Região: Sudeste
Estado: Rio de Janeiro
Município: Teresópolis, Cachoeira do Macacú e Guapimirim
Bioma: Floresta Atlântica Área: 5.000 ha
Criação: Decreto 9803 (03/12/1987)
Unidade de Proteção Integral
Seu surgimento foi estimulado pela existência do Centro de Primatologia do Rio de Janeiro, CPRJ, no vale do Rio Paraíso. Viabilizada em 1987, visa salvaguardar os remanescentes do ecossistema florestal atlântico em território fluminense e assegurar a manutenção de mananciais hídricos.
Já o CPRJ, implantado pela FEEMA em 1979, em Guapimirim, tem como atribuição principal a guarda e procriação em cativeiro de primatas da fauna brasileira principalmente da Floresta Atlântica, ameaçados de extinção – com atenção especial ao mico-leão dourado-, abriga 250 primatas, divididos em 16 espécies e conta com Serviço de Medicina Veterinária, responsável pelo acompanhamento médico dos primatas, Serviço de Manejo e Nutrição, responsável pelo registro de entradas, doações, permuta, alimentação, Núcleo de Restauração de Habitat, responsável pela conservação do ambiente florestal na área externa, além do Museu de Primatologia.
O relevo montanhoso e escarpado, com declives abruptos e vales encaixados, predominam na maior parte da área. Um trecho menor exibe topografia menos alcantilada, no sopé das elevações e baixada. Na região são encontrados dois tipos de clima. Nos terrenos situados em níveis mais baixos, o clima é quente e úmido a superúmido, com estação chuvosa no verão, pluviosidade média anual entre 2.000 e 2.5000mm, sendo a média anual de temperatura mais fria superior a 18o C. Na área de maiores altitudes, prevalece o clima superúmido, com precipitações fluviais que excedem o índice de 2.500mm anuais, e temperatura média anual entre 16o e 18o C.
A área abriga nascentes e cursos d’água que fluem das vertentes íngremes da Serra dos Órgãos, voltadas para o litoral, destacando-se os rios Paraíso, Anil e Caboclo, formadores das sub-bacias tributárias do Rio Guapiaçú. Constituem mananciais de suma importância e de interesse para o abastecimento hídrico da população regional, como o Rio Paraíso ou Orindi-Açú, cujas águas são represadas e distribuídas pela CEDAE, que mantém na área o reservatório e aduto. As elevações locais estão integradas no conjunto da Serra do Mar, com afloramento rochoso e capas de solo pouco espessas. As características são as mesmas das unidades descritas anteriormente. O perfil das encostas é realçada peculiarmente por densa cobertura florestal.
A vegetação tal como descrito nas outras Unidades de Conservação apresenta um estrato arbóreo, cuja altura alcança 25 metros de altura, além de um estrato de arvoretas e arbustos e um outro herbáceo. Correspondendo às condições favoráveis de umidade e sombra, há grande riqueza de formas vegetais, com profusão de epífitas (bromeliáceas, orquidáceas), briófitas e fanerogâmicas. Na verdade, são em grande parte formações secundárias em avançado estágio de desenvolvimento, misturadas com contigentes naturais da outrora magnífica Floresta Atlântica. Tais formações vegetais, contribuem para a estabilidade do regime hídrico-florestal, além de manter uma fauna selvagem que ali encontram alimento e refúgio. Algumas espécies identificadas, que demonstram a riqueza de diversidade da área: pau-pereira, bicuíba, pau d’alho, jequitibá, cambuí-branco, palmito, palmeira e outras.
Nas partes devastadas dos morros a cobertura é rasteira, entremeada de capoeiras ralas, pastagens e nas partes baixas, algumas formações brejosas, de importância para certas espécies de fauna. Os terrenos situados nas baixadas e meias encostas, com intervenção antrópica acentuada, exibem os efeitos das atividades agropecuárias, onde prevalecem muitos capinzais, plantas rasteiras e manchas de capoeiras.
As espécies da fauna encontrada na região são de inestimável valor, muitas delas em perigo de extinção. Foram identificados gambás, macaco guariba, macaco preto, vários saguis, preguiça, tamanduá-mirim, tatú, caxinguelê, ouriço-caxeiro, preá, paca, capivara e a rara cuíca d´água. A avifauna também é abundante: garças, inhambú, macuco, marreca-ananaí, urubu-caçador, gavião, beija-flor, pica-pau amarelo, joão-de-barro, trinca-ferro, saíra-sete-cores e uma espécie rara de pomba- espelho. As belas borboletas azuis são bastante frequentes na área. Algumas espécies de cobras foram identificadas: jibóia, cobra-coral, cobra- cipó. É uma riqueza de espécies que encanta pesquisadores e moradores da região.
Quanto ao meio antrópico, as condições topográficas apresentando altas declividades não só dificultaram o acesso do homem, como restringiram a ocupação por atividades de caráter econômico, limitando o uso ao extravismo de alguns recursos, por vezes de forma predatória. A estrutura fundiária da área e do entorno é marcada pelas grandes propriedades. As pequenas glebas se adensam ao sul do território de Cachoeira de Macacu (Japuíba, Papucaia e José da Boa Morte) e resultam de programas de colonização do INCRA ou de áreas loteadas, acompanhando a RJ-116 e, em menor escala, a RJ-122.
A principal atividade desenvolvida nas propriedades rurais é a agrícola (horticultura, fruticultura e cultura de grãos), em seguida em escala percentual vem a pecuária e a agropecuária. A banana constitui o único produto industrializado em relativamente grande escala. A topografia é determinante do cultivo, uma vez que as encostas do declive acentuado são destinadas a esse cultivo, e as meias e baixas encostas são aproveitadas pela olericultura (feijão de vagem, inhame, quiabo, batata- doce) e pela pecuária extensiva, principalmente criação leiteira.
Na área sob domínio da CEDAE acham-se edificações da própria companhia, que atendem a sua administração e/ou servem como imóveis residenciais de serviços públicos. São cerca de vinte unidades dispersas na área do Paraíso, no município de Guapimirim. Constatam-se ainda uma capela, uma escola municipal e um campo de futebol.
Os principais problemas identificados são a situação fundiária, a caça ilegal, extração ilegal de madeiras e espécies (principalmente o palmito – Euterpe edulis), fiscalização deficiente.