Segundo projeções da WTO (World Turism Organization – Organização Mundial do Turismo), o ecoturismo já é praticado por cerca de 5% do contingente total de viajantes, com perspectivas de um crescimento acima da média do mercado turístico convencional (cerca de 20%/ano), transformando-se num dos mercados mais promissores, principalmente em países com significativas reservas naturais, como os da América Latina.
Desde meados dos anos oitenta que o nome “ecoturismo” passou a integrar o mercado brasileiro. Com a ampliação da demanda e da oferta ecoturística, a atividade passou a chamar a atenção das autoridades governamentais brasileiras que tratou de estabelecer programas específico para este segmento. O primeiro programa estabelecido pela Embratur em 1987, Projeto Turismo Ecológico, não emplacou.
Atualmente, o ecoturismo tem recebido um tratamento diferenciado das autoridades governamentais brasileiras do turismo. Um Grupo de Trabalho organizado pelo Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo e pelo Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia Legal, em Goiás Velho-GO, em 1994, constituído por técnicos da Embratur, por especialistas e empresários do setor, buscou formular nossa conceituação para o ecoturismo, inspirado em nossos anseios e em nossa experiência, onde foram traçadas, também, as Diretrizes para umaPolítica Nacional de Ecoturismo.
Hoje o país procura implementar esta política através de programas em nível regional e local, porém há inúmeros problemas burocráticos, conceituais e financeiros para sua implementação efetiva, além de movimentar interesses políticos em função do potencial de atração de recursos que a atividade pode atrair.
O conceito oficial brasileiro diz que o Ecoturismo é “…um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem estar das populações envolvidas.”
Os objetivos básicos da Política Nacional de Ecoturismo forma definidos e visam:
– compatibilizar as atividades de ecoturismo com a conservação de áreas naturais;
– fortalecer a cooperação inter-institucional;
– possibilitar a participação efetiva de todos os segmentos atuantes no setor;
– promover e estimular a capacitação de recursos humanos para o ecoturismo;
– promover, incentivar e estimular a criação e melhoria da infra- estrutura para a atividade de ecoturismo e promover o aproveitamento do ecoturismo como veículo de educação ambiental.
Fonte: BRASIL – MICT/MMA, 1994 – Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo.
A partir desta definição e aliados aos conceitos desenvolvidos por diversos especialistas internacionais, definiu-se os princípios e critérios a serem adotados pelo ecoturismo (Projeto OCE – Oficinas de Capacitação em Ecoturismo, 1994), que permitem sua identificação diferenciada perante o turismo convencional, consagrando conceitos e práticas que vem sendo adotadas também por parte do empresariado do turismo convencional, tornando-se tendências que deveriam ser seguidas por qualquer atividade turística responsável.
Princípios do Ecoturismo
– Conservação e uso sustentável dos recursos naturais e culturais;
– Informação e interpretação ambiental;
– É um negócio e deve gerar recursos;
– Deve haver reversão dos benefícios para a comunidade local e para a conservação dos recursos naturais e culturais;
– Deve ter envolvimento da comunidade local.
Critérios do Ecoturismo
– Manejo e administração verde do empreendimento;
– Associações e parcerias entre os setores governamentais e não governamentais locais, regionais e nacionais;
– Educação Ambiental para o turista e para a comunidade local;
– Guias conscientes, interessados e responsáveis;
– Planejamento integrado, com preferência à regionalização;
– Promoção de experiências únicas e inesquecíveis em um destino exótico;
– Monitoramento e avaliação constante;
– Turismo de baixo impacto;
– Código de ética para o mercado do ecoturismo
O chamado ecoturismo é uma atividade que, em primeiro lugar, promove o reencontro do homem com a natureza de forma a compreender as ecossistemas que mantêm a vida. As atividades são desenvolvidas através da observação do ambiente natural, através da transmissão de informações e conceitos ou através da simples contemplação da paisagem.
No turista, este processo auxilia no desenvolvimento da consciência da própria existência em equilíbrio na natureza visando, ainda, a manutenção da qualidade de vida das gerações atuais e futuras. Esse aprendizado permite que o turista tenha a possibilidade de transformar e renovar seu comportamento cotidiano. A realidade urbana com a qual o turista convive rotineiramente, passa a ser questionada gerando reflexões sobre poluição destes grandes centros, manutenção de áreas verdes, destinação e reciclagem de lixo e qualidade de vida. Objetiva-se, assim, a incorporação e tradução destas reflexões na forma de comportamento e posturas no seu ambiente de origem.
Atividades de ecoturismo procuram promover programas sérios e infra-estrutura segura e profissional, oferecendo e praticando a educação ambiental de forma multidisciplinar com guias especializados. O desenvolvimento de roteiros e programas diferenciados a vários tipos de ambientes, associadas à transmissão de informações e conceitos, levam com relativa facilidade ao aprendizado. Mas o grande legado deixado no turista é a compreensão e a consciência da importância de se preservar o ambiente natural, a história e a cultura dos lugares de visitação.
Fonte: Projeto OCE – Oficinas de Capacitação em Ecoturismo, 1994.