Pantanal – Clima e Hidrografia

Paisagem do Pantanal, similar a área de pântano e no período de enchente.
Paisagem do Pantanal.

Clima do Pantanal

No Pantanal, o clima é predominantemente tropical, com duas estações bem marcantes, o verão chuvoso e o inverno seco. Fator importante para o turismo local, o período chuvoso se estende de outubro a março, enquanto que a época de reprodução dos peixes vai de novembro a fevereiro, o que limita e restringe a atividade durante este importante ciclo para manutenção da vida aquática.

Localizada na porção centro-sul do Continente Sul-Americano, a região não sofre influências oceânicas, porém, está exposta a chegada de massas frias, provenientes das áreas mais meridionais, com entrada rápida pelas planícies dos pampas e do chaco – no caso do território brasileiro, advindas do Rio Grande do Sul e do Mato Grosso, respectivamente.

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A temperatura, usualmente alta, pode baixar rapidamente – ficando as mínimas próximas a 0ºC e as máximas a 40ºC – e até haver ocorrências de geadas. As médias anuais registradas, em torno de 25ºC, têm como mínima 15ºC e máxima 34ºC. A umidade relativa do ar fica em torno de 50% no inverno e 75% no verão.

Apesar de algumas ocorrências abruptas de temperatura, de forma geral, as temperaturas mais amenas favorecem as atividades turísticas locais, como os passeios de barco que margeiam belíssimas paisagens.

Hidrografia do Pantanal

Quanto a hidrografia, fator essencial para o equilíbrio da fauna e flora na região, os principais rios formadores são o Cuiabá, São Lourenço, Piquiri, Taquari, Aquidauana, Miranda, Apa, além do rio Paraguai, o de maior porte da localidade.

Formando extensas planícies inundadas, todo o Pantanal faz parte da bacia hidrográfica do Alto Paraguai.

Principais rios do Pantanal

Englobando cerca de 150.000 km² de área em território brasileiro, o rio Paraguai e seus afluentes: São Lourenço (670 Km), Cuiabá (650 Km) – ao norte, Miranda (490 Km), Taquari (480 Km), Coxim (280 Km), Aquidauana (565 Km) ao sul, assim como rios de menores extensões, Nabileque, Apa e Negro, formam a trama hidrográfica de todo complexo pantaneiro.

Mapa com os principais rios e formações no Pantanal. Fonte: Researchgate, (modificado de Souza, 1998).
Principais rios e formações no Pantanal. Fonte: Researchgate, (modificado de Souza, 1998).

Na época das cheias, em poucos dias o solo se encharca e não consegue mais absorver a água da chuva, que passa a encher os banhados, as lagoas e transbordar os leitos mais rasos dos rios, formando cursos de localização e volume variáveis.

Devido a baixa declividade da planície no sentido norte-sul e leste-oeste, estima-se que as águas que caem na cabeceira do rio Paraguai, levam até quatro meses para atravessar todo o Pantanal.

Esse comportamento natural de aumento periódico da rede hídrica no Pantanal, a baixa declividade da planície e a dificuldade de escoamento das águas pelo encharcamento do solo são responsáveis por inundações nas áreas mais baixas, o que confere à região um aspecto de imenso mar interior.

Somente os terrenos mais elevados e os morros isolados sobressaem como verdadeiras ilhas com vegetação, onde muitos animais se refugiam à procura de abrigo contra a subida das águas.

Classificação dos Pantanais

Devido a grande heterogeneidade da hidrografia, tipos de vegetação e variadas paisagens, o Pantanal pode ser dividido com base nas seguintes referências: classificação segundo o IBGE, classificação segundo o Professor Jorge Adámoli e a classificação segundo o Macrozoneamento Geoambiental do Mato Grosso do Sul.

Pantanal de Uberaba-Mandioré

Ao sul de Porto Três Bocas, o Rio Paraguai recebe o Cuiabá em sua margem esquerda, apresentando alguns braços na margem direita que deságuam no próprio rio alguns quilômetros mais ao sul.

A Serra do Amolar contribui para provocar essas descargas. Um amplo setor compreendido entre Porto Três Bocas e Ilha da Figueira, permanece inundado quase todo o ano, conformando uma espécie de nível de base local. Contribuem, para isso, os derrames aluviais da margem esquerda do Rio Cuiabá.

Pantanal da Nhecolândia
Paisagem do Pantanal da Nhecolândia. Fonte: UFMS.
Pantanal da Nhecolândia. Fonte: UFMS.

O referido Pantanal se destaca no conjunto do macroleque aluvial do Rio Taquari, caracterizado por uma extensa área flúvio-lacustre, com baías, salinas, campos limpos, bosques e savanas. Sua sedimentação está vinculada a cursos intermitentes e defluentes do Rio Taquari quando de suas cheias. Estes apresentam um padrão de drenagem do tipo multibasinal, com solos essencialmente arenosos e textura fina.

