Divisão Bryphyta (Briófitas)

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Compreendem esta divisão plantas herbáceas e pequenas, sem tecidos condutores (vasos) diferenciados. As Briófitas (Bryophyta) são vegetais, na maioria terrestres, apresentando características que as separam das algas e das plantas vasculares. Pertencem a esta divisão os musgos e líquens. Crescem em uma variedade de substratos, naturais ou artificiais, sob diversas condições microclimáticas. Abrigam vasta comunidade biótica, como pequenos animais, algas, fungos, mixomicetos, cianobactérias e protozoários. Propiciam condições, em muitos ambientes, para o desenvolvimento de plantas vasculares devido à capacidade de reter umidade. Nas briófitas não existem raízes apenas rizóides.

As briófitas possuem aspectos econômicos, pois podem ser utilizadas com indicadores ecológicos. Algumas são boas indicadoras da qualidade do solo de florestas e das condições de pH e da água em turfeiras. Certos musgos indicam a presença de cálcio na água, outros indicam a presença de alguns depósitos minerais no solo. As briófitas também servem para monitorar a poluição por metais pesados, devido à sua grande capacidade de concentrar esses elementos, e as concentrações de poluentes do ar, além dessas funções. Também podem ser usadas com alimento para peixes, mamíferos e pássaros, como iscas em pescaria, para controlar a erosão do solo, umidade e inundações , como ervas medicinais. Na biologia é aplicada em antibióticos, reguladores do crescimento de plantas, ornamentais em floriculturas, na fabricação de Whisky e o gênero Sphagnum foi usado na 2ª Guerra Mundial como algodão (anti-séptico).

Primeiros vegetais que se adaptaram à vida terrestre, apresentando tecidos verdadeiros, porém não possuem tecidos de condução (são avasculares) ou flores. Seus órgãos reprodutores são os anterídios e os arquegônios, que são protegidos pela epiderme.

As briófitas são consideradas criptógamas, e conseqüentemente, como plantas inferiores, pelo fato principal de não possuírem estruturas complexas e mesmo sem sistema condutor de seivas. Formam extensos tapetes verdes em lugares sombreados e úmidos. Com isso, impedem que a chuva penetre a fundo na terra, protegendo o solo contra a erosão e reduzindo, nas encostas, os riscos de deslizamentos. São basicamente plantas terrestres. Algumas espécies são de água doce, mas não se conhecem representantes marinhos. Há ainda briófitas epífitas, que se desenvolvem nos troncos e galhos de árvores. Todo o grupo é destituído de flores, frutos e sementes.

As briófitas dependem de água para a fecundação, uma vez que o gameta masculino (móvel) necessita de um meio líquido para se deslocar até o gameta feminino (imóvel). Portanto, embora a maioria dessas plantas seja terrestre, seus laços de dependência da água não foram totalmente rompidos.

A reprodução ocorre por alternância de gerações ou metagênese. Isso significa que o ciclo inclui uma fase sexuada e outra assexuada. A fase sexuada (de gametófito) é produtora de gametas e a assexuada (de esporófito), de esporos. A reprodução de um musgo dióico, ou seja, no qual os sexos estão separados em plantas distintas, serve para ilustrar o processo. Ao atingirem a maturidade sexual, os gametófitos (a planta permanente) produzem gametângios masculinos (anterídios) e femininos (arquegônios), em cujo interior se formam os gametas masculinos (anterozóides) e femininos (oosferas). Os anterozóides podem alcançar os oosferas por meio de gotas de orvalho ou pingos de chuva.

A união entre o anterozóide e a oosfera (fecundação), que ocorre no arquegônio, determina a formação do zigoto. Este se desenvolve e dá origem ao esporófito, produtor de esporos, que cresce sob o gametófito feminino e daí obtém seu alimento.

O esporófito é constituído de uma haste em cuja extremidade há uma cápsula que abriga os esporângios — urnas diminutas onde os esporos se formam por meiose, para serem a seguir expelidos para o meio ambiente. Em condições adequadas, cada esporo germina e se transforma numa espécie de broto, o protonema, que por sua vez dará origem a um novo musgo (gametófito), fechando o ciclo.

