Os interessados em conhecer o processo de transformação da água em energia, podem visitar o complexo hidroelétrico da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF). Mas, Paulo Afonso também se destaca no que se refere às belezas e encantos naturais, principalmente para os amantes de esportes de aventura e ecoturismo.
História e Cultura
Descoberto em 4 de outubro de 1501, dia de São Francisco de Assis quando da exploração da costa brasileira por André Gonçalves e Américo Vespúcio, era conhecido como Rio dos Currais, pois às suas margens iam se formando pousos de boiadas, caminho dos colonizadores que penetravam nos sertões povoando e cultivando suas terras. Em 3 de outubro de 1725, o sertanista Paulo de Viveiros Afonso recebe uma sesmaria nas terras da província de Pernambuco, cujo limite é exatamente as quedas d´água. Estendendo seus limites para além da cachoeira, Paulo Viveiros Afonso teria criado, já em terras baianas, o arraial que ficou conhecido como Tapera de Paulo Afonso. Somente a partir desta data encontram-se registros com o nome de Cachoeira de Paulo Afonso as quedas que estão no limite dos Estados da Bahia e de Alagoas. Mas, em toda a história da região, nenhuma das figuras foi mais importante que Delmiro Golveia, um cearense que fez fortuna no sertão alagoano, e que apenas com meios próprios construiu a primeira usina do Nordeste: a Usina de Angiquinho, com maquinário trazido da Europa. Em meados de 1913, ele enxergou no rio a possibilidade de exploração do potencial energético da Cachoeira, aliado a um programa de desenvolvimento da região. Assim, começava o desenvolvimento da cidade de Paulo Afonso, hoje conhecida pelo seu complexo de usinas hidrelétricas e uma das principais fontes de suprimento de energia elétrica do Nordeste.
Clima
Por estar situada na área do Sertão Nordestino, Paulo Afonso possui clima semi-árido e índice pluviométrico anual entre 500 e 600 mm. A temperatura média elevada em torno de 32°C, sendo que a variação entre a máxima e a mínima oscila em torno de 6°C. Os meses mais quentes vão de outubro a janeiro e julho é o mês mais frio.
Vegetação e relevo
A vegetação predominante na região é a caatinga. Além de árvores e arbustos baixos, há muitas espécies que armazenam água em seus caules e raízes como os cactos mandacarus, facheiros, xique-xique, coroas de frade, e o umbuzeiros. O croatá é muito comum na região e também armazena água, sendo a salvação de caçadores e moradores da região do Raso da Catarina, em muitas ocasiões. O solo de Paulo Afonso é silicoso, quase sem húmus, pobre em azoto e com regular teor de potássio e de cálcio. São encontrados na região: umbuzeiro, baraúna, jatobá, caraibeiras, bromeliáceas e cactáceas e outras espécies próprias da caatinga.
A área do município de Paulo Afonso é formada por planaltos e depressões, representada por solo cristalino e camadas sedimentares da Bacia Tucano-Jatobá. Entre os acidentes físicos encontram-se: Cachoeira de Paulo Afonso, com várias quedas – Croata, Véu da Noiva; o cânion do Rio São Francisco, que começa na Cachoeira de Paulo Afonso, entalhado em solos migmáticos pré-cambianos, arqueozóicos e a Serra do Umbuzeiro, no Povoado Riacho. Há cerca de 40 km do centro de Paulo Afonso, encontra-se o local conhecido como Baixa do Chico, na divisa com o Brejo do Burgo, município de Glória. Ali existe um cânion seco de cerca de 12 Km, com curiosas formações de arenito – rochas sedimentares constituídas por areias aglutinadas por um cimento natural.
Alimentação
A base da culinária local de Paulo Afonso é bem brasileira e os pratos contém geralmente feijão, farinha, cuscuz, arroz, macarrão e mistura que pode ser um tipo de carne, peixe, ovos, ave, enlatados, uma salada a vinagrete, ou legumes cozidos com maionese. Sua diversidade depende de como estes mesmos produtos são produzidos pelos cozinheiros locais. E para aqueles que quiserem provar uma culinária ainda mais tradicional, seguem duas sugestões típicas baianas: o baião de dois, preparado com feijão preto, carne de sol, bacon, charque e lombo suíno e a galinha de cabidela, feita com galinha caipira, temperos e sangria.
Hospedagem
Paulo Afonso possui uma boa estrutura em termos de instalações hoteleiras. A cidade oferece boas opções de hotéis e pousadas no centro da cidade que estão prontas para receber os turistas que chegam à região.
