Projeto de Trabalho da UNIBAIRRO

A UNIBAIRROS – Associação Comunitária Unificada trata-se de uma associação de moradores, formada pela reunião de vários bairros vizinhos: CONJUNTO HABITACIONAL ADOLFO LAZARIN, CONJUNTO HABITACIONAL ANTÔNIO GARCIA SANCHES, JARDIM PLANALTO, JARDIM PRESIDENTE, JARDIM SAN MARINO, PARQUE DAS PALMEIRAS, PARQUE DA SERINGUEIRA e PARQUE DAS VIDEIRAS do município de Marialva-PR, e tem como uma de suas metas promover e contribuir para o desenvolvimento humano, cultural, social e econômico, a fim de recuperar e ampliar a infra-estrutura e valorizar os espaços dos Bairros, consolidando o bem-estar e uma melhor qualidade de vida para os moradores.

Em face disso, um dos primeiros passos desta Associação está sendo a de estimular a participação coletiva para que, juntos, os moradores possam identificar suas condições de vida em todas as áreas: educacional, sanitárias, sociais, econômicas, etc., colocando seus problemas e aspirações.

Os bairros em questão são periféricos, localizados a oeste da cidade, em pontos poucos visíveis para os demais moradores da cidade e para os visitantes. Com exceção do Jardim Planalto, os demais bairros foram construídos mais recentemente. Os terrenos onde hoje se situam esses bairros eram chácaras de antigos moradores da cidade que, devido ao processo de crescimento populacional e a necessidade de habitações, foram obrigados a se desfazer deles pela proximidade com o centro da cidade.

Pois bem, eles são resultados do crescimento natural da cidade, criados numa perspectiva de favorecer a escassez de habitação, pelo crescimento demográfico urbano notado nas últimas estatísticas. Porém, foram alocados de forma incorreta, apesar de estarem interligando bairros já existentes, ao centro da cidade. A sua proximidade com o Depósito de Esgoto Municipal cria problemas de saneamento básico para essas comunidades, contradizendo um planejamento adequado para a expansão da zona urbana, no município, ficando claro a desobediência a normas legais e causando uma série de transtornos para os seus habitantes. Por outro lado, como há muitas datas vazias, o desleixo dos próprios proprietários e do órgão público, responsável pelo saneamento básico municipal, faz crescer o mato e daí favorecer também o aparecimento de moscas, pernilongos e outros insetos transmissores de doenças.

Apesar das leis exigirem o planejamento das cidades dentro de uma estrutura ambiental adequada, ainda há municípios crescendo de forma desordenada e sem proporcionar condições dignas de vida a seus habitantes. Marialva é um exemplo e muitos moradores, descontentes diante do que vivem, ainda pioram a situação jogando detritos, entulhos e outros dejetos nas datas vazias. Há aqueles que por dificuldades econômicas não constroem muros, nem calçadas, dificultando ainda mais os problemas de saneamento.

Nestes bairros, há apenas projetos futuros da Prefeitura para a instalação da rede de esgoto, mas nada de concreto existe até o momento.

Observa-se também que essa população, em sua maioria, se mantém alienada diante das leis que regem seu espaço ambiental, desconhecendo uma série de medidas e princípios que poderiam nortear seu comportamento, de modo a favorecer melhoria no ambiente em que vive.

Ora, o homem vive numa complexa teia de relações e interações que podemos esboçar em trás subsistemas básicos: a biosfera, a tecnosfera e a sociosfera. Os dois primeiros compreendem as estruturas energética e material, e o terceiro, a institucional. A biosfera inclui os horizontes da atmosfera, litosfera e hidrosfera, onde existe vida. Já a tecnosfera abrange as estruturas constituídas pelo trabalho humano no espaço da biosfera. As comunidades organizam sua vida social e suas relações com a biosfera e a tecnosfera através de um complexo conjunto de instituições sócio-político-econômico-culturais: a sociosfera. A humanidade vive e interage na relação desses subsistemas que dão os limites para a existência da vida humana na Terra.

Bem sabemos que a revolução industrial, o avanço tecnológico, a urbanização desenfreada desencadearam problemas de ordem ambiental catastróficos em algumas áreas do planeta Terra. As alterações não só surgiram no meio dos seres vivos, mas também nas estruturas de trabalho, na vida social e nas relações do homem.

