Projetos de Pesquisa
Nome | Tema | Título/Grupos de Pesquisa | Instituição |
Rudolph J. Trouw | Geologia | Mapa Geológico da Ilha do Elefante | UFRJ |
Ana Lúcia Ponte Freitas | Macroalgas | Estudo Bioquímico da Flora Antártica | UFC |
Maria Helena Matté | Bactérias | Estudo da Diversidade de Organismos Pertencentes ao Gênero Aeromonas | USP |
Metry Bacila | Peixes | Estrutura e Organização do Genoma Mitocondrial de Peixes | PUCPR |
Edith S. E. Fanta | Peixes | Biologia Integrativa de Peixes no Ecossistema Antártico | UFPR |
Edson Rodrigues | Peixes | Metabolismo Nitrogenado em Peixes Antárticos | UNITAU |
Theresinha M. Absher | Invertebrados Marinhos | Interação Plâncton-Bentos | CEM-UFPR |
Theresinha M. Absher | Invertebrados Marinhos | Reprodução de invertebrados marinhos bênticos | CEM-UFPR |
Heitor Evangelista | Atmosfera-gelo | Interrelação Criosfera-Troposfera – Relação atmosfera-gelo | UERJ |
Alberto Setzer | Gelo-Clima | Interrelação Criosfera-Troposfera – Gelo e Clima | INPE |
Liliana Rizzo Piazza | Meio geoespacial | Meio Espacial e Impacto Ambiental – Anomalias no meio geoespacial e seus efeitos na atmosfera terrestre polar, regional e global | Mackenzie |
Hisao Takahashi | Mesosfera | Meio Espacial e Impacto Ambiental – Temperatura da mesosfera | INPE |
Volker W.J.H.Kirchhoff | Ozônio | Meio Espacial e Impacto Ambiental – Ozônio, do NO2 e radiação ultravioleta | INPE |
Paulo R. Dos Santos | Geologia | Geologia e Sedimentação Glacial | USP |
Carlos A E. Garcia | Oceanografia Física | Oceanografia de Altas Latitudes – Processos hidrodinâmicos | FURG |
Maria Cordélia S. Machado | Fitoplâncton | Oceanografia de Altas Latitudes – Fitoplâncton | USU |
Paul Gerhard Kinas | Baleias | Oceanografia de Altas Latitudes – Baleias | FURG |
Rosane Gonçalves Ito | Oceanografia Química | Gases dissolvidos | IO/USP |
Márcia Bícego | Oceanografia Química | Hidrocarbonetos | IO/USP |
Rosalinda Montone | Oceanografia Química | Química orgânica marinha | IO/USP |
Elizabeth Braga | Oceanografia Química | Nutrientes/metais pesados | IO/USP |
Michel M. de Mahiques | Oceanografia Geológica | Oceanografia Geológica | IO/USP |
Norberto Dani | SIG | Sensoriamento Remoto e Sistema de Informações Geográficas | UFRGS |
Carlos Schaefer | Criossolos | Criossolos | UFV |
Antonio Batista Pereira | Comunidades Vegetais Terrestres | Comunidades vegetais de áreas de degelo | ULBRA |
Martin Sander | Aves/Pinipédios | Abundância e distribuição de Aves e Pinipédios | UNISINOS |
Phan Van Ngan | Crustáceos/Peixes | Biomarcadores | IO/USP |
Lúcia Campos-Creasey | Comunidade Bentônica | Geamb | UFRJ |
Cristina Engel Alvarez | Arquitetura | Arquitetura e Engenharia | UFES |
De acordo com o Protocolo ao Tratado da Antártica, o parâmetro para a análise de impactos ambientais no continente antártico é o de impacto menor ou transitório. Com a finalidade de subsidiar o parecer, transcrevemos o conceito adotado pelo PROANTAR:
IMT – será considerado impacto menor ou transitório, aquele que for observável durante apenas um curto de período de tempo, que não ultrapasse a capacidade assimiladora natural local de seus efeitos, e que, em particular, não introduza espécies exóticas na região, modifique de forma claramente visível os habitats naturais e turísticos, a fisiografia local, os valores estéticos, históricos, naturais e turísticos, introduza contaminantes em níveis superiores aos padrões internacionais, gere ruídos e odores que possam perturbar o comportamento normal das espécies da região, perturbe outras atividades e a segurança humana e que, conseqüentemente, ainda que possa requerer algumas medidas de mitigação, não exige medidas de recuperação, nem de avaliação de alternativas locacionais e tecnológicas.
