O Brasil é o país do mundo com o maior número de espécies de seres vivos. O Brasil possui cerca de 2.500 espécies de peixes, o que corresponde a 10% da fauna de peixes do mundo em águas doces. Na região marinha do Brasil, existem mais de 1.000 espécies, levando-se em conta as espécies costeiras, pelágicas de passagem, oceânicas e abissais. Das 48.170 espécies de vertebrados existentes cerca de 24.620 são peixes.
Peixes são animais vertebrados que vivem dentro da água. Na água realizam todas as suas funções vitais como alimentação, crescimento, respiração, reprodução, eliminação dos metabólitos (urina e fezes), etc. Não tem capacidade de regular sua temperatura interna; portanto, os peixes tem a temperatura igual à da água onde vivem – chamados de ectotérmicos, exceto os atuns. Quando as águas esfriam muito ou se aquecem demais – os peixes ficam inativos.
Os peixes se apresentam divididos em duas partes: a cabeça e o tronco. O seu corpo pode ser recoberto por escamas e/ou couro. Os órgãos responsáveis pela propulsão e equilíbrio do peixe na água são as nadadeiras. A grande maioria dos peixes de água doce, tanto de escamas quanto de couro, como o dourado, o lambari, o pintado e o jaú, possuem nadadeiras pares, peitorais e pélvicas, e ímpares, dorsal, adiposa e caudal. A maioria das formas marinhas que ocorrem no litoral brasileiro não possui a nadadeira adiposa, a não ser os bagres da família Ariidae.
A nadadeira caudal é a principal geradora do impulso que desloca o peixe na água, empurrando o seu corpo para a frente. As demais tem a função de manter o corpo na posição vertical, como a dorsal e a anal, e de efetuar as manobras de subida e descida e de rolamento, como as peitorais e pélvicas.
A cabeça abriga três importantes sistemas: a boca, que é entrada para o trato digestivo, responsável pela apreensão e ingestão dos alimentos; as brânquias, ou guelras, que funcionam como pulmões, realizando as trocas gasosas na maioria dos peixes; e o cérebro, principal órgão do sistema nervoso, que, junto com os hormônios, integram todos os outros sistemas, coordenando o organismo como um todo.
As maxilas estão providas de diversos tipos de dentes, que variam de um grupo para o outro. Nos dourados, tem a forma de cones, são afiados e cortantes, usados para prender e cortar os peixes de que se alimentam; nas anchovas, espadas e cavalas a diferença é que os dentes são triangulares e também muito cortantes; nos pacus são molariformes e servem para triturar as frutas, sementes e folhas; os dentes laterais do pargo e do marimbá servem para triturar algas e pequenos crustáceos; no pintado e jaú estão dispostos em placas, são pequenos e numerosos e servem para abocanhar e prender as presas, como na betara branca, no olhete e no olho-de-boi.
O trato digestivo começa na boca e termina no ânus. É composto pela boca, língua, esôfago, estômago, cecos pilóricos e intestino, mais as glândulas anexas, como o pâncreas e o fígado.
O sistema respiratório é formado pelo circulatório, composto pelo coração, artérias, veias e sistema linfático, mais as brânquias. O coração está localizado geralmente entre as estruturas ósseas de sustentação das nadadeiras peitorais. Ele impulsiona o sangue por uma única artéria que sai dele e segue em direção das guelras. Antes de chegar nas guelras, a artéria se divide em oito ramos que banham as oito guelras, quatro de cada lado, organizadas em dois pares. O peixe impulsiona a água para dentro da boca, abrindo e fechando a boca, abaixando a língua e seu assoalho e abrindo e fechando os opérculos (ossos que recobrem as brânquias). Após sair das guelras, o sangue, agora rico em oxigênio e pobre em gás carbônico, é distribuído para o resto do corpo. Após irrigar todo o corpo e órgãos, ele é reunido em uma veia que chega ao coração, conduzindo o sangue rico em gás carbônico e pobre em oxigênio, reiniciando o ciclo. Alguns peixes marinhos, como as cavalas e atuns, não realizam grandes movimentos operculares para realizar o processo respiratório, e substituem esses movimentos, nadando com a boca entreaberta. Algumas espécies tem respiração acessória, também chamada de pulmonar, como a pirambóia, o pirarucu e o peixe elétrico.
O corpo é formado por um desenvolvido sistema muscular, que fica ancorado no esqueleto, pele e nadadeiras. O sistema sensorial é formado pelos olhos, desenvolvidos nos peixes de escamas e diminutos nos bagres; barbilhões sensitivos; na linha lateral; terminações nervosas distribuídas externamente na pele (botões gustativos, receptores de frio e calor, receptores de tato, dor, etc.); ouvido interno e sistema que amplifica os sons e ondas geradas na água dando maior percepção aos peixes.
A excreção dos peixes é realizada pelos rins e uma pseudo-bexiga que se abre na parte posterior do intestino, próxima ao ânus. Os peixes de água doce produzem um grande volume de urina, quando comparados aos peixes marinhos, que perdem muita água para o meio externo (mais rico em sais que o corpo), produzindo, portanto, uma urina bem concentrada e pouco volumosa.