Assim, quando se fala num trabalho de cunho ambiental não se deve restringir apenas ao espaço físico vivido pelo homem, mas ao conjunto de suas relações e interações.

Os princípios da sustentabilidade não delimitam um campo de saber específico (nem é por algum delimitado) mas, sim, transpassa por vários campos, “provocando” e “incitando” a multidisciplinaridade e a interdisciplinaridade, pois que envolve diversos ramos do conhecimento científico que procuram estudar e intervir sobre o meio ambiente. Dessa forma, as disciplinas e especialidades poderão se comunicar de modo que o conhecimento de cada uma delas, interagindo com o conhecimento das demais, possam levar a resultados que se aproximem de uma visão de mundo transdisciplinar, mais próxima da realidade. Deve-se, assim, aplicar um enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico de cada área, de modo que se consiga uma perspectiva global da questão ambiental.

Por isso, a UNIBAIRROS, seguindo os princípios de uma sociedade sustentável e da diversidade cultural, procura implantar esse trabalho de educação ambiental, em parceria com escolas das localidades e com a colaboração de órgãos municipais, estaduais, federais e privados, visando orientar os moradores, educando crianças, jovens, adultos e velhos em relação à sua vida numa comunidade de ambiente diversificado, de forma, a princípio, a trazer-lhes conhecimentos sobre a situação que os cerca, procurando formar um pensamento crítico, criativo e prospectivo, a fim de que possa haver transformações, de modo individual e coletivo, nas atitudes em relação à sua saúde e bem-estar, preservando, protegendo, conservando, recuperando e reabilitando o seu próprio meio ambiente.

Todavia, a qualidade de vida dessa população depende do acesso aos bens necessários à sua sobrevivência. Daí o fator trabalho estar envolvido, pois, atualmente, muitos chefes de família em questão encontram-se desempregados ou subempregados.

A água potável, assim como a coleta de esgoto, tem fundamental importância para a diminuição do índice de mortalidade infantil, pois evitam a disseminação de doenças vinculadas às más condições sanitárias e de saúde. Esses itens são igualmente importantes quando nos referimos ao aumento da expectativa de vida da população. Águas deterioradas trazem muitos danos à saúde do homem, por exemplo, as doenças de veiculação hídrica, que podem ser adquiridas por ingestão ou contato com água contaminada – como cólera, hepatite infecciosa, esquistossomose – ou transmitidas por insetos que se desenvolvem na água – como dengue, febre amarela, malária, entre outras. Esses bairros e toda a cidade recebem água encanada, porém de poços artesianos, sem tratamento adequado.

Por outro lado, em relação ao seu ambiente social, a comunidade sente necessidade urgente da conclusão da construção da creche local (iniciada em 2002), a fim de abrigar os filhos daqueles que precisam trabalhar para viverem num ambiente mais saudável e digno. Além disso, não há um ambiente para que crianças, jovens, adultos e velhos possam se recrear (salão de festas, parque de diversão, quadra de esporte) ou mesmo para se reunir para debater problemas, descobrir coisas novas, realizar algum curso ou outro evento qualquer.

Há uma escola municipal de ensino fundamental (1ª a 4ª) Maria dos Santos Severino que atende a necessidade local, porém já havendo demanda para a instalação da extensão do ensino fundamental 5ª a 8ª. Essa instituição constitui o vínculo cultural da comunidade com a sociedade em geral.

Diante dessa crise ecológica da sociedade moderna, uma crise ética, de valores, de relações humanas, de convivência também se revela. E os conflitos surgem. Num desses bairros (Jardim Planalto) há um centro comunitário da igreja católica que é utilizado em primeiro plano para suas atividades religiosas, o que impossibilita que a comunidade em geral tenha acesso a ela. É evidente que a comunidade precisa de um espaço aberto a todos, sem discriminações, para dialogar e manifestar seu potencial criativo, suas aspirações, suas dúvidas, suas diferenças.

