Projeto Tamar

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As tartarugas marinhas existem há mais de 150 milhões de anos. Sua origem é a terra, mas elas evoluiram e se adaptaram para viver no mar, diferenciando-se de outros répteis. Em vez de dentes, por exemplo, ganharam uma espécie de bico e suas patas transformam-se em nadadeiras. Na terra são lentas e se tornam vulneráveis, mas no mar se deslocam com rapidez e agilidade.

Há sete espécies de tartarugas marinhas conhecidas no mundo. Cinco são encontradas no Brasil: Cabeçuda (Caretta caretta), de Pente (Eretmochelys imbricata), Verde (Chelonia mydas), Oliva (Lepidochelys olivacea) e de Couro (Dermochelys coriacea).

 Pertencem à mesma ordem das tartarugas de água doce e de terra, como o cágado e o jaboti. Mas são muito maiores podendo atinguir até 750 quilos. Somente as fêmeas saem da água, por um curto período de tempo, para a desova. Respiram por pulmões, mas podem permanecer algumas horas embaixo d’água, prendendo a respiração.

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Para isso, o organismo funciona lentamente, o coração bate devagar, num fenômeno chamado bradicardia, em que o fornecimento de oxigênio é auxiliado por um tipo de respiração acessória, feita pela faringe e pela cloaca. Além da visão, da audição e do olfato extremamente desenvolvidos, as tartarugas possuem uma fantástica capacidade de orientação. Por isso, mesmo vivendo dispersas na imensidão dos mares, sabem o momento e o local da reunião para reprodução e sempre voltam para desovar nas praias onde nasceram. Seu ciclo de reprodução pode se repetir em intervalos de um, dois ou três anos, variando conforme a espécie e condições ambientais, especialmente a distância entre as áreas de alimentação e reprodução. O acasalamento ocorre no mar, em águas profundas ou costeiras. A fêmea escolhe um entre inúmeros machos, podendo ser fecundada por vários deles. O namoro começa com algumas mordidas no pescoço e nos ombros. A cópula dura várias horas. A fecundação é interna e cada fêmea pode realizar de trêa a cinco desovas em uma mesma temporada de reprodução, com intervalos médios de 10 a 15 dias.

As fêmeas sempre procuram praias desertas para desovar (no Brasil entre setembro e março) e, via de regra, esperam o anoitecer, porque a escuridão as protege de vários obstáculos e o calor da areia, durante o dia, prejudica a postura. Escolhem um trecho da praia livre da ação constante das marés e, com as nadadeiras dianteiras, escavam um grande buraco redondo, de mais ou menos dois metros de diâmetro (chamado de cama), onde vão se alojar para iniciar a confecção do ninho.

Com as nadadeiras traseiras fazem outro buraco para o ninho, com cerca de meio metro de profundidade, onde coloca os ovos, redondos e brancos, parecidos com uma bola de pingue-pongue. Os ovos ficam bem protegidos, recobertos por uma espécie de muco e pela areia com que a tartaruga cobre o ninho. São 120 ovos, em média, para cada postura, mas há registro de ninhos com apenas 16 ou até com 240 ovos. Depois da postura a mãe volta para o mar e 45 a 60 dias depois os ovos se rompem e nascem as tartaruguinhas.

Um filhote vai ajudando o outro, com movimentos sincronizados, retirando a areia, até alcançarem a superfície do ninho e correrem para o mar. O nascimento ocorre quase sempre à noite e para chegarem ao mar elas se orientam pela luminosidade do horizonte. Os filhotes são pequenos e frágeis, medindo apenas cerca de cinco centímetros. Estima-se que de cada mil tartarugas nascidas, apenas uma ou duas vão chegar à idade adulta.

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As tartarugas marinhas são oportunistas, geralmente omnívoras (comem de tudo), embora uma espécie se alimente apenas de algas após o primeiro ano de vida e outra prefira alimentos gelatinosos, como medusas e águas-vivas. Somente na fase adulta vão se tornar visíveis as diferenças entre machos e fêmeas. A cauda do macho, por exemplo, se torna mais grossa e chega a ultrapassar as nadadeiras posteriores. As tartarugas ganham muito peso. Um filhote recém-nascido da tartaruga de couro tem 30 gramas em média e na idade adulta chega a 750 quilos. Para atender às suas necessidades alimentares freqüentemente mudam de lugar.

Tarataruga-cabeçuda(Caretta caretta)

Tem o dorso marrom e o ventre amarelado. Seu casco mede aproximadamente um metro de comprimento e pesa cerca de 150 quilos, embora alguns exemplares cheguem a 250 quilos. Alimenta-se de peixes, camarões, caramujos, esponjas e algas. Desova preferencialmente no Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e Sergipe.

Tartaruga de pente (Eretmochelys imbricata)

Também chamada de tartaruga verdadeira ou legítima. Tem a carapaça formada por escamas marrom e amarelas, sobrepostas. A boca parece o bico de gavião e o casco pode medir até um metro de comprimento e pesar 150 quilos. É uma das mais ameaçadas de extinção. Alimenta-se de pequenos habitantes dos corais e esponjas. Para desovar busca principalmente o litoral norte da Bahia.

Tartaruga-verde(Chelonia mydas)

Alimenta-se exclusivamente de algas, depois do primeiro ano de vida. Também chamada de aruanã, tem o casco castanho esverdeado ou acinzentado, medindo cerca de 1.20 metros de comprimento. Pesa em média 250 quilos podendo atingir até 350. Para desovar prefere as ilhas oceânicas, como Fernando de Noronha, em Pernambuco, Atol das Rocas, no Rio Grande do Norte e Trindade, no Espírito Santo.

Tartaruga-oliva(Lepidochelys olivacea)

É a menor de todas as tartarugas marinhas: o casco, de cor cinza esverdeada, mede cerca de 60 centímetros e pesa em torno de 65 quilos. Alimenta-se de peixes, moluscos, crustáceos (principalmente camarões) e plantas aquáticas. No litoral de Sergipe existe hoje a mior concentração de indivíduos dessa espécie desovando no Brasil.

Tartaruga de couro (Dermochelys coriacea)

É a maior espécie de tartaruga marinha. É chamada de tartaruga gigante, por medir até dois metros de comprimento de casco e pesar até 750 quilos. Vive sempre em alto-mar, aproximando-se do litoral apenas para desova. Alimenta-se preferencialmente de águas-vivas. Há raras desovas somente no litoral do Espírito Santo.

O Projeto Tamar tem 20 bases de pesquisa em oito estados brasileiros. Oito funcionam durante todo o ano e as demais só em época de desova. As bases e as exposições itinerantes recebem mais de um milhão de visitantes a cada ano.

O Tamar gera mais de 400 empregos diretos e diversas novas fontes de receitas para as comunidades, garantindo ainda mais o apoio dos moradores.

 Cronologia do Tamar:

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1980 – criação do TAMAR.

1984 – início do patrocínio da Petrobras

1986 – proibição total da captura de qualquer espécie

1989 – um milhão de filhotes nascidos sob a proteção do Tamar

1995 – proibição de iluminação e trânsito em praias de desovas

1997 – recebimento do prêmio ambiental J. Paul Getty, da WWF

2000 – quatro milhões de filhotes nascidos em segurança

Fotos: Projeto Tamar

Fonte: Revista Tamar 20 anos www.tamar.com.br