O sistema reprodutor é composto pelos gônadas, órgãos pares que produzem as células reprodutoras11. A maturação (amadurecimento) das gônadas é promovida por uma série de eventos hormonais, regulados pela quantidade de claro e escuro dos dias e noites, nível das águas, disponibilidade de alimentos, temperatura, etc. Também são responsáveis pelo impulso dos peixes para migrarem rio acima, nas espécies de água doce que realizam a piracema, e para migrar em direção ao mar aberto em grande parte dos peixes pelágicos, e às vezes costeiros, a fim de se reproduzirem.
Os peixes possuem diversas glândulas que produzem os hormônios necessários para a regulação de seu corpo. Estão dispersos por vários tecidos do corpo. A principal glândula é a hipófise, localizada na cabeça dos animais.
Pelágicos
Peixes que nadam continuamente na faixa próximo da superfície da água, não possuindo um local específico de moradia. São normalmente fusiformes, migratórios e grandes nadadores. A maioria vive mais afastado da costa, em mar aberto. Muitos não possuem bexiga natatória. A coloração do corpo costuma ser brilhante com tons azulados ou esverdeados no dorso e flancos e branca no ventre. Exemplos: dourados, pampos, marlins, enxadas, algumas raias e a maioria dos cações.
Nectónicos
Peixes que nadam ativamente, porém mantêm uma relação com o substrato marinho, onde alguns fazem sua moradia (toca). São normalmente comprimidos lateralmente e vivem nas águas costeiras. A coloração do corpo, que varia muito, usualmente apresenta pintas, manchas ou listas claras ou escuras com um fundo contrastante mais escuro ou mais claro. Alguns possuem um bom mimetismo com o fundo onde vivem. Exemplos: meros, salemas, budiões, ciobas, robalos e pescadas.
Bentônicos
Peixes que habitam e dependem do fundo, numa estreita relação com o substrato marinho. Não costumam ser bons nadadores. Alguns são comprimidos dorso-ventralmente. A coloração do corpo tende a ser escura no dorso e clara no ventre. A maioria apresenta excelente mimetismo com o fundo. Exemplo: bagres, linguados, trilhas, mangangás, alguns cações e a maioria das raias.
Os peixes são classificados em três grandes classes: Agnatha, Chondricthyes, Osteichthyes.
Classe Agnatha
Os Agnatha (a = sem; gnathos = maxila) são vertebrados sem mandíbula. São peixes alongados, sem escamas, com tegumento mucoso e não possuem tecidos duros internos. Ocorrem nas águas frias, tanto no hemisfério norte como no sul. Os representantes mais conhecidos são as lampréias (ordem Petromyzontiformes), que não ocorrem no Brasil. As feiticeiras (ordem Myxiniformes) são peixes exclusivamente marinhos.
As lampréias atuam como parasitas de alguns peixes, assim alimentando-se de sangue e tecido muscular de seus hospedeiros que podem ser os salmões e trutas. Há representantes marinhos e de água doce, e algumas espécies são migratórias, vivendo no mar e reproduzindo-se em rios e lagos.
As feiticeiras, em geral, alimentam-se de cadáveres ou de pequenos invertebrados bentônicos. Ocorrem na plataforma continental e no mar aberto, em profundidades em torno de 100 metros. Possuem hábitos necrófagos.
Classe Chondrichthyes
Os condríctes, representados pelos tubarões, arraias (ou raias) e quimeras, são todos marinhos. Algumas espécies são comestíveis. Possuem nadadeiras pares e ímpares. O esqueleto é cartilaginoso (condro= cartilagem, icties= peixe). A boca é ventral, com uma fileira de dentes pontiagudos e mandíbulas. Há um estômago, intestino com válvula espiral e pâncreas e fígado com glândula anexa. O intestino termina numa cloaca. Possuem de cinco a sete pares de brânquias não cobertas pelo opérculo, que é uma espécie de tampa, presente nos ostechthyes. O aparelho circulatório e urinário, bem como o sistema nervoso e os órgãos sensoriais – com duas narinas dotadas de bolsas olfativas – são, em linhas gerais, semelhantes aos dos agnatos.
A fecundação geralmente é interna e as nadadeiras pélvicas do macho são modificadas, formando órgãos copuladores. A maioria das espécies é ovípara ou ovovivípara, havendo poucas que são vivíparas. O desenvolvimento é direto, sem formação de larva, e o único anexo presente é o saco vitelínico.
Classe Osteichthyes
Os peixes ósseos (gr. ostei, cartilagem + ichthys, peixe) são estruturalmente notáveis pelo esqueleto ósseo, finas e flexíveis escamas, mandíbulas complexas, bexiga natatória e pela estrutura encefálica, diversificados em cerca de 30.000 espécies, reunidas em 42 ordens, algumas fósseis e outras com poucos representantes atuais. Os peixes ósseos são os mais variados e comuns, vivendo tanto em água doce como em água salgada ou salobra, quente ou nas águas geladas dos pólos. Seus representantes mais procurados são o lambari, a traíra, o trairão, o robalo, os jundiás, a corvina, o papa-terra e o tucunaré, entre outros tantos.
Ministério do Meio Ambiente – MMA