre o “meio antrópico” ou seja, sobre as pessoas, sobre a população, sobre a comunidade do entorno. Esta exigência ocorre porque não se pode conceber que os impactos causados sobre as pessoas direta ou indiretamente atingidas por um novo empreendimento não sejam analisados. É uma pena que os famosos EIA – RIMA´s não sejam denominados de “Estudos de Impactos Sócio-Ambientais”, talvez este título seria mais condizente.

Apesar de estudos de impactos sobre o meio ambiental e social serem exigidos há muito tempo, a “Gestão de Impactos Sociais” é algo extremamente novo no meio empresarial. Mas, o que isto significa e como isto é possível?

A Gestão de Impactos Sociais só é possível ou realmente aplicável se os trabalhadores (próprios e terceirizados) e a comunidade (onde se insere uma empresa) forem ouvidos. Para isto muitas empresas têm aberto “canais de diálogo” através de enquetes diretas ou serviços de ouvidoria (ex: jornal da empresa, telefone, e-mail, etc.).

A partir da identificação inicial dos impactos positivos e negativos exercidos pelas atividades da empresa sobre os trabalhadores e a comunidade, um plano de gestão de impactos sociais pode ser delineado, enfatizando ações para resolução de pontos críticos e das principais necessidades apontadas pela enquete.

Este tipo de gestão é revolucionário, pois as ações sociais a serem tomadas pela empresa atenderão às necessidades do meio social onde ela se insere e não às vontades políticas de diretores ou às estratégias de marketing que enfatizam somente o impacto positivo causado pela “geração de empregos”.

É importante destacar que a Gestão de Impactos Sociais não depende de grandes investimentos e sim de re-direcionamento de verbas para atividades sociais que realmente interessam, é apenas uma questão de bom gerenciamento empresarial.

Ter “Responsabilidade Social” (termo tão usado atualmente) significa ir além do cumprimento das leis trabalhistas ou de padrões de saúde e segurança e abrange não apenas ações beneficentes ou doações. A empresa que realmente desenvolve sua função social é aquela que entende o papel que exerce para a comunidade e seus impactos sobre ela, é aquela que possui um canal de diálogo aberto e que na medida do possível tenta reparar danos causados e implementar ações que supram necessidades sociais reais.

Giovana Baggio de Bruns é Engª Florestal, especialista em Gestão Ambiental através do European Master in Environmental Management, EAEME – Kapodistrian University of Athens e Università degli Studi di Parma. Atualmente trabalha como gerente do Departament