Animais Peçonhentos

Cobras – Ofidismo

Os ofídios, também conhecidos como cobras ou serpentes, são animais vertebrados que pertencem ao grupo dos répteis – Classe Reptilia. Os acidentes com serpentes peçonhentas geralmente ocorrem quando seu ambiente é invadido. A expansão da fronteira agrícola, a redução dos hábitats naturais e o acúmulo de lixo e de materiais que propiciam o abrigo de presas, são as principais causas que provocam o encontro das pessoas com as serpentes. A conservação dos animais e do ambiente favorece os predadores (gambás, gatos-do-mato, cachorros-do-mato, gaviões e as próprias serpentes) que controlam a população da espécie.

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As cobras são animais de sangue-frio ou ectotérmicos, isto, a temperatura de seu corpo varia com a temperatura do ambiente. Por esse motivo, os répteis ficam expostos ao sol para se aquecer e diminuem a atividade durante o inverno.

As cobras alimentam-se de outros animais (a maioria roedores). Elas possuem dois sexos – machos e fêmeas, sendo difíícil diferenciar um do outro pela aparência exterior.

As estatísticas mostram que aproximadamente 78% dos acidentes ocorrem na região das pernas ou pés, 18% nas mãos e os 4% restantes em todo o resto do corpo. Ou seja, a utilização de botas e/ou perneiras e estar atento ao local onde coloca as mãos podem evitar 96% dos acidentes.

 
Características:

  • Possuem corpo alongado, coberto por escamas;
  • Mudam de pele àmedida que crescem;
  • Não possuem membros locomotores (pernas ou pastas), por outro isso se arrastam pelo chão;
  • Não possuem ouvido, portanto não escutam, mas, por outro lado, elas sentem as vibrações do solo através do próprio corpo, percebendo facilmente a aproximação de outros animais;
  • Sua língua bífida, ou seja, tem a ponta dividida em duas partes. Ela serve para explorar o ambiente, captando substâncias que se encontram no ar e encaminhando-as a um órgão localizado dentro da boca (órgão de jacobson), que desempenha função equivalente ao olfato;
  • Seus olhos não possuem pálpebras, permanecendo sempre abertos;
  • Possuem órgãos internos como os demais vertebrados: cérebro, coração, fígado ou ováários, etc. São órgãos alongados, acompanhando o formato do corpo. Porém, não possuem bexiga e eliminam a urina junto com as fezes.

Características dos acidentes ofídicos:

As reações das pessoas ao envenenamento geralmente estão associados ao tipo de serpente, à quantidade de veneno injetado, ao local da mordida e à massa corpórea do indivíduo, determinando a intensidade dos acidentes: leves, moderados ou graves.

Como cada grupo de serpente possui um veneno próprio, o médico pode saber que tipo picou e qual soro aplicar, conforme os sintomas apresentados pelo paciente. É lógico que se a serpente for capturada, facilita a identificação e adianta muito o tratamento.

 
Envenenamento Botrópico – jararaca, urutu, caiçaca, jararacuçu, etc.

As serpentes deste grupo pertencem todas ao gênero Bothrops, com exceção de Porthidium hyoprora, e causam a maioria dos acidentes no Brasil (cerca de 90%). O veneno das jararacas afeta principalmente os tecidos musculares e a coagulação do sangue.

Os sintomas do envenenamento botrópico são:

  • Até 3 horas após o acidente: dor persistente; edema (inchaço); calor e rubor (pele vermelha) na região da picada; hemorragias, tanto no local da picada como em mucosas.
  • Complicações que podem surgir: bolhas, gangrena, abcesso, choque e insuficiência renal aguda.

 Envenenamento Crotálico – cascavéis

No Brasil só há uma espécie de cascavel – Crotalus durissus – com sete subespécies que ocorrem em áreas de campos e cerrados em todo o território. Por ter guizo, é secundariamente identificada. O veneno afeta principalmente o sistema nervoso e secundariamente os músculos e rins. Causa cerca de 8% dos acidentes no Brasil. Os acidentes com cascavéis são geralmente de moderados a grave, podendo levar à morte, caso não sejam tratados adequadamente.

Os sintomas do envenenamento crotálico são:

  • Até 3 horas após o acidente: dificuldade de abrir os olhos; visão dupla; cara de bêbado; visão turva; dor muscular; urina avermelhada
  • De 6 a 12 horas após o acidente: urina marrom escura
  • Complicações: insuficiência renal aguda.