A Flora briofítica do Brasil conta com 3.125 espécies distribuídas em 450 gêneros e 110 famílias. Este grupo vegetal é representada por três divisões: Anthocerotae (antóceros); Hepaticae (hepáticas) e Musci (musgos).

Classe Musci

A classe Musci é subdividida em sete subclasses , 700 gêneros e aproximadamente 10.000 espécies. Aqui são incluídas todas as briófitas com o esporófito mais diferenciado que conhecemos.

Os musgos são vegetais que apresentam o corpo divido em três regiões específicas: rizoíde, caulóide, e filóide.

Reprodução:

  •  Assexuada: ocorre por fragmentação, quando a planta adulta cresce, divide-se em pedaços irregulares chamados propágulos, e estes são levados pela ação do vento e da água da chuva até o solo, germinando e formando uma nova planta.
  •  Sexuada: Ocorre alternância de gerações (Metagênese).
  •  Gametângios: órgãos produtores de gametas
  •  Planta masculina: Anterídeo – produz anterozóides.
  •  Planta feminina: arquegônio – produz oosferas

Esta divisão possui o maior número de espécies de todas as briófitas, representam mais de 95% dos musgos. São amplamente distribuídos, mas não toleram temperaturas extremamente elevadas.

Reconhecemos nesta classe 3 ordens, Andreaeales, Sphagnales e Bryales. As duas primeiras ordens são constituídas cada uma por uma única família e estas, por sua vez, por dois gêneros na primeira e um único da segunda. A última ordem compreende cerca de 700 gêneros e aproximadamente 14.000 espécies.

Classe Hepaticae

A classe Hepaticae são separadas em duas subclasses e seis ordens, com 330 gêneros e cerca de 8.000 espécies. Aqui são incluídas todas as briófitas com o esporófito mais simples que conhecemos.São hepáticas folhosas e talosas. As hepáticas folhosas são mais comuns do que as talosas. Classificamos as Hepaticae em três ordens Sphaerocarpales, Marchantiales e Jungermanniales.

Conceito – o termo hepática (hepato=fígado), deve-se a forma de fígado do gametófito, são briófitas, cujo gametófito têm forma de fígado e são características de ambientes terrestres úmidos, sobreados. O gênero mais conhecido é o Marchantia.

Reprodução:

Assexuada: os gametângios ficam localizados na ponta de estruturas denominadas gametóforos.

  •  Gametófitos masculinos -> anteridióforos -> anterídeos
  •  Gametófitos femininos -> arquegonióforos -> arquegônios.
  •  Nos arquegônios formam-se os zigotos que crescem e originam esporófitos fechando o ciclo com a produção dos esporos.

Os vegetais desta divisão apresentam as ordens baseada na estrutura do gametófito, principalmente do gametóforo (estrutura modificada onde se forma o gametângio).

Classe Anthocerotae

Aqui são classificadas as briófitas cujo esporófito é alongado, de crescimento indefinido, sem reta e nas quais os órgãos de reprodução sexuada se situam dentro do talo do gametófito. São plantas pequenas, talo simples, lobado, sem nervura central, sem escamas ventrais. Possuem estruturas de reprodução que estão imersas no talo.

Esta classe consta de uma única ordem, Anthocerotales composta por uma só família Anthocerotaceae com 5 gêneros, dos quais Anthoceros é o maior e mais freqüente, sendo abundante em todo o Brasil, inclusive no Nordeste, onde é encontrado nas serras. Os gêneros Megaceros e Dendroceros apresentam elatérios verdadeiros e o gênero Phaeoceros apresenta esporos amarelos.

Conceito: Briófitas que crescem em locais úmidos e sobreados, seu gametófito é folhoso, arredondado, e multilobado, mede cerca de 2 cm e preso ao substrato por rizóides.

Reprodução: Os gametâgios estão mergulhados nos tecidos dos gametófitos, podendo ser homotálicos ou heterotálicos. Vários esporófitos são formados em uma mesma planta após a fecundação. Possuindo uma base e um esporângio alongado, produtor de esporos.

Redação Ambientebrasil