Seqüestro de Carbono na Amazônia e o Zee

A Amazônia ocupa área de 6 países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela. Como Floresta tropical, apresenta-se como um ecossistema extremamente complexo e delicado, sendo que clima, solo, fauna e flora estão estreitamente relacionados. A região é o centro de inúmeros povos indígenas e constitui-se numa riquíssima fonte de matéria-prima (alimentar, florestal, medicinal, energética e mineral).

Para controlar a grande degradação das florestas e promover o desenvolvimento sustentável, o ZEE – Zoneamento Econômico Ecológico do Amazonas está em fase de coleta de dados no sul e no sudeste do estado, em uma área de 200 mil km2 priorizadas nessa primeira etapa do projeto, devido aos conflitos com o avanço das atividades agropecuária e madeireira.

Por meio do ZEE, será possível conhecer a real potencialidade dos recursos naturais do estado e suas vocações; as áreas onde a agropecuária pode avançar sem prejuízo ao meio ambiente; as regiões com potencial agrícola e aquelas que devem ser mantidas intactas; a biodiversidade estadual; entre outras informações prioritárias para a economia e a ecologia do Amazonas.

O ZEE está sendo manipulado para funcionar como um instrumento de planejamento e gestão territorial, e terá o objetivo de contribuir para a ocupação e o ordenamento do estado, levando em consideração o crescimento econômico das diferentes regiões com base em programas de desenvolvimento sustentável.

Os recursos renováveis estão cada vez mais ameaçados pela grande degradação de solos e rios, principalmente com as queimadas e a exploração desordenada das florestas. Uma correta exploração madeireira pode reduzir a probabilidade de incêndios mantendo a mesma quantidade de madeira que é extraída na exploração sem planejamento, pois as técnicas especiais de exploração de baixo impacto evitam a criação de grandes clareiras, isto é, áreas mais suscetíveis a incêndios.

As Reservas Extrativistas, que fazem parte do Sistema de Unidades de Conservação, são espaços territoriais destinados à exploração auto-sustentável e à conservação dos recursos naturais renováveis pela população extrativista. Em tais áreas, é possível materializar o desenvolvimento sustentável, equilibrando interesses ecológicos de conservação ambiental com interesses sociais de melhoria de vida das populações que nelas habitam.

A exploração das riquezas e a ocupação desordenada colocam em risco a própria sobrevivência da floresta. Por isso, fez-se necessária a criação de verdadeiras ilhas ecológicas onde se busca manter regiões intactas, longe da ação destruidora do homem.

Em síntese, o Zoneamento Econômico e Ecológico (ZEE) pode ser resumido como um importante instrumento estratégico de planejamento regional e gestão territorial, cujo objetivo é contribuir para a implementação prática do desenvolvimento sustentável. 

Ele envolve a realização de estudos sobre sistemas ambientais, potencialidades e limitações para uso sustentável de seus recursos naturais e as relações entre a sociedade e o meio ambiente, como subsídio para negociações democráticas entre o governo, o setor privado e a sociedade civil sobre estratégias alternativas  de desenvolvimento regional.

Desta maneira será possível manter populações tradicionais em reservas extrativistas, oferecendo-lhes  condições de vida dignas e renda assegurada, através de atividades que mantenham o equilíbrio dos ecossistemas regionais e que agreguem valor considerável às matérias primas naturais.

Na Conferência de Kyoto, em 1997, por iniciativa da delegação brasileira, foi criado um instrumento denominado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), pelo qual os países industrializados poderão investir em projetos de países em desenvolvimento que promovam, por exemplo, o seqüestro de carbono da atmosfera, contabilizando tal fato como uma redução líquida de suas emissões.

Isso inclui desde projetos de reflorestamentos de áreas degradadas em florestas tropicais (plantas em crescimento removem carbono da atmosfera, transformando-o em biomassa vegetal) até a substituição de usinas termelétricas para as de gás natural, que emitem uma quantidade menor de carbono .

Com este mecanismo, através de projetos de redução e fixação de carbono, poderão ser emitidos certificados de redução de emisão que serão transformados em bônus ou títulos negociáveis. Em países com altos níveis de emissão de CO2, as empresas destes países poderão negociar com as empresas de países com baixos níveis de emissão. Estas empresas estão localizadas na Europa, nos Estados Unidos e no Japão.

As plantas fixam a maior parte do volume de carbono que circula na natureza. Por isso, as atividades de plantio têm o maior potencial para fixar este elemento, tanto em maior quantidade quanto por mais tempo.

Os reflorestamentos, além de contribuírem com o seqüestro de carbono, geram subprodutos, como frutos, sementes, folhas e seivas, utilizados para subsistência e atividade comercial. O Brasil é o país no mundo com o maior potencial de implementação de projetos de reflorestamento, devido às suas condições climáticas e de solo.

Diversas variedades e tipos de espécies de madeira podem servir para o reflorestamento, como as seringueiras, no Estado de São Paulo e na região Amazônica, gerando como subproduto a borracha natural. Além disso, outros projetos com plantas odoríferas da Amazônia são viáveis, produzindo a matéria-prima para perfumes.

O eucalipto, que, devido às boas condições climáticas do Brasil, apresenta rápido desenvolvimento e uma maior e mais rápida captação e fixação de gás carbônico, também é um exemplo das possibilidades do projeto.

Dentro de poucos anos, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo será uma importante fonte de capital de investimento. O Brasil é o país com maior potencial de implementação de projetos devido à quantidade e à qualidade da florestas. E, em se tratando de “Seqüestro de Carbono”, os reflorestamentos serão alvo de maior interesse, mostrando eficiência na captação e fixação de gás carbônico.

Visando o desenvolvimento sustentável, projetos do MDL beneficiarão tanto o meio ambiente como a população e a economia. 

Ambiente Brasil