O Brasil, apesar de ser um dos maiores produtores de palmito nativo do mundo, não se encontra entre os países que mais exportam esse produto. O modo de exploração ainda é, em sua maioria, extrativista. Atualmente, a pupunha (Bactris gasipaes) e o açaí (Euterpe oleraceae) – palmeiras nativas da Floresta Amazônica, a juçara (Euterpe edulis) – que ocorre na Floresta Ombrófila Densa (Floresta Atlântica) de Terra Baixas e Floresta Estacional Semidecidual Submontana, e a palmeira real (Archontophoenix spp) – nativa da Austrália, são as espécies com maior importância sócio-econômica e ambiental, pois apresentam potencial produtivo e baixo custo de produção de mudas. Outras espécies como a Euterpe precatoria, com ocorrência natural apenas nas florestas da Amazônia Ocidental brasileira, a Euterpe espiritosantensis, espécie nativa do Espírito Santo e a Syagrus oleracea, com ocorrência natural na região Central do Brasil, Nordeste e Sudeste, vulgarmente conhecida como guariroba, também ocupam espaço significativo na alimentação de suas respectivas regiões.
Dentre as espécies produtoras de palmito, destaca-se a pupunha, que apresenta várias características importantes em relação a outras espécies como perfilhamento, precocidade, extenso sistema radicular superficial, rusticidade e vigor. O perfilhamento, capacidade da planta em formar novos filhos a partir do corte da planta-mãe, é a característica mais importante para a produção de palmito. Essa característica, além de dispensar novos plantios, aumenta a produção de palmito diluindo, dessa forma, os custos de implantação da cultura. Das espécies anteriormente mencionadas, a pupunha e o açaí são as únicas que perfilham. Do ponto de vista econômico, outra característica que interessa ao produtor de palmito é a precocidade. Neste sentido, a pupunha é uma espécie que, quando bem manejada, entra em corte para produção de palmito aos 18 meses de idade.
O palmito é uma folha modificada e subdivide-se em três partes: o palmito da base (utilizado como picadinho envasado); o palmito central (ou de primeira ou palmito-creme) e o palmito da ponta ou folhas tenras. O sabor das diferentes espécies varia de doce a amargo; a cor varia de branca a amarela e a textura do tenro ao fibroso. O preço atual é atraente aos produtores, sendo que, na culinária, o palmito tem as mais diferentes utilizações como tortas, cremes, aperitivos, acompanhamento para churrasco, dentre outras.
A consolidação do agronegócio palmito implica na disponibilização de um pacote tecnológico que inclua, em sua cadeia produtiva, tecnologias para promover transformações desde o cultivo e pós-colheita até a comercialização. Preocupada com este aspecto, a Embrapa Florestas coordena, desde o ano 2000, o Projeto de Pupunha para Palmito no Estado do Paraná. Este projeto é conduzido em parceria com a Universidade Estadual de Maringá, Fundação da Universidade Federal do Paraná para o Desenvolvimento da Ciência, da Tecnologia e da Cultura (Funpar), Universidade Estadual de Ponta Grossa, EMATER-PR e Instituto Agronômico do Paraná, envolvendo mais de trinta pesquisadores de diferentes áreas. Estão sendo conduzidas pesquisas que visam indicar a melhor densidade de plantas por unidade de área de plantio, recomendações para adubação, controle de ervas invasoras, manejo de perfilhos, etc. Também são contempladas ações que visam ao melhoramento genético da espécie, conservação de germoplasma, propagação vegetativa, mercado, zoneamento edafoclimático e processamento do palmito, tanto in natura como minimamente processado. A partir deste Projeto, foram iniciados estudos com a palmeira-real.
Espera-se que os resultados obtidos pelo projeto permitam contribuir para a definição de sistemas de produção da cultura, disponibilizar no mercado sementes melhoradas, subsidiar programas de governo, normatizar a produção de sementes, mudas e produtos produzidos a partir do palmito e, finalmente, incentivar os governos municipais, estaduais e federal a abrir linhas de crédito e fomento aos pequenos e médios produtores de palmito. Esses procedimentos permitirão que a produção nacional de palmito alie qualidade à produtividade, tornando o Brasil mais competitivo no mercado internacional.
Álvaro Figueredo dos Santos – Antonio Nascim Kalil Filho – Edinelson José Maciel Neves
Pesquisadores da Embrapa Florestas