Operações do Manejo

A produção de um maciço florestal depende dos fatores genéticos das espécies e sementes utilizadas, da capacidade do sítio e das técnicas de manejo adotadas. Após o plantio, a produção florestal pode ser influenciada pelos fatores:

1. Melhoramento das condições ambientais, como adubações controle de pragas e competição por ervas daninhas.

2. Diminuição da população original, através de desbastes, disponibilizando melhores condições de luz, nutrientes e água às plantas.

3. Aprimoramento da qualidade das árvores, através da poda.

Tratos Culturais Existem dois problemas imediatos após o plantio: a mortalidade das mudas e o crescimento extremamente lento ou crescimento travado.

Algumas semanas após o plantio, faz-se uma estimativa sobre o número das mudas que estão mortas. Por exemplo, em um plantio onde uma em cada 5 mudas está morta, significa que há uma porcentagem de sobrevivência de 80% ou uma mortalidade de 20%. Se a mortalidade das plantas apresenta-se muito alta, é preciso efetuar o replantio nos espaços livres. É necessário tomar cuidado com a demora do replantio, pois certos atrasos podem causar às mudas replantadas desvantagens permanentes, em crescimento e desenvolvimento.

São vários os fatores que influenciam a sobrevivência das mudas no início do plantio:

  • A habilidade dos operários durante o plantio, a firmeza do solo ao redor das raízes e a profundidade das covas.
  • As condições meteorológicas após o plantio.
  • A qualidade das sementes, mudas com raiz nua ou mudas em embalagem.
  • Condições desfavoráveis do solo, como superfície alagada ou erosão.
  • Ataque de formigas, cupins ou fungos.
  • Competição de ervas daninhas.
  • Danos causados por animais (criação intensiva, etc.).

As mudas destinadas ao replantio devem ser de boa qualidade, um pouco maior que o normal e com raízes bem desenvolvidas.

O crescimento lento e deficiente, mesmo sem a ocorrência de pragas, pode ocorrer em qualquer período. Normalmente acontece antes do fechamento do dossel. Como aspectos visíveis: a má formação das acículas ou folhas e um crescimento anual de 1 ou 2 cm; contudo, existem vários fatores podem causar esta deficiência em crescimento e desenvolvimento:

  • Seleção errada das espécies.
  • Deficiência de nutrientes.
  • Drenagem insuficiente do solo ou lixiviação excessiva.
  • Problemas no solo, como compactação, erosão.
  • Deficiência ou ausência da associação micorrízica.
  • Capinas insuficientes, criação intensiva de animais, e outras.

Através de uma correta adubação, pode-se conseguir melhorar as condições dos solos empobrecidos ou compactados, enriquecer os solos, favorecer o crescimento das mudas, aumentar a resistência das plantas contra fungos, insetos e doenças. A adubação é recomendada, conforme os resultados das análises de solo realizadas em laboratório e de acordo com as exigências da espécie selecionada.

 Nutriente   Importância
 Nitrogênio  (N)   É o elemento mais importante para a elaboração de substâncias no interior da célula e na clorofila, sendo portanto fundamental para os processos vitais da planta.
Fósforo (P) Mantém o crescimento das raízes, da inflorescência e das sementes, favorece o processo de lignificação e é importante para a atividade da microflora e microfauna do solo.
Potássio (K)

Influencia a atividade das enzimas, regula o balanço de água das plantas e é componente indispensável para a constituição da celulose e do processo de lignificação.

Cálcio (Ca) Atua como regulador dos nutrientes das plantas, protege a formação da clorofila, tem importância como elemento da estrutura das plantas e é um bom desacidificador do solo.
Magnésio (Mg) Atua na formação das clorofilas e conseqüentemente tem influência na fotossíntese.

Em relação à limpeza do terreno, para evitar a competição de água, luz e nutrientes pelo mato e por ervas daninhas, há o método manual, através de coroamentos e roçadas; o mecânico, através de gradeação superficial, e o químico, através da aplicação de herbicidas.

Sempre que houver a competição por mato ou ervas daninhas, independente da época, deve-se fazer a limpeza. Principalmente na época de crescimento (primavera), o plantio deve estar isento destes problemas para facilitar e estimular um bom desenvolvimento, sem a competição.

Desbastes

Os desbastes são executados com diferentes finalidades, entre elas: o aumento da produção volumétrica, a melhoria da qualidade do produto final e para acelerar o retorno dos investimentos, diminuindo os riscos do projeto.

Os métodos de desbaste são:

Seletivo: tem por objetivo a seleção e a proteção das melhores árvores pela eliminação da competição com as árvores vizinhas. São classificados em:

Desbastes baixos – visam a supressão apenas de árvores dominadas (árvores que apresentam copas raquíticas comprimidas ou unilateralmente desenvolvidas), sendo empregados com bastante freqüência em povoamentos de Pinus. É a forma mais comum de desbaste seletivo. O resultado é um povoamento com um estrato apenas de árvores dominantes e codominantes.

Desbastes altos – visam a retirada principalmente de árvores codominantes (árvores que apresentam copas formadas, mas fracas, em desenvolvimento) dando às dominantes melhores condições de sobrevivência e crescimento.

Sistemático: neste desbaste não se leva em consideração a classe da copa nem a qualidade das árvores a serem retiradas. Normalmente são retiradas linhas inteiras de árvores; sendo assim, o peso do desbaste dependerá do número de linhas retiradas.

Seletivo-sistemático: neste caso corta-se, a cada número fixo de linhas, uma linha inteira e nas linhas que ficam faz-se um desbaste seletivo, de onde se retiram as piores árvores (finas, bifurcadas, quebradas).