Com o objetivo de se conseguir um ordenamento mais racional dos recursos e melhorar assim as condições ambientais, o município de Marialva deve adotar um enfoque integrado e coordenado de planejamento de seu desenvolvimento, de modo a que fique assegurada a compatibilidade entre o desenvolvimento e a necessidade de proteger e melhorar o meio ambiente humano em benefício de sua população. Esse planejamento racional constitui um instrumento indispensável para conciliar as diferenças que possam surgir entre as exigências do desenvolvimento e a necessidade de proteger e melhorar o meio ambiente. Deve-se aplicar, portanto, o planejamento aos assentamentos humanos e à urbanização com vistas a evitar repercussões prejudiciais sobre o meio ambiente e a obter os máximos benefícios sociais, econômicos e ambientais para todos.

Assim, esses seriam os eixos centrais em que se baseou a UNIBAIRROS, a fim de implantar o seu projeto de educação ambiental. E como uma de suas primeiras atuações na área cultural e ambiental, essa Associação propõe, aos moradores desses bairros (cerca de 2.500 habitantes), um trabalho de pesquisa, envolvendo a sua sensibilidade e o seu conhecimento pelos seus problemas, procurando, a partir daí, desenvolver uma conscientização sobre o seu próprio comportamento ambiental, levando-os a compreender o espaço físico, cultural e social onde moram e algumas leis que regem esse espaço, a fim de transformar essa sua realidade, com práticas de preservação, proteção, conservação, recuperação e reabilitação do seu ambiente, desenvolvendo o seu espírito de cidadania e melhorando o seu bem-estar, adquirindo uma mudança de atitude, um sentimento, um compromisso, uma outra forma de ver a vida, onde o resultado seja uma comunidade melhor para ver e se viver, com base no amor, na fraternidade, na solidariedade, na tolerância, na justiça social e ambiental pelo e para o bem do planeta Terra tendo como pressuposto que a comunidade em geral aprenda a avaliar seus progressos e suas falhas, e possa planejar alternativas para melhorar cada vez mais seu desempenho, revelando o seu espírito de cidadania.

Será necessário, portanto, partir da sensibilidade dos moradores locais em relação à situação ambiental em que vivem, criando espaços para o diálogo (debates), grupos de estudo, palestras com profissionais de diferentes áreas, a fim de que reflitam sobre os problemas mais acentuados que afetam a sua comunidade e organizem um trabalho em conjunto para se analisar que saídas poderão ser dadas a eles, ou seja, quais caminhos percorrer para que possam ser solucionados (reaproveitar lixo, reduzir consumo de água, energia, produtos, usar alimentos alternativos, conhecer as leis e reivindicar seus direitos ambientais junto aos órgãos públicos, conservar suas residências e áreas próximas a ela, selecionar o lixo de suas casas para uma possível coleta seletiva, valorizar o seu próprio corpo, melhorar a convivência, ter mais consciência de conduta pessoal, etc.).

Espera-se que, no final da execução desse projeto, esses moradores estejam mais congregados e conscientes do seu meio sócio-ambiental e de sua atuação sobre ele, formando valores, atitudes e habilidades que propiciem a atuação individual e coletiva voltada para a prevenção, a identificação e a solução de seus problemas ambientais; adquiram mais esclarecimentos sobre leis (municipais, estaduais e federais) que regem o meio ambiente, ganhando mais conhecimento e informações sobre processos que atuam no seu meio social, cultural e econômico e com os quais convivem no dia-a-dia, a fim de poder melhor se relacionar com o Poder Público e reivindicar seus direitos e cumprir seus deveres; venham ter contato com conhecimentos, espaços, situações, fatos e pessoas externos ao seu cotidiano, para que dessas relações possam surgir soluções para muitos de seus problemas e favorecer o seu crescimento cultural, econômico, social e espiritual; apresentem mudança de comportamento em relação a seu ambiente, de modo sensível e criativo, para que possam melhor atuar numa sociedade sustentável e diversificada, desenvolvendo o seu lado humano e de cidadão, e melhorando a sua qualidade de vida; conquistem espaços mais condizentes às suas necessidades de lazer e de relações sociais e humanas, para que desenvolvam a sua sensibilidade artística, esportiva e estética; e consigam melhorias de infra-estrutura em seus bairros de forma a valorizar o seu meio, a fim de se criar raízes neles, enaltecendo-os às gerações futuras.

UNIBAIRROS – EDUCANDO PARA O AMBIENTE