Envenenamento Laquético – surucucu, bico-de-jaca, surucucutinga

No Brasil só há uma espécie com duas subespécies: Lachesis muta muta e Lachesis muta rhombeata. A primeira é da região amazônica e a segunda da floresta atlântica, ocorrendo do norte do Rio de Janeiro em direção ao Nordeste. É a maior serpente venenosa brasileira, chegando a 3.6 metros de comprimento. Causa cerca de 1.5% dos acidentes brasileiros e seu veneno ainda é pouco estudado. Os sintomas são semelhantes ao acidente botrópico, acrescido de diarréia, diminuição da freqüência cardíaca, queda da pressão arterial e choque. Não há muitos casos de morte registrados em acidentes que foram tratados com soros.

Envenenamento Elapídico – corais

No Brasil há um gênero (Micrurus) com 17 espécies, distribuídas por todo o território nacional. O veneno das corais é bastante ativo e age no sistema nervoso. Causam cerca de 0.5% dos acidentes ofídicos. Se não houver tratamento correto, poderá levar à morte.

Sintomas: dificuldade de abrir os olhos; cara de bêbado; dificuldade de engolir; visão turva; falta de ar; insuficiência respiratória aguda.

Como proceder:

Antes de ir a uma região que possa ter serpentes peçonhentas, verifique onde é o lugar mais próximo que tenha soro. É direito do cidadão receber soroterapia gratuita em hospitais de rede pública. A Secretaria de Saúde de cada Estado pode fornecer informações sobre onde encontar soro na sua região. O único tratamento eficaz para acidentes com serpentes é a soroterapia, que deve ser feita por médico, em ambiente adequado. Quanto antes ela for inicada melhor.

No caso de acidente, saiba como proceder corretamente:

  • Tranqüilizar o acidentado, mantendo-o em repouso o máximo possível, de preferência deitado, evitando que ele se esforce
  • Manter o membro picado mais elevado que o corpo
  • Levar o acidentado a um hospital imediatamente
  • Se possível, levar a serpente que causou o acidente
  • Lavar o loval da picada com água e sabão

O que não deve ser feito:

  • Não amarrar, fazer torniquetes ou garrotes. Além de agravar o acidente, pode descaracterizá-lo dificultando o diagnóstico médico
  • Não colocar no local da picada infusões, cataplasmas, café, fumo, folhas, esterco, urina, cachaça ou querosene, que podem infeccionar ou danificar ainda mais os tecidos afetados
  • Não perfurar, cortar ou queimar o local da picada. Além de não retirar o veneno, prejudica a circulação local e favorece infecções
  • Não dar bebidas alcoólocas, querosene, gasolina, urina, remédios ou qualquer outra bebida ao acidentado. Além de não ter atividade contra o veneno, podem intoxicar ainda mais o acidentado
  • Não levar o acidentado para curandeiros ou benzedeiras. A demora de tratamento adequado pode significar a diferença entre a vida e a morte.
  • Portanto, não perca tempo com tratamentos caseiros. Eles geralmente atrapalham e agravam o quadro clínico do acidentado com serpentes.

Medidas de controle:

  • As medidas de controle individuais para os trabalhadores são regulamentadas por lei que obrigam o uso de botas de cano alto, perneiras e luvas.
  • Dentre as medidas de prevenção coletiva, deve ser ressaltado que o peridomicílio e as áreas de estocagem de grãos devam ser mantidas limpas pois, havendo facilidade para a proliferação de roedores, atraem serpentes, que os utilizam como alimento.
  • Deve ser ainda divulgado, junto às populações de risco, que animais como gansos, emas, siriemas, dentre outros, são ofiófagos e devem ser protegidos.
  • Nunca se deve andar descalo ou de chinelos em locais onde possa ocorrer cobras ou outros animais peçonhentos;
  • Mão pegar objetos, frutas ou plantas no chão sem antes observar seus arredores;
  • Mão enfiar a mão em buracos, ocos de árvores ou vos de pedras;
  • Mäo sentar, deitar ou agachar próximo a arbustos, barrancos, pedras, pilhas de madeira ou material de construção sem certificar-se de que ali não existem animais que possam oferecer algum risco;
  • Observar o local antes de entrar em lagos, rios ou cachoeiras, e também em barcos parados nas margens
  • Nas colheitas de arroz, café, milho, feijão, frutas e nas hortas preciso verificar onde se vai colocar as mãos;
  • Sapatos, botas, cobertores, sacos de dormir, etc, podem ser utilizados como abrigo por animais peçonhentos, por isso verifique-se antes de usá-los;
  • Manter limpas as áreas ao redor da casa, paiol e plantações, eliminando montes de entulho, lixo, restos de alimento, folhagens altas e fechadas. Isso evita a aproximação de ratos e outros animais que so alimentos das cobras;
  • Evitar de segurar cobras com as mãos, mesmo mortas, porque seu veneno permanece por um certo tempo após a morte do animal;
  • Devem ser protegidos os predadores naturais de serpentes, como emas, siriemas, gaviões, corujas, gambás e a conhecida cobra muçurana, que, ao se alimentarem das cobras, participam do controle natural de suas populações;
  • Capturar e criar cobras exige treinamento e autorização especial do IBAMA.

