Bird-Watching

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Prática originária dos Estados Unidos e Inglaterra, trata da observação de pássaros em geral, em seu habitat natural, ou seja, praças, parques e terrenos são próprios para o esporte. Conhecimentos sobre ornitologia, do local e dos ecossistemas são necessários.

A observação amadora de aves não possui documentação oficial.

Através de relatos da vida cotidiana dos povos podemos constatar que era parte da educação erudita das classes favorecidas. Canções, rimas, pinturas, esculturas, danças e poesias comprovam a forte emoção que a admiração pode inspirar nas pessoas.

Antes do século XIV, o interesse por história natural, em especial pelas aves, tinha se tornado popular na Inglaterra, chegando mais tarde aos Estados Unidos.

Conforme publicação de Lincoln Barnett, da The Wildlife Society, o interesse de Charles Darwin pelas aves era tão grande que certa vez ele questionou:

Por que todos os cavalheiros ingleses não se dedicam à ornitologia?”

Na Inglaterra, o interesse pela ornitologia começou no fim do século XVIII, mas era uma atividade aristocrata, praticada por proprietários rurais em suas terras. Durante anos, observar aves era uma atividade solitária. Um livro que muito influenciou a atividade foi Natural History of Selborne, escrito e publicado em 1789 por Gilbert White, religioso de Hampshire, Inglaterra.

A era da observação organizada de aves nos Estados Unidos começou em 1873, quando a Nuttall Ornithological Club – primeira organização norteamericana dedicada à observação e ao estudo de aves – foi criada em Boston por dois jovens ornitólogos: William Brewster e Henry Henshaw.

Enquanto em 1946 os brasileiros estavam muito ocupados em conhecer e desbravar o país, em ocupar territórios desconhecidos e explorar os recursos naturais, um birdwatcher norte-americano, chamado William Belton, era enviado a Porto Alegre como cônsul do seu país.

Observador de aves amador na sua terra natal, tornou-se amigo íntimo do Dr. Helmuth Sick, também um estrangeiro, um dos poucos homens que naquela época estudava as aves brasileiras de forma séria e sistemática, ocupando a posição de ornitólogo no Museu Nacional do Rio de Janeiro.

Belton trabalhou no consulado norte-americano em Porto Alegre até 1948 e nestes três anos se deu conta do enorme potencial que havia para a atividade de observação de aves no Brasil.

Em 1970, já aposentado, escolheu Gramado como seu lugar de residência e de lá partiu, em inúmeras expedições, para os mais diversos rincões do estado do Rio Grande do Sul.

Em 1972 ministrou o primeiro curso de extensão na Unisinos, que foi repetido em 1974 por um de seus discípulos, o biólogo Flávio Silva. Ao final desse segundo curso, com os participantes acampados às margens do Rio Caí, na fazenda Chaleira Preta (hoje Pólo Petroquímico de Triunfo), surgiu a ideia de fundar um Clube de Observadores de Aves. Assim, no dia 11 de novembro de 1974, foi fundado o primeiro COA do Brasil. Walter Voss foi um dos presentes naquele momento e um grande entusiasta da atividade nos anos que se seguiram.

Aos poucos a notícia se espalhou e outros núcleos de observadores, também chamados COA, foram surgindo em diversos estados do Brasil.

Escrito assim, parece que observar aves é uma coisa muito importante ou complicada – tem até nome em inglês! Na verdade, não passa de “olhar passarinho”, e cá para nós, passarinho é uma das coisas mais interessantes da gente olhar.

Possuem uma variedade de formas, cores, cantos e comportamentos que invariavelmente prendem nossa atenção. Podem ser grandes ou pequenos, coloridos ou desbotados, barulhentos ou silenciosos, irrequietos ou calmos, podem andar, pular ou voar, têm bicos chatos ou finos, grandes ou pequenos, retos ou tortos, pés de pato, pés de galinha, garras de gavião, e por aí vai. São tão variados que a gente não se cansa nunca de observá-los e se divertir com eles.

A observação de aves pode ser feita em qualquer lugar. No quintal de casa, na rua onde moramos, na praça perto do trabalho, nos parques, praticamente em qualquer local existem uma quantidade enorme de aves e uma variedade de espécies surpreendente esperando a nossa atenção. O Município de Belo Horizonte, por exemplo, quase totalmente ocupado por prédios, casas e indústrias, apresenta uma lista com aproximadamente 350 espécies diferentes. Podemos ver, em pleno centro da cidade, a misteriosa alma-de-gato na Savassi, o colorido fim-fim na Afonso Pena, e até mesmo a majestosa águia-chilena caçando pombos entre os altos prédios ali na Rua da Bahia.