Dicas gerais
Na cidade, não deixe de conhecer um pouco da cultura folclórica e do artesanato de Paulo Afonso. Podemos citar a produção de artesanato em madeira, couro, corda, cipó, palha, cerâmica utilitária, pedra, retalhos, crochê, tapeçaria, tecelagem, pinturas à óleo em tela e o artesanato da Malhada Grande (povoado local) com suas redes, rendas e artigos produzidos em teares. Para aqueles que tiverem curiosidade de conhecer um pouco do folclore de Paulo Afonso, destacamos o grupo Cangaceiros e Volante, a banda de Pífanos, Quadrilhas e Pastoril.
Atrações
Bondinho: A cerca de 80 metros de altura, o bondinho, que tem capacidade para oito pessoas, percorre uma extensão de 360 metros, ligando a cidade de Paulo Afonso, localizada na margem direita do Rio São Francisco, ao município de Delmiro Gouveia, em Alagoas, localizado na outra margem.
Durante o trajeto, tem-se uma visão da Cachoeira de Paulo Afonso, das Tomadas de Água das Usinas Paulo Afonso I, II e III e da Ponte Metálica que liga os Estados da Bahia e Alagoas, bem como da Furna do Morcego (esconderijo do Cangaceiro Lampião) e do Salto do Croatá.
O bondinho de Paulo Afonso, que já foi usado para transportar os funcionários da CHESF (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco), hoje serve de “trampolim” para os praticantes de rapel. O teleférico funciona todos os dias, no horário das 8h às 17h.
Brasil Wild Extreme: Em abril de 2008 foi realizada na cidade baiana uma das mais conceituadas provas de corrida de aventura do país, o Brasil Wild Extreme, com aproximadamente 120 horas de duração. Cinqüenta e oito equipes largaram da Usina Hidrelétrica Paulo Afonso IV para os 540 quilômetros de prova e passaram por locais de rara beleza, como os cânions do Rio São Francisco. Apenas 16 times terminaram a competição e a campeã foi a Motorola SOS Mata Atlântica, com o tempo de 81h20. (Confira como foi a prova).
Cachoeira de Paulo Afonso: A Cachoeira de Paulo Afonso é formada por diversas quedas d’água que se espalham pela rocha, recortada em plataformas, assemelhando-se a imensos degraus. O abundante volume de água cai sobre os “degraus” formando imensas áreas de espumas muito brancas que descem pela rocha a uma altura de aproximadamente 80 metros. Dentre as inúmeras quedas d’água destaca-se a do “Véu da Noiva”.
Com a construção das Usinas, as águas que formam a cachoeira foram represadas, permanecendo apenas em pequeno volume, o que permite observar melhor o belo conjunto de rochas polidas pelas águas durante milhares de anos. Em épocas programadas, as comportas da barragem são abertas, num espetáculo de impressionante beleza. O acesso só é permitido com acompanhamento de guias.
Cânion do Rio São Francisco: O cânion é formado por um vale profundo, escavado na rocha e suas encostas apresentam-se com diversas formas de relevo formadas pela ação erosiva da água e dos ventos.
O Cânion pode ser apreciado de inúmeros locais com destaque para a vista a partir da Ponte Metálica que liga os Estados da Bahia e Alagoas na BR-110. O canyon apresenta profundidades variadas, que vão de 30 até 170 metros, extensão de 65 quilômetros (sendo considerado o maior cânion navegável do mundo) e largura também variável, entre 50 e 330 metros.
O cânion do Rio São Francisco, pode ser apreciado em inesquecível passeio de catamarã, com locais para banhos e mergulhos. No Cânion são praticadas diversas modalidades de esportes de ação, como: rapel, tirolesa, canyoning, escalada, bungee jump, canoagem, entre outros.
Furna do Morcego: O ponto de partida do turista que quer praticar trekking na Furna do Morcego, começa na usina Angiquinho. O visitante volta ao passado ao chegar à pioneira hidrelétrica e ao seguir os trilhos da ponte que ligava a margem esquerda do Rio São Francisco à Ilha de Angiquinho.
Chegando à entrada da Furna do Morcego, o visitante tem a seu dispor um delicioso banho nas águas calmas do Rio São Francisco, entre paredões de um cânion de 80 metros de altura. Hoje, seus únicos moradores são os morcegos, cujos excrementos deixam o ar com um forte cheiro de amônia.
Igreja de São Francisco de Assis: Templo católico-romano construído em 1949. Sobre uma pequena colina, a igreja tem estrutura em pedra da própria região.
Em seu interior, guarda quadros que representam a Via-Crucis de Jesus e na única porta de madeira, algarismos romanos vazados simbolizam os 10 mandamentos. A arquitetura do templo lembra capelas medievais e todo ano, em 4 de outubro, comemora-se o dia de São Francisco, com grande festa em seu pátio.