Graus de intensidade dos desbaste

Desbaste baixo
Leve Elimina além das árvores doentes, as oprimidas.
 Moderado  Retira árvores doentes e dominadas.
Forte Árvores doentes, dominadas e algumas dominantes e codominantes.
Muito forte O povoamento fica somente composto por árvores com boa forma de fuste e copa, com bom espaço para crescimento e com distribuição simétrica no sítio.
Desbaste alto
Leve São retiradas todas as árvores mortas, esmorecidas e doentes. Além destas, eliminam-se algumas árvores das classes dominantes, para aumentar o espaço vital dos elementos deste grupo.
 Forte  As árvores do corte final são em geral selecionadas. Beneficia um certo número de árvores de melhor incremento do povoamento.

Outros métodos de desbastes que são utilizados:

Arruda Veiga: para este método, existe um limite máximo de assimilação dos fatores disponíveis como luz, água e nutrientes em relação à área basal do povoamento.

Deichmann: método desenvolvido especificamente para povoamentos de Araucaria angustifolia. Baseia-se no espaço ocupado pelo crescimento.

Pré-selecionado: consiste na seleção de árvores que ficarão para o corte final. O intervalo entre os desbastes, de aproximadamente três anos, sempre retirando as árvores mais próximas das selecionadas, visa dar melhor condição de luz, água e nutrientes às selecionadas.

Podas

A poda, que também é designada por derrama, desrama ou derramagem, é a supressão e o corte de galhos ou ramos ao longo do fuste, sendo uma alternativa viável para obtenção de madeira e produtos de alta qualidade, sem ocorrência de nós.

Nó é o ponto de inserção de um ramo no fuste da árvore. Nesse local as fibras sofrem um desvio de direção, afetando o valor tecnológico da madeira pela sua inserção, forma, sanidade e localização. Há vários tipos de nós, conseqüências da não efetivação da poda, ou de podas bem ou mal conduzidas.

Nó vivo: é aquele que faz parte da madeira em conseqüência de poda bem conduzida. O corte do galho é rente à casca, permitindo uma boa cicatrização. A madeira apresentará desenhos característicos que agregam beleza e valor comercial.

Nó soltadiço: nó aparentemente solto, mas que não é possível retirar com a pressão dos dedos. Afeta negativamente a qualidade do produto.

Nó morto ou solto: pode cair com a pressão dos dedos. Restringe o uso da madeira para fins menos nobres.

A poda pode ser natural, ou seja, ao longo do tempo, conforme fatores genéticos e densidade do plantio, os galhos secam e caem. A desrama natural, geralmente, é bastante eficiente em florestas de eucalipto.

A desrama natural pode ser acelerada pelo manejo da densidade do povoamento, embora com sacrifício do crescimento em diâmetro. O processo mais simples consiste em desenvolver e manter um estoque inicial denso o que, além de manter os galhos inferiores pequenos, causa-lhes também a morte. Geralmente, isso representa o melhor meio para condução de povoamentos de eucalipto, pois não só estimula a desrama natural, como também impede que os troncos se tornem curvos e engalhados.

Já a poda artificial vem a ser a operação de corte dos galhos, objetivando a produção de “madeira limpa”, ou seja, isenta de nós, em rotação mais curta que a exigida com desrama natural, e também para prevenir a formação de nós soltos, produzindo madeira com nós firmes, mas não necessariamente limpa.

A poda artificial, além de evitar a ocorrência de nós que desvalorizam a madeira, também apresenta as seguintes vantagens:

  • Evitar a presença de nós na madeira.
  • Beneficiar o controle e combate a incêndios.
  • Facilitar os trabalhos de relascopia e manejo.

Há, entretanto, alguns danos causados pela poda artificial: em galhos muito grossos, pode ocorrer a formação de bolsas de resina, prejudicando a qualidade da madeira, e na poda de galhos verdes poderá ocorrer o ataque de fungos e bactérias, causando o apodrecimento das pontas dos galhos.

Quando a finalidade da madeira a ser obtida for para laminados, faqueados e serraria, a poda se torna necessária. Já para madeiras destinadas para aglomerados e fábrica de papel e celulose, a poda é dispensada.

O DAP é o fator decisivo para determinar o momento adequado para a execução da poda. É indicado podar as melhores árvores em diâmetro, que possuam:

  • Fuste sem bifurcações.
  • Galhos finos.
  • Copa bem desenvolvida.
  • Ausência de doenças ou pragas.

É importante ressaltar que a parte mais valiosa da madeira (seu volume) está concentrada na parte inferior do fuste. Portanto, a altura da poda deve ser de no mínimo 5 metros e não mais que 10 metros do solo.

Tipos de poda:

Poda seca: os galhos mortos e secos são eliminados. Pode ser realizada em qualquer período do ano.

Poda verde: os galhos vivos, na maior parte da área com sombra da copa viva, são eliminados. É importante ressaltar que esta poda, realizada fortemente, pode provocar perdas de crescimento na altura e no diâmetro da árvore; por isso, deve atingir no máximo, um terço da copa viva. A melhor época para proceder esta poda é a de menor crescimento vegetativo, em que a cicatrização é mais rápida.

Procedimento da Poda

Em função dos tipos de equipamentos (poda manual ou com máquinas), uma árvore sempre deverá ser podada no sentido horário, com o intuito de ter o corte mais perto possível da casca. O corte deve ser em um único golpe, para não arrebentar o resto do galho.

Redação Ambiente Florestal