Os ecossistemas aquáticos são essenciais para manutenção da vida, seja ela marinha ou terrestre. Por conta disso, sua devida conservação, recuperação e mitigação de impactos torna-se primordial para a sustentabilidade de todo o planeta.
Quais são as características dos ecossistemas aquáticos?
São ecossistemas que variam de acordo com suas propriedades físico-químicas, sendo destacado os seguintes parâmetros:
- Temperatura;
- pH;
- Salinidade;
- Oxigênio Dissolvido;
- Turbidez;
- Luminosidade na coluna de água.
A partir destes parâmetros, o ecossistema é enquadrado como marinho ou dulcícola, caracterizados como:
- Marinho: Ambientes de água salgada, que representam a maior parte da superfície do planeta, com grande diversidade de vida;
- Dulcícola: Ambientes onde os animais vivem em água doces, como lagos, rios, lagoas e córregos, sendo diferenciados por meio da movimentação e velocidade da água.
Impactos nos ecossistemas aquáticos
Os ecossistemas aquáticos são altamente influenciados pelas atividades humanas, seja no próprio ambiente aquático, seja no ambiente terrestre, a seguir destacaremos os principais impactos atrelados:
- Desmatamento: Ocasiona a perda da área de proteção entre o ambiente aquático e o continente. O que reduz por exemplo, a capacidade de suavizar o impacto das ondas nas praias, além de restringir as áreas de reprodução da fauna marinha, como no caso dos mangues.
Quais são os prejuízos causados pelo desmatamento?
O desmatamento ocasiona a perda da biodiversidade, de habitats e o aumento da entrada de sedimentos nos rios, lagos e lagoas – ao se retirar a mata ciliar, principal faixa de vegetação de proteção. Além disso, possibilita maior entrada de resíduos e contaminantes. Nas zonas marinhas, as faixas de mangue e restinga, tem função similar de proteção da costa.
- Mineração: Atividades de mineração sem o devido manejo e gestão de impactos, podem causar sérios danos de contaminação, produzindo alterações físicas e químicas na área. Como um exemplo, vale citar a extração de ouro, que pode ocasionar acúmulo de mercúrio no ambiente.
- Construção de rodovias e ferrovias: Sem o devido planejamento e compensação, pode levar a perda de áreas alagadas, redução de vegetação nativa e alterações nos ambientes aquáticos.
- Despejo de material residual: Impacta diretamente o ecossistema aquático ao se despejar resíduos orgânicos e inorgânicos, poluentes não tratados e materiais provenientes de atividades agrícolas, industriais e domésticas.
- Introdução de espécies exóticas: A introdução de espécies exóticas de plantas, peixes e outros organismos, pode produzir um profundo impacto nos ecossistemas aquáticos.
Qual o impacto das espécies exóticas invasoras?
As espécies exóticas invasoras não possuem predadores naturais naquele ecossistema que foram inseridas, tendo uma maior facilidade de se reproduzir e expandir sua distribuição territorial, alterando toda uma cadeia alimentar e podendo levar a extinção de espécies nativas. Um exemplo é o peixe tucunaré, originário da bacia Amazônia, que atualmente é encontrado em outros estados, como São Paulo e Minas Gerais.
- Remoção de espécies críticas: A retirada de espécies nativas essenciais para aquele ambiente é um outro fator de impacto, seja devido a pesca exaustiva, caça ou poluição da água. A remoção das espécies causa todo um desequilíbrio de fonte de alimento, ambiente de uso para reprodução e proteção.
- Construção de reservatórios: A construção de reservatórios sem a devida gestão e planejamento, pode levar a alterações significativas no ambiente, sejam elas quantitativas ou qualitativas.
Consequências dos impactos para a conservação dos ecossistemas aquáticos
Os impactos descritos, geram consequências de curto, médio e longo prazo naquele ecossistema, a seguir veremos alguns exemplos desta ocorrência.
- Eutrofização: A palavra deriva do grego eutrophos, que significa bem nutrido, pois se trata de um processo de aumento expressivo de nutrientes no corpo hídrico (rios, lagos, lagoas), especialmente de fósforo e nitrogênio, que por consequência, causa o surgimento descontrolado de algas e cianobactérias.
O que fazer para evitar a eutrofização?
Uma das principais fontes que ocasiona o alto aumento de nutrientes é o despejo sem tratamento de esgotos domésticos, sendo fundamental coletar e tratar devidamente estes efluentes.
