Agrossilvicultura na Amazônia

Agrossilvicultura na Amazônia

Na Amazônia, os índios, os ribeirinhos e os seringueiros sempre conviveram com as florestas, tirando delas grande parte do que eles precisam para viver. Suas roças eram instaladas nas florestas ou em capoeiras velhas, geralmente na forma de pequenas clareiras. Com a chegada de grandes levas de colonos e a política de incentivos favorecendo a pecuária e as culturas perenes de exportação (cacau, café, pimenta-do-reino), vastas extensões de florestas nativas foram destruídas. A cobertura florestal da Amazônia continua diminuindo, devido ao aumento das populações rurais e ao fato de esses colonos, desconhecedores da região, praticarem sistemas de produção que não são adaptados às condições locais de clima e solos. Muitas áreas colonizadas estão em franco processo de degradação. Quando a terra não produz mais a contento, o colono se desloca, buscando florestas densas onde reinicia o ciclo de derrubadas, queima e degradação. Nessas condições, o pequeno agricultor raramente consegue permanecer no mesmo local. Ele abandona sua terra e busca outro sítio.

Os pequenos agricultores precisam de orientação, principalmente para cultivar árvores e arbustos com a finalidade de manter a capacidade de produção de suas terras. Dessa maneira, eles terão a possibilidade de permanecer em suas propriedades. Existem alternativas agroflorestais recomendadas que podem aumentar sua renda e, também, ajudar o pequeno produtor a utilizar técnicas para recuperar suas áreas degradadas, sem investir muito dinheiro.

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A agrossilvicultura representa uma saída promissora para os pequenos agricultores da Amazônia, pois permite retornos econômicos mais estáveis através de investimentos mínimos de capital e mão-de-obra. Possibilita uma conservação maior dos solos, rios e florestas da região. Mas a adoção de sistemas agroflorestais em larga escala requer mais do que apenas conhecimento técnico: requer a adoção de políticas agrícolas adequadas, como a manutenção e divulgação de preços mínimos, a melhoria dos sistemas de transporte, incentivos para promover o beneficiamento dos produtos agrícolas por cooperativas e associações de pequenos produtores. Afinal, a conservação dos recursos naturais da Amazônia depende, acima de tudo, do bem-estar de seus habitantes.

Vantagens e Desvantagens       

O uso dos SAF’s proporciona as seguintes vantagens para os pequenos produtores:

  • Podem manter os custos de implantação e manutenção dos SAF’s entre limites aceitáveis para o pequeno produtor.
  • Podem aumentar a renda familiar.
  • Podem contribuir para a melhoria da alimentação das populações rurais.
  • Ajudam a manter ou melhorar a capacidade produtiva da terra usando árvores como adubo por exemplo, pois melhoram a estrutura física do solo.
  • Facilitam a sedentarização dos agricultores: pelo fato de ajudar a manter o solo produtivo por longos períodos, os SAF’s têm a grande vantagem de fixar o agricultor à terra.
  • Conduzem a um menor risco para os produtores, devido a uma maior diversificação da produção em cada propriedade.
  • Possibilitam melhor distribuição da mão-de-obra ao longo do ano.
  • Tornam mais confortável o trabalho na roça.
  • Podem preencher um papel muito importante na recuperação de áreas em via de degradação.
  • Podem contribuir para a proteção do meio ambiente, pois diminuem a necessidade de derrubar a floresta para abrir novos roçados, e ajudam a controlar a erosão.

Porém, os SAF’s também ocasionam algumas desvantagens, como:

  • Os conhecimentos dos agricultores e até mesmo dos técnicos e pesquisadores sobre SAF’s são, ainda, muito limitados.
  • De modo geral, o manejo dos SAF’s é mais complicado que o cultivo de espécies anuais ou de ciclo curto, ou seja, na medida em que um SAF envolve um maior número de espécies, seu planejamento e manejo são mais difíceis e exigem conhecimentos mais complexos.
  • O custo de implantação de determinados SAF’s é mais elevado, pois o custo efetivo depende de vários fatores, podendo o custo da muda ser decisivo.
  • O componente florestal pode diminuir o rendimento dos cultivos agrícolas e pastagens dentro dos SAF’s, pois os efeitos benéficos dos SAF’s dependem das espécies escolhidas para formarem o componente florestal.
  • Os SAF’s são de mais difícil mecanização e, atualmente, são raros os pequenos produtores que podem comprar e assegurar a manutenção de equipamentos para mecanizar os seus trabalhos.

Por enquanto, muitos produtos gerados pelos SAF’s têm mercados limitados, que não podem absorver grandes quantidades. As árvores, quando grandes e mais velhas, podem causar acidentes.

Redação Ambiente Brasil