Relações Ecológicas entre Seres Vivos

As relações ecológicas são interações que ocorrem entre os seres vivos em determinado ambiente. Uma vez que o meio natural é interconectado, esses mecanismos auxiliam no equilíbrio e manutenção ecológica.

Quais os tipos de relações ecológicas?

Podemos classificar as relações entre os seres vivos inicialmente em dois grupos:

  • As intraespecíficas, que ocorrem entre seres da mesma espécie;
  • As interespecíficas, entre seres de espécies diferentes.

É comum também, diferenciar as relações em harmônicas e desarmônicas. Nas harmônicas não há prejuízo para nenhuma das partes associadas, e nas desarmônicas há.

Relações Intraespecíficas Harmônicas

Colônias
  • Características: Agrupamento de indivíduos da mesma espécie que revelam um grau de interdependência e se mostram ligados uns aos outros, sendo impossível a vida quando isolados do conjunto, podendo ou não ocorrer divisão do trabalho.
  • Exemplos: As cracas, os corais e as esponjas vivem sempre em colônias.
Sociedades
  • Características: São agrupamentos de indivíduos da mesma espécie que têm plena capacidade de vida isolada mas preferem viver na coletividade. Os indivíduos de uma sociedade têm independência física uns dos outros. Pode ocorrer um certo grau de diferenciação de formas entre eles e de divisão de trabalho, com alguns insetos denominados sociais (que formam sociedade). A comunicação é feita através dos feromônios – substâncias químicas que servem para essa função. Os feromônios são usados na demarcação de territórios, atração sexual, transmissão de alarme, localização de alimento e organização social.
  • Exemplos: As formigas, as abelhas e os cupins.
Exemplo de relações ecológicas em sociedade entre as formigas.
Exemplo de relações ecológicas em sociedade entre as formigas.

Relações Intraespecíficas Desarmônicas

Canibalismo
  • Características: Canibal é o indivíduo que mata e come outro da mesma espécie.
  • Exemplos: Ocorre com escorpiões, aranhas, peixes, planárias, roedores, etc. Na espécie humana, quando existe, recebe o nome de antropofagia (do grego anthropos, homem; phagein, comer).

Relações Interespecíficas Harmônicas

Comensalismo
  • Características: Este tipo de relação ecológica é uma associação em que uma das espécies – a comensal – é beneficiada, sem causar benefício ou prejuízo ao outro (não-comensal).
  • Exemplos: A rêmora é um peixe dotado de ventosa com a qual se prende ao ventre dos tubarões, aproveita os restos alimentares que caem na boca do seu grande “anfitrião”. A Entamoeba coli é um protozoário comensal que vive no intestino humano, onde se nutre dos restos da digestão.
Inquilinismo
  • Características: É a associação em que apenas uma espécie (inquilino) se beneficia, procurando abrigo ou suporte no corpo de outra espécie (hospedeiro), sem prejudicá-lo. Trata-se de uma associação semelhante ao comensalismo, não envolvendo alimento.
  • Exemplos: Peixe-agulha e holotúria, o peixe-agulha apresenta um corpo fino e alongado e se protege contra a ação de predadores abrigando-se no interior das holotúrias (pepinos-do-mar), sem prejudicá-los. As epífitas (epi, em cima) são plantas que crescem sobre outras plantas sem parasitá-las, usando-as apenas como suporte. Ex.: as orquídeas e as bromélias.
Exemplo de relações ecológicas de inquilinismo entre as bromélias e outras plantas.
Exemplo de relações ecológicas de inquilinismo entre as bromélias e outras plantas.
Mutualismo

Existem tipos diferentes de mutualismo, de acordo com o grau de dependência e objetivo da interação entre as espécies que utilizam este tipo de relação ecológica:

Mutualismo facultativo

  • Características: Também denominado de protocooperação, é uma associação na qual duas espécies envolvidas são beneficiadas pela relação ecológica, porém não são dependentes uma da outra, podendo sair desta interação a qualquer momento.
  • Exemplos: Os pássaros que se alimentam de carrapatos em rinocerontes, girafas e cavalos, aliviando o desconforto destes animais e simultaneamente se alimentando.

Mutualismo obrigatório

  • Características: Associação harmônica entres duas espécies diferentes, que dependem da interação para sobreviverem.
  • Exemplos: Relação dos cupins com protozoários, no qual os protozoários vivem no intestino do cupim e digerem a celulose que de outra forma não seria possível.

Mutualismo trófico

  • Características: Relação em que as espécies fornecem determinados nutrientes uns aos outros.
  • Exemplos: As bactérias do gênero Rhizobium com raízes de plantas leguminosas, estas bactérias conseguem disponibilizar o nitrogênio do solo para nutrição das plantas, e em troca as plantas fornecem nutrientes obtidos na fotossíntese para as bactérias.

