Desenvolvimento Sustentável na Amazônia

A Amazônia, como floresta tropical, apresenta-se como um ecossistema extremamente complexo e delicado. Todos os elementos (clima, solo, fauna e flora) estão tão estreitamente relacionados que não se pode considerar nenhum deles como principal. Durante muito tempo, atribuiu-se à Amazônia o papel de “pulmão do mundo”. Hoje, sabe-se que a quantidade de oxigênio que a floresta produz durante o dia, pelo processo da fotossíntese, é consumida à noite. Mas, devido às alterações climáticas que causa no planeta, a  Floresta Amazônica vem sendo chamada como o condicionador de ar do mundo”. A importância da Amazônia para a humanidade não reside apenas no papel que desempenha para o equilíbrio ecológico mundial. A região é o berço de inúmeros povos indígenas e constitui-se numa riquíssima fonte de matéria-prima (alimentares, florestais, medicinais, energéticas e minerais).

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A biomassa e a produtividade bruta primária vêm despertando interesses. Tratam-se de recursos naturais que geram riquezas e propiciam o desenvolvimento sócio-econômico da região. As reservas extrativistas constituem-se em uma alternativa interessante para a região, pois estimulam a utilização dos recursos naturais renováveis, conciliando o desenvolvimento social e a conservação. Estas reservas, que são protegidas pelo poder público, destinam-se à auto-sustentação e, como já dito, à conservação dos recursos naturais renováveis. Trabalham nas reservas populações tradicionalmente extrativistas, regulados por contratos de concessão real de uso.

Nenhuma região deve ser privada da exploração dos próprios recursos naturais. A exploração deve ser de uma forma sustentável, que não comprometa o equilíbrio ecológico. O desenvolvimento sustentável exige planejamento de longo prazo e a conscientização por parte da sociedade de que os recursos naturais não são inesgotáveis e de que as decisões que podem afetar a coletividade devem ser tomadas de forma ampla e participativa.

Fábrica no meio da floresta.

“Agregar valor ao produto” é a palavra de ordem em várias regiões da Amazônia. Ela tem um significado muito claro para muitas nações indígenas e comunidades tradicionais; fazer com que seus produtos sejam beneficiados no próprio local e vendidos por um valor significativamente maior, em vez de entregá-los para intermediários (Galileu. Junho 2000).

No Amapá, às margens do Rio Iratapuru, um afluente do Rio Jari, há uma comunidade de 37 famílias de castanheiros que passaram a produzir artesanalmente biscoitos de castanha. Eles costumam ser aproveitados na merenda escolar de rede de ensino do Estado. Esse processo acrescenta pelo menos 200 reais à renda mensal dessas famílias. Com seus próprios recursos e do PP-G7 (fundo dos países do G7), o governo do Estado implantou uma pequena fábrica de biscoitos. Já construída, mas prevista para operar a partir de julho, essa fábrica deverá produzir também óleo de castanha, que já vem sendo vendido em Macapá e na França (Governador João Alberto Capiberibe – PSB) (Galileu. Junho 2000).

A cidade paraense de Ananindeua, perto de Belém, acionou pela primeira vez, em abril deste ano, a sirene de uma fábrica, a Poematec, destinada a processar fibra de coco para produzir estofamentos de veículos. A empresa começa a operar sabendo quais são seus fornecedores e clientes. Ela receberá fibras de coco beneficiadas já nos próprios locais de coleta, nas cercanias de Belém e na Ilha de Marajó. E venderá estofados para a Daimler-Chrysler, na região do ABC paulista. Além de mais duráveis e mais confortáveis que os estofados de poliuretano, os assentos de fibra de coco também são mais resistentes à ação de fungos e outros microorganismos – Laércio Valezi, gerente de infra-estrutura da Daimler-Chrysler do Brasil. O projeto é resultado de uma parceria que começou logo depois da Eco-92, no Rio de Janeiro. Interesada em apoiar projetos ambientais com efeitos sociais, a empresa alemã encarregou sua filial brasileira de pesquisar oportunidades aqui no país. Depois de muitos estudos, a empresa organizou uma parceria com a Universidade Federal do Pará, Governo do Pará, Banco da Amazônia e Comunidade Européia. As comunidades receberam água, saneamento, escola e também instalações para beneficiar a matéria-prima, aproveitando todos os resíduos. Iniciativas como estas são importantes para promover o desenvolvimento sustentável da Região Norte, que tem os mais elevados índices de crescimento populacional do país. Nela vivem cerca de 12.8 milhões de pessoas, o que corresponde a 7.6% da população brasileira. A Amazônia Legal abrange também o norte de Mato Grosso e o oeste do Maranhão (Galileu. Junho 2000).

Da redação do Ambiente Brasil