Exploração de Urânio e o Meio Ambiente

O Brasil possui uma das maiores reservas mundiais de urânio o que permite o suprimento das necessidades domésticas a longo prazo e a disponibilização do excedente para o mercado externo. Há, aproximadamente, 300.000 toneladas de Urânio (U3 O8) nos Estados da Bahia, Ceará, Paraná e Minas Gerais, entre outras ocorrências. Estudos de prospecção e pesquisas geológicas foram realizadas em apenas 25% do território nacional.

As Indústrias Nucleares do Brasil (INB) realizam a mineração em três áreas: Caetité, na Bahia; Caldas, em Minas Gerais e Itataia no Ceará. A INB é a empresa encarregada, por lei, de promover, no País, a exploração do urânio, desde a mineração e beneficiamento primário até sua colocação nos elementos combustíveis que acionam os reatores das usinas nucleares.

 
Caetité- Bahia

O Distrito Uranífero de Lagoa Real está localizado numa região montanhosa do centro-sul do Estado da Bahia, a cerca de 20 km a nordeste da cidade de Caetité. O principal mineral de urânio é a uraninita. A INB Caetité é um empreendimento mínero-industrial modular, implantado sob o regime de empreitada integral através de um consórcio de empresas brasileiras.
Inicialmente, o processo de beneficiamento do minério de urânio será o da lixiviação em pilhas (estática) que dispensa as fases de moagem, agitação mecânica e filtração. A concentração do urânio é realizada pelo processo de extração por solventes orgânicos.

No aspecto ambiental, a ausência de rejeitos sólidos finos, evita a necessidade de depósitos especiais para sua contenção, minimizando desta forma os impactos já reduzidos também pela menor utilização de insumos químicos. No projeto destaca-se a possibilidade de reciclagem total dos efluentes líquidos ao processo, garantindo a ausência de liberação destes para o meio ambiente.

A INB em sua política ambiental preocupa-se com a unidade e com a recuperação de áreas degradadas. Este projeto é apoiado pelos Programas de Monitoração Radiológica, Ambiental e Operacional. São muitas as ações em favor do meio ambiente:

  • retorno do Córrego da Cachoeira ao seu leito original para recuperação ambiental da área da mina com a inundação da cava, a revegetação das áreas situadas acima do nível da água;
  • revegetação dos taludes da mina logo após o término das operações de mineração;
  • revestimentos dos depósitos de estéreis e rejeitos sólidos (pilhas de lixiviação) com uma camada impermeável e compactada de argila e revegetação, quando necessário;
  • monitoração contínua dos setores de lixiviação, das bacias de contenção;
  • controle de todas as outras instalações e equipamentos que, catalogados e monitorados, tem seu aproveitamento alternativo avaliado;
  • monitoração contínua de uma área de 30 quilômetros em torno da mina/fábrica. Este controle avalia: água das chuvas, água subterrânea, solo, ar, capim, árvores, direção do vento e até o leite de vacas e cabras.

Na INB Caetité só é manuseado o urânio em estado natural cujo nível de radioatividade é mínimo. A experiência da empresa e dados obtidos de outras unidades semelhantes confirmam que as doses de radiação estão 20 vezes abaixo do limite aceitável, estabelecido pela CNEN (Conselho Nacional de Energia Nuclear).

 
Caldas – Minas Gerais

O Complexo alcalino de Poços de Caldas está situado a cerca de 400 km a oeste do Rio de Janeiro na região sul do Estado de Minas Gerais, próximo à divisa com o Estado de São Paulo. Desde que começou suas atividades, em 1982, a INB Caldas produziu concentrado de urânio em quantidade que atendeu basicamente às demandas das recargas do reator de Angra I e dos programas de desenvolvimento tecnológico. Além da sua importância como jazida mineral, esta foi a unidade da empresa onde teve início o desenvolvimento da tecnologia do ciclo do combustível nuclear e a produção do concentrado de urânio (yellawcake), sob a forma de diuranato de amônio (DUA).
A unidade, quando em plena operação, tinha capacidade de processar 2.500 toneladas de minério por dia e produzir 400 toneladas/ano de concentrado. Os rejeitos sólidos e líquidos eram enviados a uma bacia de armazenamento.
Desde o início da operação, a INB realiza atividades para minimizar os impactos ambientais, tais como:

  • tratamento de águas ácidas e disposição em locais adequados do material estéril-baseados na distância da cava e topografia do local;
  • vales para deposição dos estéreis foram previamente preparados com a construção de drenos, visando o confinamento da água com a utilização dos seguintes materiais; estéril, de transição e argilas;
  • revestimento da superfície das pilhas de estéreis com uma camada de cerca de 30 cm de argila compactada, a fim de evitar a percolação das águas de chuva através das pilhas;
  • alternativas de revetação visando a estabilização dos depósitos contra a erosão provocada pelo vento, pela água e penetração da umidade nas pilhas de estéreis.

A reinteração e estabilização do potencial de poluição dessas áreas foi feito através do desenvolvimento de um programa de Controle e Proteção do Meio Ambiente da área da Unidade de Caldas.
 

Itataia – Ceará

O depósito de Itataia está localizado no Distrito Fósforo-Uranífero (P-U), na parte central do Estado do Ceará, a cerca de 45 km a sudeste da cidade de Santa Quitéria.

A jazida de Itataia possui reservas geológicas de 142.5 mil toneladas de urânio associado ao fosfato. Situada a 212 quilômetros de Fortaleza, a região tem na agropecuária sua principal atividade econômica. Embora seja a maior reserva de urânio que o Brasil possui, sua viabilidade econômica é dependente da exploração do fosfato associado. Isto significa que a extração de urânio está condicionada à produção de ácido fosfórico – insumo utilizado na produção de fertilizantes.

INB (Indústrias Nucleares do Brasil)