- Aumento de material em suspensão e assoreamento: O uso inadequado do solo, práticas agrícolas e de construção civil sem os devidos cuidados, podem acarretar no aumento de materiais em suspensão e de assoreamento dos rios. Isto ocorre, por que sem a vegetação de proteção e de sistemas de drenagem que reduzem o impacto das chuvas, os sedimentos chegam diretamente na água.
- Perda da diversidade biológica: Quando ocorre a redução ou retirada drástica de determinadas espécies em um sistema aquático, sem que se observe seu funcionamento e o adequado manejo para tanto, pode se acarretar em alterações na cadeia trófica e na função destes sistemas.
- Alterações no nível da água e no ciclo hidrológico: Ocorre quando se altera artificialmente a altura do nível da água nos rios, lagos, lagoas marginais e nas águas subterrâneas.
- Perda da capacidade tampão: As áreas alagadas e vegetações de interface entre sistemas terrestre e aquáticos, são regiões tampão. Estas regiões removem o nitrogênio (por desnitrificação) e o fósforo (por precipitação e complexão no sedimento e agradado em partículas às raízes de macrófitas). Estes sistemas realizam também a precipitação de metais pesados, imagine então o quanto toda a região é impactada quando se perde esta capacidade.
- Expansão geográfica de doenças tropicais de veiculação hídrica: A construção de canais, reservatórios ou obras que ocasionem a mudança do regime dos rios, pode estimular a ocorrência de vetores de doenças como a esquistossomose e a leishmaniose, por isso nestes empreendimentos é essencial o monitoramento da ocorrência destes vetores.
- Toxicidade: Ocorre no contato de pesticidas e herbicidas nos ecossistemas aquáticos.
Recuperação de ecossistemas aquáticos
A recuperação de lagos, represas, rios e áreas alagadas demanda um conjunto de ações integradas que as áreas próximas na bacia hidrográfica, o ecossistema aquático e seus componentes – físicos, químicos e biológicos. Esta recuperação tem as seguintes etapas definidas:
- Diagnóstico inicial: Para analisar o estágio de contaminação ou degradação do ecossistema;
- Diagnóstico dos custos e perdas envolvidas: Envolve a avaliação das alternativas para a recuperação e custos de mitigação.
Cada local de recuperação se diferencia conforme região do entorno, ambiente e características particulares, sendo essencial um diagnóstico específico para cada caso.
Alguns exemplos de represas urbanas são:
- Lago Paranoá;
- Represa Pampulha;
- Represa Jundiaí.
Gerenciamento de lagos, rios, represas e áreas alagadas
O gerenciamento de ecossistemas aquáticos continentais requer contínuas ações interativas, que envolvem os seguintes aspectos:
- Gerenciamento das bacias hidrográficas e seus principais componentes: solo, vegetação, controle de fontes pontuais e não pontuais de poluentes e de Nitrogênio e Fósforo.
- Gerenciamento do sistema aquático: Medidas adequadas para conservação, proteção e recuperação.
- Elaboração de novas metodologias adequadas a cada sistema: Incluindo o monitoramento, controle, uso e tratamento dos resultados.
A modelagem ecológica é uma das ferramentas mais importantes para o acompanhamento das condições atuais, para prognóstico e para definição de alternativas de medidas preventivas e corretivas.
Consequências da eutrofização em lagos, represas, rios
Caso as medidas de gerenciamento destes ambientes não sejam observadas e o aumento na oferta de nutrientes se mantenha em expansão, pode ocorrer a eutrofização, que causa as seguintes consequências:
- Aumento da concentração de Nitrogênio e Fósforo;
- Aumento da concentração de amônia e nitrito no sistema;
- Redução da concentração de oxigênio dissolvido;
- Aumento das bactérias patogênicas (de vida livre ou agregadas ao material em suspensão);
- Aumento da decomposição em geral do sistema e emanação de odores indesejáveis.
Qual a importância dos ecossistemas aquáticos?
Os ecossistemas aquáticos representam grande extensão no planeta Terra, e abrigam uma variedade enorme de espécies, de habitats e de fontes de alimento e água.
Por conta disso, estes ecossistemas são fundamentais para a manutenção da vida na Terra, seja para preservação da biodiversidade marinha, seja para a própria sobrevivência humana.
Maria Beatriz Ayello Leite
Redação Ambientebrasil