SIMT – será considerado impacto superior a um impacto menor ou transitório, todo aquele cujos efeitos sejam de curta ou longa duração, que ultrapasse a capacidade assimiladora natural local de seus efeitos, que viole acordos internacionais sobre a proteção dos ecossistemas antárticos e de seus recursos naturais, bem como provoque riscos à segurança humana, e que, em particular, reduza a diversidade específica, e que, conseqüentemente, requeira medidas efetivas de mitigação/eliminação, através inclusive, da avaliação de alternativas locacionais e tecnológicas, bem como, de recuperação de ambientes atingidos. Atividades indutoras de deste nível de impacto são, entre outras, a construção de edifícios, o abandono de estações de pesquisas, perfurações no gelo usando fluídos para essa atividade, construção operação de novas estações de pesquisas, a construção de aeroportos e as operações de navios de passageiros ou de transporte (…, reparos, disposição de resíduos, vazamentos diversos, navegação fora das rotas permitidas, desembarque de passageiros em áreas não permitidas, etc.).
IIMT – será considerado inferior a um impacto menor ou transitório, aquele que seja de muito curta duração, que não induza qualquer efeito mencionado no primeiro item, em qualquer grau, nível e extensão, intensidade etc., que não requeira qualquer medida de mitigação e, em especial, que possa ser repetido sem atingir o limite da capacidade assimiladora de seus efeitos, e que, estritamente, se caracterize como uma pequena atividade resultante ou necessária a uma pesquisa científica/tecnológica, bem como, as que forem ser realizadas em estações permanentes ou estacionais de pesquisa. Serão também considerados deste nível, operações com aviões utilizando áreas não previamente preparadas para a sua aterrissagem, pequenas embarcações, a renovação de resíduos de estações de pesquisa abandonadas e atividades necessárias à conservação de locais históricos.
Projeto Ambiental Induzido
Iniciativas Ambientais Brasileiras
Ao ratificar o Tratado da Antártica, o Brasil assumiu compromissos internacionais que implicam no dever de realizar pesquisa científica e de preservar o meio ambiente antártico. Por ser o órgão responsável pelas políticas e diretrizes de conservação ambiental, coube ao Ministério do Meio Ambiente a atribuição de coordenar o Grupo de Avaliação Ambiental do Proantar (GAAm), encarregado de avaliar o impacto das atividades brasileiras no ambiente antártico, garantindo ao País o cumprimento das diretrizes estabelecidas no Protocolo ao Tratado da Antártica sobre Proteção do Meio Ambiente – Protocolo de Madri.
Para cumprir com esse compromisso internacional, foi induzida uma proposta de trabalho integrada, mediante a conjugação de esforços do MMA, MCT e SeCIRM, que visa a avaliação de mudanças ambientais na antártica, seus impactos global e local. Esse projeto tem duas linhas de ação, na forma de duas redes de pesquisa: mudança ambiental global e seu impacto no território brasileiro e monitoramento dos indicadores ambientais básicos para avaliação do impacto local causado pelas atividades do PROANTAR na Antártica. Essas iniciativas ambientais têm sido o principal foco do Programa este ano.
Mudanças Ambientais Globais
Impactos ambientais globais na Antártica Rede formada por doze grupos de pesquisadores investigará os reflexos das mudanças ambientais na Antártica e as conseqüências que as mudanças no Continente Gelado podem provocar no restante do planeta
Pela primeira vez em sua história, o Programa Antártico Brasileiro realiza pesquisas induzidas. Em uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente – e execução científica do CNPq/MCT e logística da Marinha do Brasil – foram criadas duas redes de pesquisa para avaliar o impacto global e local das mudanças ambientais na Antártica.
A Rede 1, formada por doze grupos de pesquisadores, reunidos em sete grupos temáticos, irá estudar aspectos relacionados às mudanças ambientais globais. Ou seja, irá investigar os reflexos dessas alterações percebidas na Antártica. Estão envolvidas no trabalho 16 instituições brasileiras, várias delas que realizam projetos conjuntos com 17 grupos de pesquisa de outras nações.
Para isso, realizará estudos integrados da atmosfera, do gelo, do solo e do oceano. Os resultados dessas pesquisas melhorarão o conhecimento sobre o papel da Antártica como um dos controladores do meio-ambiente terrestre e, em especial, do meio-ambiente da América do Sul.
