Situação da Suinocultura no Brasil

O Brasil, apesar de ser um país continental, da formação cultural e a falta de uma política efetiva que estimule o desenvolvimento sustentável. Em se tratando da suinocultura, verificamos que ela passou por profundas alterações tecnológicas nas últimas décadas, visando principalmente o aumento de produtividade e redução dos custos de produção. A produtividade, por animal e por área, aumentou consideravelmente, passando-se a produzir grandes quantidades de dejetos em pequenas extensões de terra. Simultaneamente, iniciaram-se os problemas com o mau cheiro, oriundo das criações, e com o destino dos efluentes.

A suinocultura é uma atividade importante para a economia brasileira, pois gera emprego e renda para cerca de 2 milhões de propriedades rurais. O setor fatura mais de R$ 12 bilhões por ano. Segundo Konzen (1983), o suíno adulto produz em média 0,27 m³ de dejetos líquidos por mês.

A preocupação com a poluição do ambiente é uma das maiores ameaças à sobrevivência e expansão da suinocultura nos grandes centros produtores, a exemplo da região Sul, que detém 47,1 % (16,5 milhões de suínos) do rebanho nacional e responde por mais de 80 % (1,2 milhões de toneladas de carne) da produção nacional.

O município de Toledo, no Sudoeste do Estado do Paraná, foi palco de uma inovação tecnológica da mais alta importância: o primeiro Biostema Integrado do país. Trata-se de uma cadeia produtiva que permite o aproveitamento total dos dejetos suínos, transformando-os em novos produtos como o biogás, nutrientes para a piscicultura e adubo para plantações, eliminando quase que totalmente a contaminação ambiental.

Segundo maior rebanho nacional, com um total estimado em mais de 4 milhões de cabeças, e terceira maior produção, a suinocultura paranaense vem gerando empregos e divisas para o Estado em todos os segmentos da sua cadeia produtiva, ocupando uma posição de destaque na economia nacional.

No Biosistema Integrado, os dejetos dos suínos são direcionados a um biodigestor onde são decompostos através de digestão anaeróbica, reduzindo em até 60% sua carga poluente. Neste processo é obtido o biogás que pode substituir o gás de cozinha no aquecimento de aviários, além de outras utilidades. Com alto teor nutriente, os resíduos sólidos do biodigestor são transformados em fertilizante natural para plantas, e os resíduos líquidos vão para tanques de algas, servindo de alimento para a criação de peixes. No tanque de peixes pode-se também produzir plantas aquáticas, através da técnica de aquaponia. Neste estágio, a água que volta à natureza não contém qualquer resíduo poluente. Além disso, as áreas em redor dos tanques tornam-se naturalmente ricas em nutrientes, sendo ideal para o cultivo de hortas e pomares.

O Biosistema Integrado já está sendo monitorado para uma avaliação quanto aos produtos resultantes, que são o biogás, biofertilizantes e os nutrientes para peixes e plantas, obtendo-se uma correta visão do aspecto econômico e financeiro. A perspectiva é de que em breve, uma grande parte dos 30.000 suinocultores da região possa estar apta a implementar biosistemas integrados em suas propriedades. Além da geração direta de milhares de postos de trabalho, contribuindo para a fixação do homem no campo, essa nova tecnologia propiciará um incremento na renda de toda a população da região através das novas atividades advindas da produção e comercialização dos subprodutos do Biosistema Integrado.

Fontes: SETI – Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
Eng. Agr., D. Sc. Carlos Cláudio Perdomo, Embrapa Suínos e Aves
Eng. Agr., Ph. D. Gustavo J.M.M. de Lima, Embrapa Suínos e Aves
Jornalista Tânia Maria Giacomelli Scolari, Embrapa Suínos e