Silvicultura do Palmito Juçara (Euterpe edulis)

A grande aceitação do palmito como alimento de sabor peculiar tem impulsionado a demanda pelo produto nos mercados nacional e internacional. Em conseqüência, cresce a procura pelo palmito bruto o que, por sua vez, acarreta a devastação das reservas nativas.

Para que o palmito continue a existir e seja fonte renovável de riqueza, deve-se conhecer as orientações legais voltadas à preservação, extração e industrialização do produto. Ao lado disso, torna-se necessário intensificar a preocupação com a reposição da espécie por meio do replantio.

Produção de Mudas

Obtenção de sementes

Para a obtenção de sementes, devem ser realizados os seguintes passos:

  • A coleta deve ser realizada quando os frutos passam da coloração esverdeada para a violácea até chegar em plena maturação com o pericarpo preto, roxo e rosado.
  • A extração da semente dá-se por lavagem e maceração do fruto, para retirar a polpa que envolve as sementes.

Em seguida, as sementes devem ser postas em peneiras e secas em ambiente ventilado. Em média, um palmiteiro de porte médio pode produzir até cinco cachos, ou de 5 a 8 kg de sementes. Um quilo de semente possui 2.000 sementes, e um quilo de frutos aproximadamente 770 frutos. Os melhores frutos provêm das palmeiras de meia idade.

Quebra de dormência

É discutível a necessidade de tratamentos pré-germinativos. Entretanto, é recomendado para acelerar a germinação:

  • imersão em água fria por 48 horas
  • estratificação em areia úmida por 30 dias
  • escarificação mecânica

Longevidade e Armazenamento

As sementes do palmiteiro apresentam, em seu estágio de maturidade fisiológica, um elevado teor de umidade (50 a 55%), dificultando por diferentes razões seu armazenamento.

Sementes desta espécie mantêm a viabilidade parcial por seis meses em ambiente de sala ou por onze meses em câmara fria (T= 5 a 10º C e UR = alta), em saco plástico bem fechado.

Semeadura

Recomenda-se semear duas a três sementes (o caroço) do palmiteiro em recipiente ou a semeadura direta no campo, utilizando-se três sementes ou mais, previamente despolpadas, semeadas em covas de 5cm de profundidade. Em sementeira, deve-se utilizar areia de rio como substrato e mantê-la sempre úmida. A germinação inicia-se entre 30 e 170 dias.

A repicagem é realizada de uma a três semanas após a germinação, ou após o aparecimento das folhas. O tempo total de viveiro é de no mínimo 9 meses.

Plantio

O plantio a pleno sol do palmiteiro não é viável. A espécie é adequada para plantio de enriquecimento em vegetação secundária, podendo o sombreamento ser definitivo ou temporário. Mudas com até 3 anos não suportam sombreamento excessivo nem sol direto.

A distribuição de frutos/sementes na superfície do solo é o sistema recomendado para o palmiteiro em floresta secundária, pela sua eficiência e baixo custo.

Tratos Culturais

Após o plantio de enriquecimento em florestas secundárias, o controle das ervas competitivas é feito através de roçadas periódicas em torno da planta, tomando-se o cuidado de não danificar suas raízes superficiais.

Exploração

Época de corte

O palmiteiro demora de oito a doze anos para alcançar o tamanho comercial no Brasil. Posteriormente, o palmital permite cortes de três ou quatro anos, para possibilitar a regeneração natural da espécie. O corte é recomendado somente após a primeira florada, pois, se houver corte prematuro da árvore, não haverá sementes para regeneração natural da espécie. O palmiteiro é uma planta que não rebrota da base, como é o caso do açaí e pupunha. A coleta implica necessariamente na morte da planta. A produtividade dos palmitais nativos é variável, estando muito relacionada ao estágio da floresta.

Documentos necessários para a extração legal do palmito no Estado do Paraná

Segundo o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) os documentos necessários para a extração do palmito são:

1. guia de autorização

2.  plano de corte

3.  mapa do terreno

4. quantidade a ser cortada

Pragas e Doenças

Doenças

Fungos Características Controle

 Diplodiasp.

 Triclariopsis paradoxa(queima preta)

 Causam pequenas lesões na planta.  Facilmente controlado com fungicidas.

Pragas

O inseto mais nocivo é o coleóptero Rhyncochorus sp. O adulto deposita os ovos na base da folha do palmiteiro e a larva desenvolve-se alimentando-se das folhas internas, até chegar ao meristema apical, matando a planta.

Projetos Desenvolvidos

Projeto Plantando Palmito (Instituto Ambiental do Paraná)

Desenvolvido pelo Instituo Ambiental do Paraná, tem como objetivo difundir o conceito de Silvicultura (cultura de palmito) entre as comunidades litorâneas que sobrevivem da extração do palmito. O projeto prevê a legalização do palmito em áreas de reflorestamento registradas, sendo que será vendido “in natura” apenas nas Centrais Municipais – nos “Mercadinhos do Palmito”.

As ações do projeto são repassadas aos municípios e às famílias cadastradas. Esta parceria propõe:

1. Aumentar a consciência ambiental.

2.Coletar sementes de palmito.

3. Plantar sementes no campo.

4. Produzir mudas em viveiros florestais municipais.

5.Plantar mudas no campo.

6.Comercializar o palmito registrado no SERFLOR (Sistema Estadual de Reposição Florestal Obrigatória-PR) em Centrais Municipais.

Abrangência do projeto:

1. Econômico: receitas permanentes através da exploração dos reflorestamentos de palmito.

2 .Ambiental: preservação do palmito e manutenção da fauna silvestre da Floresta Atlântica.

3. Social: envolvimento comunitário no processo produtivo.   

Redação Ambiente Brasil