A área apresenta um grande número de ¨baías¨, com características peculiares: muitas são salinas – sem vegetação aquática – outras de água doce – com vegetação de aguapé.

São circuladas por ¨cordilheiras¨ e a conexão entre uma ¨baía¨ e outra se dá através das ¨vazantes¨. Muitas dessas ¨baías¨ têm água salobra, o que dificulta o desenvolvimento da vegetação aquática. Na área há o predomínio dos solos Podzólicos Hidromórficos.

Pantanal de Paiaguás

Uma das maiores regiões do Pantanal, compreende toda a porção NE do macroleque aluvial do Rio Taquari, no interflúvio Piquiri-Taquari e na margem esquerda deste, a nordeste do Pantanal de Nhecolândia. Prolonga-se a oriente até o médio curso do Rio Negro, onde se distingue uma vasta faixa de espraiamentos aluviais, caracterizado como de fraca inundação.

O Paiaguás é similar à Nhecolância, porém com baías, lagoas e córregos menores, tornando seu visual menos variado e com presença de vegetação de savana e cerrado, com bastante presença de campo pois as árvores não chegam a se adensar em matas fechadas. Por conta disso se torna mais comum a prática da agropecuária nas pastagens naturais dispostas na região.

Esta área, segundo Sanchez (1977), corresponde a derrames aluviais antigos, com alta e média densidade de canais e leitos anastomosados de escoamento temporário. Para esse autor, os depósitos aluviais antigos são submetidos a processos geomorfológicos que implicam na lixiviação, transporte e sedimentação de materiais superficiais de alguns solos em locais mais baixos. Toda essa área comporta solos Podzólicos Hidromórficos.

Pantanal do Negro-Aquidauana
Paisagem do Pantanal do Negro-Aquidauana. Fonte: Portal de Aquidauana.
Pantanal do Negro-Aquidauana. Fonte: Portal de Aquidauana.

Corresponde a uma área de alagamento temporário. Apresenta ¨baías¨ dispersas e, às vezes, concentradas. A maior parte das ¨baías¨ seca durante determinados períodos do ano.

Abrigando um Pantanal de cerrado, bioma também presente na região, apresenta campos, savanas e bosques, com altitudes mais elevadas, limita as inundações, o que facilita o manejo do gado. O solo arenoso recebe as águas calcárias da Bodoquena.

Pantanal do Negro-Miranda

Caracterizado como área de forte inundação, o referido Pantanal corresponde à planície de inundação do Rio Negro e de alguns afluentes de seu curso superior, que nas grandes cheias recebe, através de ¨corixos¨- canais que ligam as águas de baías, lagoas e alagados com rios próximos – as águas que transbordam do Rio Aquidauana. Toda a margem esquerda do curso do Rio Negro, nesse Pantanal, está inserida nessa planície, que se constitui em uma área brejosa durante vários meses do ano. Comporta solos do tipo Vertissolo e uma estreita faixa de Areias Quartzosas Hidromórficas.

Pantanal do Baixo Taquari-Paraguai

O rio Taquari apresenta ampla faixa de depósitos aluviais que se alarga na jusante como um delta e de onde se estende para norte, delineando estreita faixa aluvial. Em todo o trecho cortado pelo rio Taquari, o referido Pantanal corresponde à planície de inundação desse rio e apresenta numerosos canais de cheias, que contribuem para a inundação da área.

A estreita faixa aluvial que margeia o rio Paraguai corresponde a espraiamentos aluviais antigos associados à margem direita do Rio Taquari. São terrenos que permanecem alagados por um longo período do ano. Na estiagem, ocorrem eventualmente emersão de ilhas coalescentes. Nessa época, os solos hidromórficos, Glei Pouco Húmicos, favorecem o desenvolvimento de gramíneas.

Pantanal do Aquidauana-Miranda

Entre os Rios Paraguai e Nabileque (a ocidente) e o Rio Taboco (a oriente), o referido Pantanal limita-se a norte com o Pantanal do Negro-Miranda. A sul é balizado pela Depressão do Miranda e pelas Planícies Coluviais Pré-Pantanais.

O setor oriental tem um alagamento periódico, pela junção das águas dos Rios Negro e Taboco, que é aumentado pelas águas do Aquidauana. A ligação entre as ¨baías¨, em período de estiagem, é feita através da água de subsolo.

Na parte central e ocidental, as aluviões da margem direita do Rio Miranda e as aluviões da margem esquerda do Rio Aquidauana se expandem para a zona interposta entre eles, ocasionando, a norte, uma coalescência de sedimentos aluviais, carreados pelos ¨corixos¨, em demanda do rio principal.

