Rio Negro e Encontro das Águas

Nas proximidades de Manaus, o rio Negro encontra-se com o rio Solimões, formando o Encontro das águas, onde as águas barrentas do Solimões não se misturam com as águas do Rio Negro. Depois da união dos dois rios, passam a receber o nome de “Rio Amazonas”, em território brasileiro.

A cor escura das águas do rio Negro, que contrasta com a limpidez de seu principal afluente, o Branco, e com o barrento Solimões, deve-se principalmente a sua transparência e à pequena quantidade de argilas em suspensão. A cidade de Manaus, capital do estado do Amazonas, é banhada por este rio.

Por que as águas dos rios Negro e Solimões não se misturam?

As águas não se misturam porque as características de cada um dos rios são distintas, em especial os parâmetros de:

  • Velocidade;
  • Temperatura;
  • Composição química.

A grande relevância do rio Negro

O rio Negro é o principal afluente do Amazonas, que irriga três países da América do Sul e percorre cerca de 1.700km.

Com o nome de Guainía, nasce no leste da Colômbia, corre na direção nordeste e depois sul, formando a fronteira entre Colômbia e Venezuela. Depois da junção com o Cassiquiare, recebe o nome de rio Negro.

Entra no território brasileiro no estado do Amazonas e segue a direção geral sudeste, banhando, entre outras, as localidades de Içana, Barcelos, Carvoeiro e Airão. Próximo a Manaus, que se ergue em sua margem esquerda, forma um estuário de cerca de seis quilômetros de largura no encontro com o Solimões, daí em diante chamado Amazonas.

Condições de navegabilidade

O rio Negro é navegável por 720 km acima de sua foz e pode chegar a ter um mínimo de 1 metro de água em tempo de seca, mas há muitos bancos de areia e outras dificuldades menores. Na estação das chuvas, transborda, inundando as regiões ribeirinhas em distâncias que vão de 32 km até 640 km.

Amanhecer no estado do Amazonas, características do rio Negro.
Amanhecer no estado do Amazonas.

O rio Negro e os Andes

Todo ano, com o degelo nos Andes, e a estação das chuvas na região Amazônica, o nível do rio sobe vários metros, alcançando sua máxima entre os meses de Junho e Julho. O pico coincide com o “verão amazônico”, e portanto, o nível do rio começa a baixar até meados de novembro, quando novamente inicia o ciclo da cheia.

Em Manaus, a máxima do rio Negro vem sendo registrado a mais de cem anos, e há um quadro no Porto de Manaus com todos os registros históricos, inclusive o da maior cheia de todos os tempos ocorrido em 1 de julho de 2009, alcançando a cota máxima de 29,77 metros acima do nível do mar.

Todos os rios da Bacia Amazônica sofrem o mesmo fenômeno de subidas e baixas em seus níveis, comandados pelos dois maiores rios: rio Negro e rio Solimões (que ao se encontrarem abaixo da cidade de Manaus, formam o rio Amazonas).

Afluentes do rio Negro

O rio Negro recebe um grande número de afluentes, sendo os principais da margem esquerda os seguintes:

  • Padauri;
  • Demeni;
  • Jaçari;
  • Branco;
  • Jauaperi;
  • Camamanau.

No território da Venezuela, um pequeno afluente da margem esquerda do rio Negro, o Siapa, comunica-se com o rio Orenoco pelo canal de Cassiquiare e liga as bacias hidrográficas do Amazonas e do Orenoco.

Igualmente relevante, os principais afluentes da margem direita são:

  • Içana;
  • Uaupés; 
  • Curicuriati; 
  • Caurés;
  • Unini;
  • Jaú.

A importância do encontro das águas

O encontro das águas é um fenômeno espetacular, que cria um ecossistema único na região, sendo de vital importância para:

  • Turismo: O rio é uma das grandes atrações turísticas da região;
  • Economia: É um dos principais recursos para o desenvolvimento das atividades econômicas;
  • Mobilidade: Amplamente utilizado como meio de transporte para os seus habitantes.

Características do rio Negro

  • Elevado grau de acidez, com pH 3,8 a 4,9 devido à grande quantidade de ácidos orgânicos provenientes da decomposição da vegetação;
  • Coloração escura (parecida com a do chá preto), graças ao seu grau de acidez;
  • Visibilidade varia entre 1,50 e 2,50 metros;
  • Baixo pH faz com que os insetos não se proliferem e quase não há mosquitos na região e, por isso, é conhecido como o “rio da fome”;
  • Velocidade: 2 a 3 km/h;
  • Temperatura: 25 a 26ºC.

Maria Beatriz Ayello Leite
Redação Ambientebrasil