Unidades de Conservação e Terras Indígenas ajudam a conter desmatamento na Amazônia Brasileira

Áreas legamente protegidas, como unidades de conservação e terras indígenas estão sendo uma ferramenta eficaz para conter o desmatamento. Esta é a principal conclusão de um estudo recentemente concluído e mandado para publicação: Áreas protegidas dos parques de papel: A importância de áreas protegidas para a redução do desmatamento na Amazônia brasileira, dos pesquisadores Leandro V. Ferreira , do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e Eduardo M. Venticinque, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).

O objetivo deste estudo é testar diferenças no nível de desmatamento dentro e fora de unidades de conservação (proteção integral e uso sustentável) e terras indígenas (denominadas aqui como áreas protegidas) em relação à distância das estradas existentes, nos estados de Rondônia, Pará e Mato Grosso para ilustrar a importância dessas áreas protegidas como redutores do efeito do desmatamento na Amazônia.

Estes estados foram escolhidos como estudos de caso, devido a sua importância na participação do desmatamento da Amazônia, que somados foram responsáveis por cerca de 70% do total da área desmatada na Amazônia entre 2000-2001 (INPE 2003).

Os Estados de Rondônia, Pará e Mato Grosso têm cerca de 20,4%, 29,2% e 28,4% de sua área já desmatada, respectivamente. Contudo é crucial determinar como está distribuído este desmatamento dentro e fora das áreas protegidas (Tabela 1 e Figuras 1, 2 e 3).

Estado         total        % área desmatada         Diferença
            dentro de áreas protegidas fora de áreas protegidas
Rondônia     29,2    4,7    48,1    10,3
Pará         20,4    1,5    29,2    19,6
Mato Grosso     28,4    3,5    33,9    9,8

O estudo demonstra que a proporção total da área desmatada fora das áreas protegidas sempre foram significativamentes mais elevadas do que no interior destas. Uma diferença que pode variar de 9,8 a 19,6 vezes dependendo do estado analisado (Tabela 1).

Um dos fatores mais relevantes nos estudos sobre desmatamento na Amazônia é a existência ou não de vias de acesso (como estradas) às áreas protegidas, já que estas são reconhecidamente por dois principais responsáveis pelo desmatamento da Amazônia.

O estudo também demonstra que a proporção do desmatamento como uma função da distância que separa as áreas protegidas das estradas apresentaram padrões exponenciais, ou seja, uma grande proporção de desmatamento próximo as estradas e caindo rapidamente com a distãncia. Contudo, o desmatamento dentro das áreas protegidas é sempre menor do que fora delas nos 3 estados analisados. Isso derruba a crença de que as áreas protegidas sofreriam menos desmatamento somente pelo fato de estarem situados mais distantes das estradas (Figura 4).

 
Figura 1 – Unidades de conservação e terras indígenas no Estado de Rondônia, mostrando as estradas e áreas já desmatadas.

 
Figura 2 – Unidades de conservação e terras indígenas no Estado do Pará, mostrando as estradas e áreas já desmatadas.

 
Figura 3 – Unidades de conservação e terras indígenas no Estado do Mato Grosso, mostrando as estradas e áreas já desmatadas.

 
Figura 4 – Relação do desmatamento em função da distância de estradas dentro (azul) e fora (vermelho) das áreas protegidas nos estados de Rondônia, Pará e Mato Grosso.

Fonte: Dr. Leandro Valle Ferreira – Pesquisador Adjunto I
Ecologia da Floresta Amazônica
Museu Paraense Emílio Goeldi
Coordenação de Ciências da Terra e Ecologia
email: lvferreira@museu-goeldi.br