Além do estudo da variabilidade climática passada (últimos 300 anos), a Rede 1 irá monitorar parâmetros físicos, químicos e biológicos e tentar identificar as causas para a rápida alteração ambiental que tem sido verificada nos últimos 20 anos.
A Antártica é o mais perfeito laboratório natural do Planeta para estudos de mudanças ambientais, entre outras peculiaridades, pelo fato de o gelo registrar, em sua composição, a composição atmosférica. Em camadas que se sobrepõem ano a ano, fica parte da atmosfera, que pode ser reconhecida e datada milhares de anos depois. Isso possibilita o estudo da variação da composição atmosférica ao longo dos séculos e, conseqüentemente, da mudança climática.
Além de registrar as mudanças ambientais, por ser o ecossistema mais frágil do Planeta, o Continente Gelado reage imediatamente às mudanças globais. O continente perdeu mais de 15.000 quilômetros quadrados de gelo ao longo dos últimos 15 anos. Na região da Península Antártica foi registrado aquecimento atmosférico de mais de 2º C nos últimos 50 anos.
Mas o Continente Gelado não apenas recebe os impactos das alterações. A Antártica é um dos principais controladores do sistema climático terrestre e do nível dos mares – seu volume de gelo, 25 milhões de quilômetros cúbicos, se totalmente derretido, equivaleria a um aumento de 70 metros no nível médio dos mares. É na Antártica também que são formadas as águas profundas de todos os oceanos do Planeta. De que forma as mudanças provocadas ali podem se refletir no restante do planeta é uma das principais questões que os cientistas brasileiros ligados à Rede 1 do Proantar irão buscar responder.
Um grupo de pesquisa centrará o seu estudo na Criosfera e na Troposfera (interação gelo-atmosfera), visando a identificação da variabilidade climática na região, ao longo dos últimos 300 anos, e o monitoramento da resposta da calota de gelo local ao aquecimento atmosférico. Uma perspectiva de longo prazo será fornecida por estudos sedimentológicos e geológicos realizados nas Ilhas Shetlands do Sul. Uma das ações imediatas do grupo será a análise e a interpretação ambiental de um testemunho de gelo de 117 m coletado na ilha James Ross em 1998 (um esforço conjunto argentino-franco-brasileiro), que proporcionará um importante elo entre os registros ambientais da Península Antártica e os da América do Sul. Espera-se que a coleta de amostras de aerossol e neve, em locais distintos, forneçam informações sobre a relação entre a composição do gelo e da atmosfera. Este grupo visa, também, a utilização de modelos de circulação geral da atmosfera que venham a incrementar o conhecimento sobre a influência exercida pela Antártica sobre as condições meteorológicas e climatológicas da América do Sul.
Uma pesquisa oceanográfica multidisciplinar se dedicará ao monitoramento de parâmetros ambientais bióticos e abióticos do Oceano Austral e seus reflexos no Atlântico Sul. Serão investigadas a taxa de formação das águas profundas, geradas no mar de Weddell, e sua exportação para o Atlântico Sul, bem como a circulação superficial no Oceano Austral. O papel dos oceanos no ciclo global do carbono e a resposta do ecossistema às mudanças ambientais globais poderão ser esclarecidos por meio do conhecimento do fitoplâncton e da estrutura trófica do ecossistema pelágico antártico. Complementarmente, a caracterização dos padrões de distribuição e a obtenção de dados de abundância de mamíferos marinhos e sua correlação com parâmetros bióticos e abióticos possivelmente permitirão, a médio ou longo prazo, obter parâmetros referenciais para o monitoramento das tendências e das oscilações na abundância e nos padrões de distribuição tanto dos predadores como das presas e das suas reações a mudanças ambientais.
O Instituto Brasileiro de Pesquisas Espaciais (INPE) dará continuidade ao seu monitoramento de longo prazo do ozônio estratosférico e radiações UV-B na Antártica, e extremo sul da América do Sul (Punta Arenas), associado a estudos similares no Brasil. Atualmente, esse mesmo grupo executa medições de concentrações de NO2. Um novo projeto de pesquisa, a ser executado pelo INPE, será o monitoramento de longo prazo da temperatura da mesosfera, voltado para o desenvolvimento de um índice de aquecimento global atmosférico. Finalmente, os cientistas do INPE irão pesquisar o Tempo Espacial, baseados em observações feitas na Antártica, e focados em questões como a função das variações da radiação solar em vários comprimentos de onda, como por exemplo, a radiação Infravermelha e UV na atmosfera, assim como nas interações dos raios cósmicos com a cobertura de nuvens da região.
