O Pantanal, essa imensa planície sedimentar, de aproximadamente 139.000 km2, possui como um dos pilares da economia a exploração da bovinocultura de corte. O regime de criação é do tipo extensivo, concentrado principalmente na atividade de cria e recria.
A alimentação do rebanho bovino baseava-se exclusivamente em pastagem nativa, entretanto como alternativa para o aumento da produtividade, vêm sendo efetuado, há cerca de duas décadas, a formação de pastagens com gramíneas exóticas, com o intuito de aumentar a oferta alimentar para os animais em épocas críticas, seca e cheia.
O Pantanal por ser um ecossistema frágil, torna a busca da pesquisa na validação de forrageiras exóticas adaptadas ao ambiente Pantaneiro uma tarefa mais difícil e de maior responsabilidade. Diversos estudos foram realizados para verificar o provável impacto da introdução dessas gramíneas. Até o momento as espécies Brachiaria decumbens e B. humidicola, estão sendo as que mais se destacaram.
Foram identificadas as fitofisionomias mais atingidas pelo desmatamento, em ordem decrescente são Savanas Florestadas (Cerradão), as Savanas Arborizadas (Cerrado e Campo-cerrado), as Savanas-Estépicas Florestadas (Mata, Mata chaquenha), as Florestas Estacionais Semideciduais (Mata) e as Savanas-Estépicas Arborizadas (Chaco).
Pode-se afirmar que todas as áreas estudadas mostraram um certo grau de alteração antrópica, seja com indícios de retirada de madeira ou entrada de fogo, mostrando que o desmatamento para implantação de pastagens, não é a única ameaça para a manutenção da biodiversidade nas fitofisionomias arbóreas do Pantanal.
Embora se reconheça que, potencialmente, a substituição de habitats arbóreos por pastagens implantadas seja impactante para a fauna. No Pantanal até o momento, esse impacto ainda é pequeno, face ao interstício de habitats naturais remanescentes que entremeiam as pastagens cultivadas. A fauna transita pelas pastagens, deslocando-se entre habitats naturais próximos, relativamente bem conservados.
Os dados de produtividade das braquiárias indicaram que as mesmas são bastante produtivas, sendo que B. humidicola apresenta um estabelecimento mais lento, mas com o decorrer do tempo a sua produtividade é superior a B. decumbens. As mesmas são eficientes na cobertura de solo.
As características químicas do solo sugerem que ao longo do tempo existem perdas de nutrientes, com as áreas de pastagem mais antigas apresentando teores menores de bases do que aquelas com pastagens mais recentes. A atividade microbiana parece indicar que não ocorrem mudanças marcantes em termos qualitativos.
É importante enfatizar que o uso de pastagem cultivada está fortemente alicerçada no manejo e uso eficiente da pastagem. O que foi constatado nas propriedades estudadas nesse estudo.
Também, cabe ressaltar que quando se fala no tema, pastagens cultivadas, não se pensa em hipótese nenhuma, em substituição sequer parcial das pastagens nativas, e sim como uma alternativa para algumas categorias animais, tais como: bezerros desmamados, vacas de cria após a desmama e touros após a estação de monta. Sugere-se que em cada propriedade seja formado em torno de 10% da sua área, preferencialmente em áreas de capim carona, fura-bucho, lixeira e capim-vermelho, evitando-se tanto quanto possível o desmatamento de cordilheiras.
*Sandra Mara Araújo Crispim, (scrispim@cpap.embrapa.br) Ms., Eng. Agronôma, pesquisadora da Embrapa Pantanal na área de Pastagem Nativa e Cultivada., (http:/www.cpap.embrapa.br).
Por Sandra Mara Araújo Crispim