O Brasil é um país privilegiado. Com mais de 1.800 espécies ocupa a 2ª posição na lista dos países com maior número de aves. Este número tende a crescer muito pois, com os avanços dos estudos filogenéticos, a todo momento se elevam subespécies ao status de espécies. O aumento de estudiosos das aves também acrescenta anualmente novas espécies descobertas, especialmente na floresta amazônica, local ainda muito pouco conhecido. Com certeza, no prazo de 5 a 10 anos, o Brasil será reconhecido como o país com maior número de espécies aladas. O Estado de Minas Gerais, sozinho, tem registradas em torno de 770 espécies, enquanto todo o continente europeu apresenta aproximadamente 860.

Como podemos ver, as oportunidades para nos divertirmos com a observação de aves são infindáveis.

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Dicas para quem quer começar a observação de aves:

1 – Comece pelas aves que estão à sua volta

“Aves estão em todos os lugares, basta ter tempo para observá-las”. Para saber se você tem um interesse na atividade observe as aves que passam por você durante o seu dia. Bentevi, urubu e joão-de-barro são aves muito comuns em cidades, mas se você observar bem vai achar beija-flores, periquitos e até gaviões.

2 – Respeite a distância de conforto do animal

“A ave tem que aprender que você não representa uma ameaça”. É preciso construir uma relação de confiança com o animal para poder se aproximar. Quando uma ave percebe que você está por perto ela para o que está fazendo e começa a observá-lo. Nesse momento o animal está julgando se você representa um perigo ou não. Você deve ficar parado, imóvel e em silêncio para que ela passe a confiar em você. Se ela voltar a fazer o que estava fazendo antes significa que ela se sente confortável com a sua presença e você pode chegar mais perto. Se ela parar para observá-lo novamente você repete o mesmo procedimento. É preciso construir uma relação de confiança com o animal para poder se aproximar. Algumas aves são mais ariscas que outras e com o tempo você vai prender a distância de conforto de cada espécie.

3 – Use roupas com cores discretas

Cores chamativas, como vermelho ou amarelo, destoam do ambiente e denuncia a sua presença. Prefira cores discretas, que se camuflem com o lugar onde você se encontra. Isso deixará o animal mais confortável e diminui a distância de conforto.

4- O binóculo deixa o passeio mais interessante

Com o binóculo é possível ver detalhes que seriam impossíveis de observar a olho nu. Binóculos pequenos são leves e práticos, binóculos maiores permitem a observação em ambientes com pouca luz. Segundo Vitinho, Bushnell, Nikkon e Swift são marcas com bom custo benefício. No Brasil é um pouco difícil de comprá-los. A melhor saída é pedir para alguém que está indo para o exterior trazer um pra você.

5 – Guias de aves ajudam na identificação

Quando olhamos uma ave pela primeira vez percebemos a característica mais marcante. Como o peito amarelo por exemplo. Mas existem várias espécies que possuem o mesmo peito amarelo. Para identificar a espécie é necessário ficar atento para outras características que não são tão óbvias, e um guia de identificação de aves pode ajudar muito no passeio. “É muito gostoso quando você identifica seu primeiro passarinho”.

6 – Ande devagar e em silêncio

Aves não gostam de barulho. É preciso andar devagar, com cuidado para não quebrar galhos. Se precisar se comunicar, fale baixo porque a conversa pode espantar os animais.

7 – Cuidado onde pisa

Quando procuramos por aves olhamos constantemente para cima. Lembre-se de que existem buracos e você pode torcer o pé se cair em um deles. Vitinho recomenda o uso de perneiras para evitar acidentes com cobras.

Equipamentos:

– Roupas e chapéus de cores discretas e neutras (verde, oliva, caqui); 

– Binóculo;

– Cadernetas para anotação;

– Máquina fotográfica; 

– Gravador e filmadora.

Locais para a prática:

São Paulo

– Parque Estadual da Cantareira

– Parque Estadual da Ilha do Cardoso

– Estação Ecológica Juréia-Itatins

– Horto Florestal de Ubatuba

Rio de Janeiro

– Parque Nacional de Itatiaia

– Parque Nacional da Tijuca

Fontes: www.ecoavis.org.br;
www.ornithos.com.br;
viajeaqui.abril.com.br;