Pesquisa, Meio Ambiente e Produção no Pantanal

O Pantanal brasileiro é a maior área continental inundável do planeta e abrange os estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Por sua importância, foi declarado pela Unesco como Reserva Mundial da Biosfera. De todas as características do Pantanal, a que mais causa admiração a quem visita, é a abundância e riqueza de sua vida selvagem. Espécies pouco comuns em outras regiões do Brasil têm populações densas e vigorosas no Pantanal, como a capivara e o jacaré.

Áreas de pesquisa da Embrapa Pantanal

Fauna

Desde 1987 a área de Fauna da Embrapa Pantanal tem realizado estudos sobre a biologia e ecologia das populações de jacaré-do-pantanal, visando desenvolver o conhecimento necessário para o aproveitamento sustentado deste recurso. À partir destes estudos, mitos foram desfeitos. Hoje sabemos que o jacaré-do-pantanal não está em extinção, que, ao contrário, suas populações são densas e estão distribuídas por quase todos os corpos de água permanente no Pantanal. Muito devido a estas pesquisas, o governo dos EUA excluiu o jacaré-do-pantanal da Lista Norte-Americana das Espécies Ameaçadas. As pesquisas com o jacaré incluíram também um projeto de manejo experimental que deu origem a numerosas recomendações para a adequação da legislação e regulamentação existentes, no sentido de flexibilizar as formas de manejo do jacaré-do-pantanal e o seu uso sustentado, no âmbito das propriedades do Pantanal, e não apenas nos centros urbanos e entorno do Pantanal. Além dos estudos com o jacaré, a equipe ainda desenvolve um programa de monitoramento, através de levantamentos aéreos, das populações de cervo-do-pantanal, veado campeiro e capivaras.

Recursos Pesqueiros

A pesca (esportiva e profissional) é a Segunda maior atividade econômica do Pantanal movimentando cerca de R$ 150 milhões/ano. Grande parte da legislação referente a pesca das principais espécies comerciais do Pantanal, desde longa data vêm utilizando informações geradas pelas pesquisas da EMBRAPA. Tamanhos mínimos de captura e época de locais de pesca tem sido aspectos norteadores da administração pesqueira da região. A demanda crescente quanto à sustentabilidade das populações de peixes resultou no desenvolvimento de linhas de pesquisas para ampliar o conhecimento da biologia a ecologia de espécies utilizadas como iscas-vivas pela pesca esportiva, particularmente da tuvira, cuja comercialização foi estimada em cerca de 17 milhões de unidades em 1997. Entre outros projetos, a Embrapa Pantanal está desenvolvendo, ainda, o de “Banco de Sêmen Congelado de Peixes do Pantanal”, com o objetivo de assegurar a conservação e utilização da diversidade genética dos peixes neotropicais brasileiros. Uma ferramenta importante para a administração dos recursos pesqueiros da região é o sistema de Controle da Pesca (SCPESCA), desenvolvido pela Embrapa Pantanal em parceria com a Fundação Meio Ambiente Pantanal – MS e a polícia Ambiental – MS em seu sétimo ano de execução. Graças a esse Sistema foi possível detectar a necessidade de se aumentar o tamanho mínimo de captura do pacu e do jaú na última temporada de pesca, a fim de evitar a diminuição das populações dessas espécies.

Flora

A flora pantaneira também caracteriza-se pela riqueza e abundância, tendo sido catalogadas 1.800 espécies, documentadas em um acervo de aproximadamente 18 mil exemplares, registrados no herbário da Embrapa Pantanal. Encontram-se descritas cerca de 800 espécies (aquáticas e terrestres), com informações sobre os diversos usos (medicinal, apícola, ornamental, etc.), sobre cultivo, princípios ativos, ecologia, ocorrência e distribuição. Essas informações têm contribuído para o zoneamento agroecológico da Bacia do Alto Paraguai, para a elaboração de seu plano de manejo e para a definição de reserva ecológicas.

Impactos Ambientais

Nas últimas três décadas o Pantanal vêm sofrendo agressões, praticadas não somente na planície, mas principalmente nos planaltos adjacentes. Atualmente, os impactos ambientais e sócio-econômicos no Pantanal são bastante evidentes, decorrentes da existência de um planejamento ambiental que garanta a sustentabilidade dos recursos naturais desses importante bioma. A expansão desordenada e rápida da agropecuária, com a utilização de pesadas cargas de agroquímicos, a exploração de diamantes e de ouro nos planaltos, com utilização intensiva de mercúrio, são responsáveis por profundas transformações regionais pela Embrapa Pantanal, como por exemplo a contaminação de peixes e jacaré por mercúrio e o levantamento dos principais pesticidas utilizados.

Pecuária de Corte

No Pantanal a bovinocultura de corte, em regime extensivo, tem sido a principal atividade econômica. Atualmente , a raça predominante é a Nelore. A maior parte do Pantanal, em função das condições naturais impostas pelo ambiente, tem aptidão para a fase de cria, e desta forma, os produtores rurais concentram-se na produção e vendas de bezerros. Embora, os índices zootécnicos ainda sejam relativamente baixos, podem ser melhorados através da implantação e adaptação de determinadas tecnologias já desenvolvidas pela Embrapa Pantanal, entre as quais a identificação dos animais do rebanho, uso de monta controlada, uso do sal mineral, desmama antecipada, descarte técnico de matrizes, everminação estratégica dos bezerros, etc. Outros estudos, mais recentes, vêm sendo desenvolvidos pela Embrapa Pantanal, visando um desenvolvimento sustentável dos diferentes sistemas de produção (convencionais e orgânicos). Para isto, estão sendo desenvolvidas metodologias de avaliação e monitoramento dos diferentes sistemas de produção com base em indicadores ambientais, econômicos e sociais de sustentabilidade, bem como definidas medidas estratégicas de manejo para cada sistema em particular.

André Steffens Moraes (andre@cpap.embrapa.br), Guilherme de Miranda Mourão (gui@cpap.embrapa.br), Agostinho Carlos Catella (catella@cpap.embrapa.br), Cristina Aparecida Gonçalves Rodrigues (crisagr@cpap.embrapa.br), Luiz Marques Vieira (lvieira@cpap.embra