Escorpião – Escorpionismo

Os escorpiões possuem hábitos noturnos. Durante o dia escondem-se sob cascas de árvores, pedras e dentro de domícilios, principalmente em sapatos. Medem de 5 a 7 centímetros de comprimento. No Rio Grande do Sul, encontramos principalmente o escorpião preto (Bothriurus bonariensis). Seu veneno é pouco tóxico e, quando pica, pode causar dor local ou reação alérgica. Os escorpiões perigosos pertencem ao gênero Tityus, que podem ter coloração amarela (Tityus serrulatus) ou marrom avermelhado (Tityus bahiensis). Não são comuns no Rio Grande do Sul e, quando picam, causam muita dor local que se irradia. Pode causar suor, vômitos, e até mesmo choque. Acidente perigoso principalmente para crianças.

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São acidentes menos notificados que os ofídicos. Sua gravidade está relacionada à proporção entre quantidade de veneno injetado e massa corporal do indivíduo picado.

Distribuição, Morbidade, Mortalidade e Letalidade: são notificados anualmente, cerca de 8.000 acidentes, com uma letalidade variando em torno de 0,51%. Os acidentes por escorpiões são mais freqüentes no período de setembro a dezembro. Ocorre uma discreta predominância no sexo masculino e a faixa etária de 25 a 49 anos é a mais acometida. A maioria das picadas atinge os membros, havendo predominância do membro superior.

Medidas de controle: limpeza periódica do peridomicílio, evitando-se acúmulo de materiais como lenha, tijolos, pedras para evitar alojamento e proliferação de escorpiões. Cuidados de higiene das residências, manejo adequado do lixo, vedação da soleira das portas são medidas gerais auxiliares importantes na prevenção de acidentes por escorpiões. O uso de inseticidas no controle desses animais é muito discutido.

 
Aranha – Araneísmo

É o acidente menos grave e a grande maioria dos casos notificados são provenientes das regiões Sul e Sudeste, o que sugere que nas outras regiões podem ocorrer casos sem que haja registro.

Agentes Causais:

  • Phoneutria nigriventer (aranha-armadeira): responsável pela maioria dos acidentes causados por aranhas na cidade de São Paulo. Phoneutria fera: é encontrada na região Amazônica, mas os dados sobre acidentes são muito precários. Phoneutria keyserling: amplamente distribuída nas regiões Sul e Sudeste, com pequeno número de acidentes registrados.
  • Loxosceles amazonica: relato de acidente no Ceará.
  • Loxosceles gaucho (aranha marrom): causa mais freqüente de acidentes em São Paulo.
  • Loxosceles intermedia: principal espécie causadora de acidentes no Paraná e Santa Catarina.
  • Loxosceles laeta: encontrada na região Sul, possivelmente causa de acidentes.
  • Latrodectus curacaviensis (viúva-negra, flamenguinha): acidentes relatados na Bahia e no Ceará.
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Medidas de controle: limpeza periódica do peridomicílio, evitando-se acúmulo de materiais como lenha, tijolos, pedras para evitar alojamento e proliferação de escorpiões. Cuidados de higiene das residências, manejo adequado do lixo, vedação da soleira das portas são medidas gerais auxiliares importantes na prevenção de acidentes por aranhas. O uso de inseticidas no controle desses animais é muito discutido.

Todos os animais participam ativamente do equilíbrio ecológico e são de grande utilidade no controle de pragas. Aprenda a conviver em harmonia com os animais, respeitando seu ecossistema, evitando assim graves acidentes.

Redação Ambientebrasil