O Amazonas é grandioso em todos os seus aspectos. É o segundo maior rio do mundo em extensão (tem 6.275 quilômetros), perdendo apenas para o Nilo, no Egito. Sua vazão média na foz, ou seja, o volume de água que seus diversos braços e afluentes despejam, é de apoximadamente 209 milhões de litros por segundo. Esse número varia conforme o trecho, porque a velocidade da correnteza pode variar – mas é sempre gigantesco. Há estimativas de que, a cada dia, o Amazonas deposite uma média de 3 milhões de toneladas de sedimentos nas imediações do ponto onde desemboca no Atlântico – tanto que a concentração de sal e a cor do oceano ficam alterados por uma distância de até 320 quilômetros da boca do rio.
Vários rios nascidos das neves eternas dos Andes se juntam para dar origem, no Peru, ao rio Marañón, que se converte no Amazonas após mais algumas contribuições. Dos Andes à foz, em Belém (PA), o Amazonas percorre um enorme caminho, passando pela Venezuela, Guiana, Equador, Bolívia e Colômbia. Antes de desaguar no Oceano Atlântico, divide-se numa multiplicidade de braços, que formam um labirinto de ilhas; a maior é de Marajó. Entre o Peru e Belém, o Amazonas dá origem a centenas de afluentes, vários deles com mais de 1.600 quilômetros, com o Madeira e o Negro.
Nesta gigantesca planície tropical chuvas pesadas caem diariamente, com mais força entre janeiro e junho, o que faz variar o fluxo dos rios. Nos meses de maior pluviosidade, amplas áreas são inundadas, e o Amazonas, que costuma ter entre 1,6 e 10 quilômetros de largura, chega a ficar com 48 quilômetros.
O Amazonas também se notabiliza por um fenômeno único: a pororoca. Quando é fase de lua cheia ou nova, o encontro da maré oceânica com as correntes fluviais forma enormes ondas de até cinco metros de altura, capazes de percorrer até 650 quilômetros rio adentro, a velocidade que chegam a 65 quilômetros por hora. Também é famosa a diversidade dos seus ecossistemas – matas de terra firme, florestas inundadas, várzeas, igapós, campos abertos e cerrados – e das espécies vegetais e animais que ali vivem. Foram descritas pelo menos 1,5 milhão de espécies vegetais, 3 mil de peixes e 850 de pássaros – uma fração mínima do que realmente existe.
Em contraste, a densidade populacional é baixa. Há apenas 1,93 habitantes por quilômetro quadrado – dez vezes menos do que a média nacional. Relativamente intocada até os anos 70, a Amazônia tem visto crescer o desmatamento e os incêndios florestais. Até 1978, a área desflorestada não passava de 85 mil quilômetros quadrados. Nas décadas seguintes, porém, o ritmo de derrubada se acelerou. Em 1999, a área desmatada já era cinco vezes maior. A água também tem sofrido com atividades econômicas predatórias. Alguns rios da bacia estão bastante contaminados por atividades de mineração, sobretudo o Madeira, Tapajós, Amaná, Juruena e Teles Pires.
Fonte: Como cuidar da nossa água. Coleção Entenda e Aprenda. BEI. São Paulo-SP, 2003.