Mutualismo defensivo

  • Características: Interação em que uma espécie promove a defesa e em troca a outra recebe alimento.
  • Exemplos: A relação entre as formigas e as plantas acácias, no qual a planta fornece alimento e possui espinho que protege as formigas de predadores e em troca as formigas protegem as acácias livrando-as de fungos e possíveis herbívoros.

Mutualismo dispersivo

  • Características: Relação ecológica no qual as aves buscam alimento em plantas e em troca dispersam seu pólen.
  • Exemplos: As abelhas que se alimentam do néctar das flores e em troca levam o pólen para outras plantas, aumentando a capacidade de dispersão desta plantas em áreas maiores.
Esclavagismo ou sinfilia
  • Características: É uma associação em que uma das espécies se beneficia com as atividades de outra espécie.
  • Exemplos: Os pulgões do gênero Aphis, habitam formigueiros e são beneficiados pela facilidade de encontrar alimentos e até mesmo pelos bons tratos a eles dispensados pelas formigas (transporte, proteção, etc). Essa associação é considerada harmônica e um caso especial de protocooperação por muitos autores, pois a união não é obrigatória à sobrevivência.

Relações Interespecíficas Desarmônicas

Amensalismo ou Antibiose
  • Características: Relação na qual uma espécie bloqueia o crescimento ou a reprodução de outra espécie, denominada amensal, através da liberação de substâncias tóxicas. É a relação em que um dos seres é prejudicado sem que disso resulte benefícios para o outro.
  • Exemplos: Os fungos Penicillium notatum eliminam a penicilina, antibiótico que impede que as bactérias se reproduzam. Desta forma, as substâncias secretadas por dinoflagelados Gonyaulax, responsáveis pelo fenômeno “maré vermelha”, podem determinar a morte da fauna marinha. A secreção e eliminação de substâncias tóxicas pelas raízes de certas plantas impede o crescimento de outras espécies no local.
Parasitismo
  • Características: O parasitismo é caracterizado pela espécie que se instala no corpo de outra, retirando matéria para a sua nutrição e causando-lhe, em consequência, danos cuja gravidade pode ser muito variável, desde pequenos distúrbios até a própria morte do indivíduo parasitado. É uma associação obrigatória para o parasita. De um modo geral, a morte do hospedeiro não é conveniente ao parasita, mas muitas vezes ela ocorre.
  • Exemplos: Algumas plantas, como as ervas-de-passarinho, cipó-chumbo.
Predatismo
  • Características: O predatismo é o ato de um animal capturar outro para alimentar-se. O predador e a presa pertencem a espécies diferentes. Os predadores são geralmente maiores e menos numerosos que suas presas, sendo exemplificados pelos animais carnívoros. As duas populações – de predadores e presas – geralmente não se extinguem e nem entram em superpopulação, permanecendo em equilíbrio no ecossistema. Para a espécie humana, o predatismo, como fator limitante do crescimento populacional, tem efeito praticamente nulo.
  • Exemplos: Leões caçando zebras para sua alimentação.
Exemplo de relações ecológicas de predatismo entre os leões e gnus.
Exemplo de relações ecológicas de predatismo entre os leões e gnus.

Algumas espécies desenvolveram adaptações para se defenderem do predatismo:

Mimetismo
  • Características: É uma forma de adaptação que muitas espécies se tornam semelhantes a outras, obtendo algumas vantagens.
  • Exemplos: A cobra falsa-coral é confundida com a coral-verdadeira, muito temida, e, graças a isso, não é importunada pela maioria das outras espécies.
Camuflagem
  • Características: É uma forma de adaptação morfológica pela qual uma espécie procura confundir suas vítimas ou seus agressores revelando cor(es) e/ou forma(s) semelhante(s) a coisas do ambiente.
  • Exemplos: O louva-a-deus, que é um poderoso predador, se assemelha a folhas; o bicho-pau assemelha-se a galhos, confundindo seus predadores.
Aposematismo
  • Características: Trata-se de espécies que exibem cores de advertência, cores vivas e marcantes para afastar seus possíveis predadores, que já a reconhecem pelo gosto desagradável ou pelos venenos que possui.
  • Exemplos: Muitas rãs apresentam cores vivas que indicam veneno ou gosto ruim.

Qual a importância das relações ecológicas que ocorrem entre os seres vivos para o ecossistema?

As relações ecológicas são um conjunto de interações entre espécies e entre o próprio ecossistema, que estabelecem condições dos seres vivos obterem alimento, água, abrigo, reprodução e luz. Sendo assim, elas permitem a manutenção do equilíbrio do meio e a troca de energia entre as espécies.

Maria Beatriz Ayello Leite
Redação Ambientebrasil