Ilha de Paulo Afonso: A cidade de Paulo Afonso tem em seu centro uma ilha artificial. Esta ilha está separada do continente pelo canal que abastece o reservatório da UHE de Paulo Afonso.
A Ilha é privilegiada pela natureza, com suas quedas d’água, sua cachoeira, que é aberta em épocas programadas, canyons e belas formações rochosas.
Ilha do Urubu: Nesta ilha estão situados os mais estratégicos mirantes voltados para os canyons do Rio São Francisco e para as barragens e usinas hidrelétricas.
Destacam-se o Mirante do Cogumelo, Mirante do Amor, Mirante do Aquário e Mirante do Heliponto. Possui também praças arborizadas e um mini-zoológico com espécies da região.
O restaurante do Mirante do Teleférico serve o peixe tucunaré, especialidade da casa. A ilha recebe uma visitação de cerca de 3.000 pessoas por mês.
Lago do Capuxu: A área do lago é de aproximadamente 15 mil m², largura de 100 metros, extensão de 150m e profundidade média de 2m.
É cercado por árvores de grande porte, como as tamarineiras, azeitoneiras, mangueiras, goiabeiras, amendoeiras, caraibeiras, algarobeiras e muitas plantas ornamentais.
É proibido o banho, por ser área de segurança da CHESF. Existe projeto para aproveitamento do lago como área de recreação da população local (quiosques, venda de alimentos e bebidas, pedalinho, pesca, etc).
Mirante da Cachoeira: O mirante, que está localizado na Ilha do Urubu, possui uma grande área verde, com jardins ornamentais e diversas pontes que atravessam canyons e corredeiras.
Num dos jardins está a estátua do poeta Castro Alves, em bronze, bem como uma estrofe de seu poema em homenagem à Cachoeira, “Espumas Flutuantes”. A área possui um bar construído em estilo rústico, sob uma torre de transmissão. Do mirante avista-se a primeira usina hidrelétrica do Nordeste, construída por Delmiro Gouveia em 1913, a “Angiquinho”. À esquerda estão as belas quedas d’água da Cachoeira de Paulo Afonso, com aproximadamente 100 metros de altura, apreciadas apenas em épocas programadas, quando as comportas da barragem são abertas.
Também é possível avistar o canyon do Rio São Francisco, com seus paredões de rochas graníticas, com altura aproximada de 80 metros.
Ponte Dom Pedro II: A Ponte Metálica, construída na década de 50, é uma maravilha da engenharia, toda em metal encravada no belo canyon do Velho Chico. É nela que os atletas liberam sua adrenalina em saltos de bungee jump, base jump e rapel. Tornou-se um ícone da cidade de Paulo Afonso.
Raso da Catarina: O raso é dividido entre reserva biológica e indígena. Para aqueles que gostam de caminhar, o Raso da Catarina é a verdadeira prova de fogo. Título muito adequado não apenas pela presença de um sol escaldante, mas também pelo fato do solo ser de areia pura, o que dificulta o desempenho de quem caminha por ali.
Localizada na reserva indígena dos índios Pankararés, a baixa do Chico, é um canyon seco com 12 quilômetros de extensão no coração do Raso. Mas, a recompensa de tanto sacrifício vale a pena. Ao final, o turista pode avistar os belos paredões da única reserva biológica de caatinga no mundo e ter a experiência de percorrer trilhas que no passado apenas cangaceiros, como os de Lampião, eram capazes de enfrentar.
Serra do Umbuzeiro: A Serra do Umbuzeiro, localizada no distrito do Riacho, é cenário para uma boa caminhada até o ponto mais alto de Paulo Afonso.
O passeio envolve contato com a vegetação típica do semi-árido, belas formações rochosas de arenito, grutas, cavernas e pinturas rupestres. Do alto dos seus 500 metros, tem-se uma fabulosa visão em 360 graus do município de Paulo Afonso. O trekking em si não envolve grandes dificuldades, mas o sol forte cobra o seu tributo exigindo do visitante: chapéu, filtro solar e muita água.
Usina do Angiquinho: Considerada a primeira usina hidrelétrica do Nordeste, Angiquinho está lozalizada à margem alagoana da Cachoeira de Paulo Afonso que, por sua vez, pertence ao Rio São Francisco.
Atualmente, está sendo executado um projeto de recuperação que prevê a restauração total da usina, da furna dos morcegos e de um elevador que leva à caverna.
Para os mais aventureiros, Angiquinho também é sinônimo de esporte de aventura. O visitante poderá sentir a emoção de fazer um rappel de 40 metros de altura e uma tirolesa da mesma altura e de 100 metros de comprimento, além de poder tomar um delicioso banho na cachoeira do lago formado pelas águas do Velho Chico, praticando o canyoning e tendo a visão dos colossais paredões de rocha da Cachoeira de Paulo Afonso.