Amanita Muscaria – Amanita sp

A Amanita muscaria é encontrado em bosques de Pinus sp., este fungo pertencente à família Amanitaceae (Basidiomycotina, Agaricales), que vive em associação micorrízica (ectomicorriza) com várias coníferas, inclusive do gênero Pinus. Embora de aparência inocente e aspecto apetitoso, quando ingerido pelo homem ou animais domésticos este cogumelo é tóxico. Dependendo da quantidade ingerida é capaz de induzir alterações no sistema nervoso, levando a alteração da percepção da realidade, descoordenação motora, alucinações, crises de euforia ou depressão intensa. Espasmos musculares, movimentos compulsivos, transpiração, salivação, lacrimejamento, tontura e vômitos são também sintomas referidos na literatura.

Esse cogumelo, originário do Hemisfério Norte, é bastante conhecido na Europa e na América do Norte. No Brasil, foi constatado pela primeira vez na região metropolitana em Curitiba – PR pelo botânico A. Cervi, da Universidade Federal do Paraná, em 1982. Nessa ocasião, a introdução desse cogumelo no Brasil foi atribuída a importação de sementes de Pinus de regiões onde ele é nativo. Os esporos do fungo teriam sido trazidos em mistura com as sementes importadas. Posteriormente, o cogumelo foi também encontrado no Rio Grande do Sul e, mais recentemente (1984) em São Paulo na região de Itararé, em associação micorrízica com Pinus pseudostrobus.

Algumas espécies de Amanita são comestíveis – A. cesarea (Fr.) Mlady, A. ovoidea (Bull.:Fr.) Quil., A. valens Gilbert., A. giberti Beaus. etc. – mas o gênero é notório pelos seus representantes venenosos, sendo alguns mortais. Entretanto, segundo alguns autores, 90 a 95% das mortes ocorridas na Europa como resultado de micetismo — nome dado ao envenenamento por cogumelos — foram atribuídos a uma única espécie de Amanita, ou seja, A. phalloides (Vaill.:Fr.) Link, espécie conhecida popularmente como “taça da morte” (death cup) ou ainda por “taça verde da morte” (Green death cup).

Esta espécie possui um píleo ou “chapéu” de coloração verde oliva, com cerca de 12 cm de diâmetro e 10 a 15 cm de altura no estipe. O problema de envenenamento com A. phalloides é que, por vezes, isento de cor e volva pouco definida, este cogumelo pode ser facilmente confundido com Amanita mappa (Batsch) Pers. ou mesmo com Agaricus campestris, L. selvagens, que são espécies saborosas que não apresentam princípios tóxicos. As espécies venenosas de Amanita contêm compostos ciclopeptídicos conhecidos como amatoxinas e phallotoxinas, altamente tóxicos e mortais, para os quais inexistem antídotos eficientes.

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A maioria dos fungos Amanita não possui qualquer sabor especial que os identifique e suas toxinas têm um período latente para manifestação bastante longo, permitindo sua completa absorção pelo organismo antes de que qualquer medida de tratamento ou desintoxicação tenha sido adotada. As toxinas atuam, predominantemente, no fígado e a morte, no caso dos Amanitas contendo princípios letais, ocorre por coma hepático, sem que haja terapêutica específica.

Além de A. phalloides, A. virosa e A. pantherina (DC.) Secr., que são tóxicos, A. verna (Bull.) Pers. é o grande responsável nos Estados Unidos pelas mortes por intoxicação que ocorrem no país.

Cogumelos frescos contêm o ácido ibotêmico, que tem efeito sobre o sistema nervoso, sendo os cogumelos secos muito mais potentes. Isso ocorre porque o ácido ibotêmico, com a secagem, é degradado em mucinol, após descarboxilação, sendo 5 a 10 vezes mais psicoativo. Cogumelos secos são capazes de manter sua potência por 5 a 11 anos. Poucas mortes foram, até hoje, relacionadas com esse tipo de envenenamento e 10 ou mais cogumelos podem constituir-se em uma dose fatal. Na maioria dos casos o melhor tratamento é o não-tratamento, pois a recuperação é espontânea e completada em 24 horas. Dizem os relatos que pessoas sob os efeitos dos princípios ativos do cogumelo escarlate mosqueado tornam-se hiperativos, fazendo movimentos compulsivos e descoordenados, falando sem parar e com a percepção de realidade totalmente alterada. Ocasionalmente, a experiência pode tornar-se altamente depressiva. A.muscaria parece conter uma ou mais substâncias que afetam especialmente o sistema nervoso central.

A. muscaria apresenta a vantagem de que seu princípio ativo é excretado intacto pela urina, podendo ser reciclado e utilizado outra vez por homens e mulheres em banquetes orgíacos. O cogumelo de “chapéu”, A.muscaria jamais causou a morte de pessoas saudáveis. Usualmente, de uma a três horas depois de sua ingestão, há um período de delírio e alucinações, por vezes acompanhado de certas perturbações gastrointestinais. Após algumas horas desse estado de excitação psíquica, advém um intenso estupor e o indivíduo acorda sem se lembrar de coisa alguma do que se passou.

Essa variação da opinião de tantos autores deve-se, provavelmente, a que as substâncias intoxicantes, que situam-se principalmente na camada superficial do píleo, variam consideravelmente em suas quantidades de acordo com a região e as condições nas quais os cogumelos se desenvolvem.

Da Redação do Ambiente Brasil