Rede Brasileira de Organizações Não-Governamentais e Movimentos Sociais em Mudanças Climáticas Observatório do Clima.
Em 22 e 23/03 de 2002, as organizações não-governamentais e os movimentos sociais abaixo indicados, reunidos em São Paulo (SP), resolveram estabelecer uma rede brasileira de articulação sobre o tema das mudanças climáticas globais, o Observatório do Clima, que atuará com base nos seguintes princípios:
- As mudanças do clima no planeta são uma realidade comprovada cientificamente;
- Promoção do equilíbrio da concentração de gases de efeito estufa no planeta, eliminando a ameaça das mudanças climáticas à humanidade e aos ecossistemas;
- Construção de uma sociedade sustentável em todas as suas dimensões;
- Incentivo à geração e ao consumo de energia provenientes de fontes renováveis, à co-geração de energia e à eficiência energética;
- Proteção e restauração da biodiversidade, garantindo a saúde ambiental dos biomas, reconhecendo sua importância como sumidouros e reservas vitais de carbono, biodiversidade e de recursos hídricos;
- A proteção e a recuperação de habitats baseado em biomas nativos, considerando suas especificidades e características locais e regionais;
- Promoção de estratégias para o uso sustentável da terra;
- Ampla consulta pública e avaliação dos impactos associados aos projetos de mitigação de gases de efeito estufa nas comunidades, nos ecossistemas, na diversidade étnica, cultural e no modo de vida das comunidades, na geração de emprego e na distribuição de renda;
- Contribuição para a auto-suficiência (transferência e capacitação) tecnológica dos Países não-Anexo I;
- Promoção dos direitos de acesso à informação e de participação da sociedade civil no processo de tomada de decisão no tema das mudanças climáticas.
- As posições da rede serão tomadas e assumidas publicamente apenas a partir de decisões por consenso, e quando isso não for possível, as posições divergentes dos diferentes integrantes deverão ser apresentadas todas as vezes que a rede se fizer representar em qualquer instância.
Para isto, o Observatório do Clima deve buscar os seguintes objetivos:
- acompanhar e influenciar as negociações internacionais e as posições do governo brasileiro sobre mudanças climáticas.
- promover a interlocução desta rede com a sociedade brasileira; o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas (FBMC); todas as mídias; as autoridades governamentais, em todas as suas esferas e instâncias, entre outros atores sociais.
- propor e acompanhar a definição de políticas públicas e normas no país visando estabelecer o equilíbrio da concentração de gases de efeito estufa no Planeta, de forma a eliminar a ameaça das mudanças climáticas à humanidade e aos ecossistemas.
- promover debates e amplas consultas públicas para auxiliar na definição de critérios e indicadores de sustentabilidade social, ambiental, étnica, cultural, econômica e de transferência e capacitação tecnológica, que se apliquem aos projetos que pretendam usufruir de mecanismos financeiros de flexibilização de compromissos de redução da emissão de gases de efeito estufa;
- acompanhar a implementação e verificação desses projetos;
- apoiar ou promover iniciativas de capacitação, treinamento, educação e disseminação de informação nos temas afetos às mudanças climáticas, para sensibilização e mobilização da sociedade em geral;
- promover o intercâmbio de experiências e informações e contribuir para o debate qualificado sobre os temas climáticos internamente no Brasil, nos níveis municipal, regional e nacional, e na esfera internacional;
- participar de forma qualificada de fóruns, instâncias e redes nacionais e internacionais de discussão, consulta e participação sobre mudanças climáticas;
- objetivos adicionais a serem definidos posteriormente.
Para os fins de consolidação, operacionalização e contínua expansão da rede as organizações comprometem-se a:
- identificar e estabelecer critérios para inclusão de novas ONGs e movimentos sociais interessados em participar da rede;
- estabelecer uma agenda mínima consensual aos participantes da rede, assim como levantar prioridades de ação dentro dos temas propostos;
- definir estratégia e planejamento operacional de atuação desta rede a partir das prioridades levantadas; estabelecer estratégia de captação de recursos financeiros para viabilizar a existência e ações da mesma;
- estabelecer estratégia de comunicação entre os membros da rede e de comunicação da rede em geral;
- reunir-se em caráter ordinário, anualmente, e em caráter extraordinário, mediante definição das instituições signatárias da carta de princípios;
Com o fim de executar os objetivos previstos nesta carta, as organizações e movimentos aqui representados resolveram designar um comitê operacional para coordenar os esforços de implementação da rede em seus primeiros três meses de existência, a ser alterado em encontro a ser realizado em final de junho de 2002, composto das seguintes instituições em ordem alfabética:
1. Amigos da Terra – Amazônia Brasileira
2. Instituto Pró-Sustentabilidade (IPSUS)
3. Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM)
4. Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS).
Organizações Não-Governamentais e Movimentos Sociais Signatários da carta de princípios do Observatório do Clima:
N. | ONG | Responsável |
1 | Alinaça para a Conservação da Mata Atlântica | Maria Cecília Wey de Brito |
2 | Amigos da Terra – Amazônia Brasileira | Mario Monzoni e Gladis Ribeiro |
3 | APREMAVI | Wigold Bertoldo Schäffer |
4 | Associação de Proteção a Ecosistemas Costeiros (APREC) | Sérgio de Mattos Fonseca |
5 | Comissão Pastoral da Terra, Amazonas – CPT-AM | Adenilza Mesquita |
6 | Coordenação das organizações Indígenas da Amazônia Brasileira COIAB | Genival de Oliveira dos Santos |
7 | Grupo de Trabalho Amazônico – GTA | José Adilson Vieiro de Jesus |
8 | Associação Civil Greenpeacee – GREENPEACE | Marijane Lisboa |
9 | Instituto Centro de Vida | Carlos Teodoro José Irigaray |
10 | Instituto de Estudos Sócio – Ambientais do Sul da Bahia IESB | Carlos Alberto Mesquita |
11 | Instituto Ecológica | Divaldo Rezende |
12 | Instituto Internacional de Educação do Brasil – IIEB | Maria José Gontijo |
13 | Instituto do Homem e Meio Ambiente da AMazônia – IMAZON | Paulo Amaral |
14 | Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia – IPAM | Paulo Moutinho, Márcio Sanrilli e Luciano Mattos |
15 | Instituto de Pesquisas Ecológicas – IPÊ | Eduardo H. Ditt |
16 | Instituto Ecoar para Cidadania ECOAR | |
17 | Instituto Pró-Natura – IPN | Fernando Veiga |
18 | Instituto Pró-Sustentabilidade – IPSUS | Rachel Biderman Furriela e Laura Valente Machado |
19 | Instituto Socioambinetal – ISA | Adriana Ramos |
20 | Núcleo Amgiso da Terra – Brasil | Kathia Vasconcellos Monteiro |
21 | Sociedade Brasileira de Direito Internacional do Meio Ambiente – SBDIMA | Lucila Fernandes Lima |
22 | Sociedade Nordestina de Ecologia – SNE | Tânia M. B. Ramos dos Santos |
23 | SOS AMAZÔNIA | Miguel Scarello |
24 | Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental – SPVS | Alexandra Andrade e André Ferretti |
25 | TNC do Brasil | Miguel Calmon e Joe Keenan |
26 | WWF – Brasil | Analuce Freitas |
Fonte: Sócio Ambiental – http://www.socioambiental.org.br