Perfil do sócio ecossistema de produção de pinhão no Paraná
A cobertura vegetal original do Estado do Paraná, segundo suas regiões fitogeográficas, é classificada em cinco biomas principais: Floresta Ombrófila Mista, Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Ombrófila Densa e Savanas. A região fitoecológica da Floresta Ombrófila Mista ou Floresta com Araucária, caracteriza-se pela presença da Araucaria angustifolia em associações diversificadas, as quais compreendem grupamentos de espécies com características próprias, formando estágios sucessionais distintos (IBGE,1990).
Este bioma tem sido considerado um dos mais notáveis em termos de valor ecológico, por abrigar espécies típicas e atributos biológicos únicos em todo o planeta. A semente de Araucária, o Pinhão, é muito nutritiva. Pesquisas históricas e arqueológicas sobre as populações indígenas que viveram no planalto sul-brasileiro, de 6000anos até nossos dias, registram a importância do pinhão no cotidiano desses grupos. Restos de cascas de pinhões apareceram em meio aos carvões das fogueiras acesas pelos antigos habitantes das florestas de araucária. Um depósito de restos de pinhões em meio a uma espessa camada de argila evidencia não apenas s existência do pinhão na dieta diária dos grupos, mas também uma engenhosa solução para conserva-lo durante longos períodos, evitando o risco de deterioração pelas ações do clima ou do ataque de animais. Sabe-se também que o pinhão servia de alimento para inúmeras espécies animais, inclusive Caititus selvagens (espécie de porco), atraindo-os durante a época de amadurecimento das pinhas. Assim, ao lado da coleta anual do pinhão, os indígenas igualmente caçavam esses animais.
Nos dias de hoje, o pinhão vem sendo produzido, comercializado e consumido em todo o Estado, mas alguns municípios são grandes centros de sua sócio-economia. As regiões típicas de produção são Guarapuava, no Centro-Oeste e União da Vitória, no Sul do Estado. Seguramente, Curitiba é o ponto de maior convergência da comercialização e do consumo no Estado.
Lamentavelmente pouco se conhece sobre as implicações sociais, econômicas e ambientais da atividade da coleta e venda de pinhão no estado do Paraná. Quase nada foi publicado sobre a cadeia produtiva do pinhão, embora seja possível encontrar esta iguaria em qualquer feira ou supermercado do Paraná e, certamente quase todo paranaense consuma uma quantidade expressiva desta durante o período de safra. Ainda, os riscos ambientais para a regeneração natural da espécie (Araucaria angustifolia), para a fauna, para a diversidade biológica e genética, entre outros, nunca foram efetivamente encarados com profundidade.
A importância sócio-econômica do pinhão para o Estado do Paraná, sobretudo naquelas regiões de maior pobreza, reveste este projeto de um grande apelo, pois representa ma fatia bastante expressiva do emprego e renda, com fortes impactos na qualidade de vida de um grande contingente de pessoas, tanto na produção como na comercialização deste produto.
Além de denotar um forte apelo sócio-econômico, este estudo também pressupõe a existência de impactos ambientais igualmente relevantes. A coleta de pinhão provoca impactos ambientais notadamente à diversidade biológica e genética, bem como, toda a cadeia alimentar no ecossistema. A magnitude destes impactos é muito pouco conhecida e merece especial atenção da comunidade científica, das autoridades ambientais e de toda a sociedade.
Ademais outro aspecto merecedor de destaque é forte depauperação dos aspectos culturais associados ao uso do pinhão como fonte alimentar humano e como garantia da perpetuação do ecossistema. Resgatar esta cultura, seja na arte, na literatura, na culinária é também uma tarefa urgente.
Dentre os objetivos do Projeto Pinhão estão analisar os aspectos sócio-econômicos das atividades de coleta e comercialização do pinhão em três municípios chaves desta cadeia produtiva no Estado do Paraná: Curitiba, Guarapuava e União da Vitória, considerando todas as fases da cadeia produtiva, desde a coleta até a compra pelo consumidor final; descrever o perfil humano das pessoas e entidades envolvidas com as atividades de coleta e comercialização de pinhão, considerando emprego e renda gerados, localização, sexo, idade, entre outros; analisar os aspectos ambientais da atividade de coleta do pinhão, considerando as implicações a biodiversidade, a regeneração da Araucária e a fauna associada; resgatar e documentar aspectos relacionados ao pinhão na cultura paranaense tais como lendas, contos, estórias, culinária, arte, entre outros; apresentar proposições e sugestões de ações a população envolvida com a coleta e a comercialização de pinhão que venham de encontro a sustentabilidade, considerando perspectivas de melhoria das condições econômicas das populações e minimização dos impactos ao meio ambiente; distribuir panfletos imformativos dos resultados do projeto e suas implicações a todos os agente envolvidos; divulgar o projeto através de m livreto a ser editado em linguagem acessível; distribuir folders a comunidade em geral, publicado e divulgado a toda a região alvo do projeto; divulgar o projeto por meio de veículo de comunicação e da internet.
Conheça mais sobre o projeto:
O Pinhão | Os Animais |
Comercialização | Plantio |
Culinária | Curiosidades |
A Floresta Ombrófila Mista | A Portaria Normativa |
Sua equipe executora:
– Marco Aurélio Busch Ziliotto, coordenador, Eng° Florestal, Especialista em Gestão Empresarial, Pós-Graduado em Manejo Ambiental, e Engenharia Ambiental;
-João Carlos Garzel Leodoro da Silva, especialista em sócio-economia, Eng° Florestal, Dr., Professor da UFPR;
-Carlos Alberto Sanquetta, especialista em silvicultura, ecologia e manejo de florestas, Eng° Florestal, Ph.D., Professor da UFPR;
-Denílson Roberto Jungles de Carvalho, apoio técnico e científico, Biólogo, Especialista em Gestão Ambiental e Engenharia Ambiental;
– Rafaelo Balbinot, Engenheiro Florestal, Mestrando da UFPR;
– Patrícia Marguê Cana Verde, Engenheira Florestal;
– Fancelo Mognon, Técnico Florestal;
– Ana Paula Dalla Côrte, acadêmica do Curso de Engenharia Florestal UFPR;
– Karla Simone Weber, acadêmica do Curso de Engenharia Florestal UFPR;
– Luciane Torquato, acadêmica do Curso de Engenharia Industrial Madeireira da UFPR.
Redação Ambiente Brasil