Depois do São Francico, o rio Parnaíba é o mais importante do Nordeste, fonte de vida para uma das regiões mais pobres do país. Sua bacia cobre 344 mil quilômetros quadrados – todo o Piauí e parte dos estados do Maranhão e do Ceará. São extensões semi-áridas e pouco populosas. A pobreza se mostra sob todos os pontos de vista: do PIB (Produto Interno Bruto, soma de todas as riquezas produzidas num país), da mortalidade infantil, do IDH (Índice de Desenolvimento Humano, calculado a partir dos níveis de expectativa de vida, escolaridade e poder de compra da população). A oferta de serviços de coleta e tratamento de esgotos reflete a situação econômica, e está entre as menores do Brasil.
A pobreza da região relaciona-se à crônica falta de água: a descarga média da bacia é de 1.272 metros cúbicos por segundo. É pouco – apenas o suficiente para que cada habitante tenha 40% da água disponível para um brasileiro médio. Além disso, as águas superficiais da bacia são mal distribuídas; todos os tributários da margem direita do Parnaíba – Canindé, Piauí, Poti, etc. – são rios temporários.
Em contraste com os poucos recursos de águas superficiais, o subsolo da região é riquíssimo em recursos hídricos e, se explorado de maneira sustentável, representa uma possibilidade de desenvolvimento. Ali está localizado o Aqüífero Maranhão, considerado o maior potencial do Nordeste. Ele ocupa 550 mil quilômetros quadrados e as suas reservas – 13 bilhões de metros cúbicos por ano – correspondem a 85% da demanda atual de água de todo o Nordeste. Exemplo de sua abundância é o vale da Gurguéia, no sul do Piauí, onde a água jorra dos poços perfurados como se fosse petróleo – o jato chega a subir dezenas de metros. Mas o controle da exploração dos lençóis freáticos ainda é precário.
Fonte: Como cuidar da nossa água. Coleção Entenda e Aprenda. BEI. São Paulo-SP, 2003.