Monitoramento Ambiental Local
Monitoramento da Baía do Almirantado
Foi criada uma rede de pesquisa, formada por quinze grupos, para estudar diferentes aspectos do impacto ambiental provocado pela ação humana na área onde está instalada a Estação Antártica Comandante Ferraz
Ao ratificar o Tratado da Antártica, o Brasil assumiu compromissos internacionais que implicam no dever de realizar pesquisa científica e de preservar o meio ambiente antártico. O Brasil é membro consultivo do Tratado da Antártica, tendo direito a voto nas decisões sobre o futuro do Continente. Essa condição foi conquistada graças à qualidade da pesquisa realizada por cientistas brasileiros na Antártica.
O Protocolo ao Tratado da Antártica sobre proteção do Meio Ambiente – Protocolo de Madri – estabeleceu diversos procedimentos a serem seguidos na execução de pesquisas científicas e no apoio logístico às estações antárticas, visando a proteção da flora e da fauna da região. Impõe, também, rigorosas regras e limitações à eliminação de resíduos, bem como recomenda medidas preventivas contra a poluição marinha. Outra recomendação do Protocolo de Madri é que seja avaliado o impacto ambiental das atividades desenvolvidas na região.
A Estação Ferraz está instalada próxima à Península Antártica, na Ilha Rei George, a maior ilha do Arquipélago das Shetlands do Sul, mais exatamente na Baía do Almirantado, que possui três enseadas, Martel, Mackelar e Ezcurra. Ferraz fica na entrada esquerda da Enseada Martel.
Toda a região da Baía do Almirantado – incluindo terra e mar – foi classificada como Área Antártica Especialmente Gerenciada. Isso significa que os países instalados na Baía, além do Brasil, Peru, Polônia, Estados Unidos e Equador devem administrar a região, por meio de um plano de manejo apropriado, a fim de evitar impactos cumulativos.
Monitorar o impacto da presença humana na região é o objetivo da Rede 2, criada por iniciativa do Ministério do Meio Ambiente: realizar um estudo abrangente das condições ambientais dessa região que permita avaliar o impacto de atividades humanas provocado pelos cientistas, turistas e pessoal de apoio das estações, além dos impactos decorrentes de operações logísticas atuais e passadas.
Para a realização desse estudo, vários grupos estão trabalhando, simultaneamente, nos mesmos locais, utilizando as mesmas coletas para avaliar diferentes aspectos. “É um projeto temático e integrado”, destaca o coordenador da Rede 2, doutor Rolf Weber, professor e pesquisador do Instituto Oceanográfico da USP.
Ao longo dos 20 anos de existência do Programa Antártico Brasileiro (Proantar), foram realizadas várias pesquisas na área da Baía do Almirantado. Esses dados pretéritos estão, agora, sendo reunidos, avaliados e padronizados para que se possa compará-los aos dados que serão gerados pelas pesquisas realizadas pelos grupos da Rede 2.
Nas pesquisas iniciadas neste ano serão estudados aspectos físicos (correntes marinhas); químicos (absorção de carbono pelo oceano, presença de hidrocarbonetos, indicadores químicos de esgoto, metais pesados); microbiológicos (indicadores microbiológicos de origem fecal, microorganismos degradadores); biológicos (comunidades bentônicas, biomarcadores, aves, comunidades vegetais) e geológicos (sedimento, criossolos). Há ainda um projeto de pesquisa na área de tecnologia de edificações que diagnosticará as condições da Estação Antártica Brasileira Comandante Ferraz e de três refúgios.
Um dos quinze grupos é responsável pela elaboração de um banco de dados que será disponibilizado na internet. Trata-se do Sistema de Informações Geográficas (SIG) responsável, também, pela padronização dos dados já existentes e pela elaboração de mapas temáticos da Baía do Almirantado, bem como de sua variação no tempo. Por exemplo, a um clique, será possível comparar a situação das colônias de pingüins de alguns anos atrás com a situação atual das colônias.
Com a compilação de todos esses dados, será possível avaliar os impactos causados pela presença humana na Baía do Almirantado, realizar o gerenciamento da área e até mesmo desenvolver ações mitigadoras de possíveis impactos ambientais na região.
Rede 2
Coordenador: Rolf Weber – Instituto Oceanográfico – USP
Fone: 11 3091 6614
Fax: 11 3091 6610
e-mail: rorweber@usp.br
Fonte: MMA (Ministério do Meio Ambiente)