Esse Pantanal é caracterizado como área de transição, porque além de representar um alagamento mediano, tem uma grande variedade botânica, correspondente a biomas diversos.

Pantanal do Castelo-Mangabal

Situado a sul do Pantanal de Paiaguás, recebe a presente denominação porque as vazantes Castelo e Mangabal cortam a área e vertem para o Rio Negro.

Apresenta um grande número de ¨baías¨ que têm suprimento de água apenas em determinados períodos do ano, o que leva a supor que muitas delas estejam associadas a ambientes de amplas vazantes, o que condicionaria seu regime hídrico.

Pantanal do Corixão-Piúva-Viveirinho
Paisagem do Pantanal do Corixão-Piúva-Viveirinho. Fonte: Instituto Agwa.
Pantanal do Corixão-Piúva-Viveirinho. Fonte: Instituto Agwa.

Na margem direita do rio, ao lado do ¨delta¨ do Rio Taquari (Pantanal do Baixo Taquari-Paraguai), distingue-se uma área de mediano alagamento, que se amplia para sudoeste e se prolonga para norte até o Pantanal de Uberaba-Mandioré. Trata-se do Pantanal do Corixão-Piúva-Viveirinho, que corresponde a espraiamentos aluviais antigos, atualmente recobertos por sedimentos mais recentes (areias, silte e argilas).

Apresenta grande número de canais intermitentes, com padrão de drenagem anastomosado, ou seja, padrão de drenagem em que o rio corre por vários canais e se une mais adiante com os mesmos ou com outros canais, formando um complexo e variável sistema fluvial, com várias ilhas em seu percurso.

Contém, ainda, um grande número de ¨baías¨ que se apresentam desprovidas de água no período de estiagem. Predominam os solos Planossolos eutróficos, e os solos Podzol Hidromórficos.

Pantanal da Baía Vermelha-Tuiuiú

O referido Pantanal corresponde a duas áreas de espraiamentos aluviais do Rio Paraguai, as quais são inundáveis por drenos intermitentes e por precipitações locais. Esses espraiamentos aluviais funcionam, via de regra, como planície de inundação atual dos sistemas Paraguai-Baia Vermelha e Paraguai-Lagoa de Cáceres.

O setor setentrional margeia a Serra do Bonfim e apresenta solos Hidromórficos Glei Pouco Húmicos. O setor meridional, situado nos limites com o território boliviano, apresenta Vertissolos com encrave Savana/Savana Estépica, que registra o limite setentrional dessa formação.

Pantanal do Apa-Amonguijá-Aquidabã

Corresponde aos espraiamentos aluviais marcados por fraca inundação, vinculados às cheias dos Rios Paraguai e Nabileque e de seus afluentes Apa, Amonguijá e Aquidabã.

Os derrames aluviais que ocorrem nas áreas interpostas entre os rios principais e seus afluentes, juntam-se com os derrames aluviais nas zonas das planícies de inundação típicas dos Rios Paraguai, Nabileque e Apa. O escoamento nas referidas áreas interfluviais é realizado através de inúmeros canais e leitos temporários.

Pantanal do Rio Verde

Corresponde a espraiamentos aluviais de variadas direções ligadas aos sistemas da Lagoa de Jacadigo-Rio Verde. Trata-se de uma área embaciada, com alagamento temporário intermediário. Apresenta diversos canais de entrada de água e carga de sedimentos e estreitamente ligados ao conjunto de morrarias vizinhas.

As chuvas locais, as cheias do Rio Verde, o transbordamento da Lagoa de Jacadigo e a contribuição de águas vindas das baixadas de algumas morrarias circundantes formam o complexo quadro de entrada de água que colaboram para o alagamento da área.

Pantanal do Jacadigo-Nabileque
Paisagem do Pantanal do Jacadigo-Nabileque. Fonte: Avifauna do Pantanal de Nabileque.
Pantanal do Jacadigo-Nabileque. Fonte: Avifauna do Pantanal de Nabileque.

No extremo oeste do Estado, contornando o Maciço de Urucum e as zonas pediplanadas que o envolvem, encontra-se o Pantanal do Nabileque-Jacadigo. A pequena declividade, decorrente das altimetrias inexpressivas, com cotas em torno de 85 metros, possibilita um forte encharcamento da área. Planícies fluviais e espraiamentos aluviais dos rios Paraguai e Nabileque caracterizam a unidade.

A partir do Forte Coimbra, em direção sul, começam a definir-se elementos fisionômicos típicos das regiões chaquenhas, que se alternam às espécies comuns do complexo pantaneiro.

Maria Beatriz Ayello Leite
Redação Ambientebrasil