Projeto Climágua

1 – O B J E T I V O:

Aplicação de águas tratadas em estações de tratamento de esgoto para a irrigação de vegetais a serem industrializados, obtendo-se com isto, também o “seqüestro de carbono e redução de impactos negativos visuais e de ordem atmosférica no entorno das ETEs”.

2 – C O M E N T Á R I O S I N I C I A I S:

2.1 – INTRODUÇÃO:

I.- Normalmente, o entorno das ETEs se constituem de glebas desvalorizadas face a sucessão de impactos negativos gerados pela presença delas, por mais que as concessionárias tentem minimizar os efeitos negativos gerados.

II.- As ETEs são montadas sempre nas proximidades dos núcleos urbanos dos municípios, por motivos óbvios de redução de custos e otimização de processos e atividades.

III.- Com uma freqüência de quase 100%, as glebas próximas à cidade foram pulverizadas, transformando-se em propriedades de pequena extensão, familiares, sendo utilizadas para lazer e pequena produção agrícola – o famoso “cinturão verde” produtor de verduras e legumes de consumo local.

2.2 – OBSERVAÇÕES AMBIENTAIS E TÉCNICAS:

I.- O organograma do uso da água em um sistema urbano pode ser assim representado:

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Como pode ser observado, de forma simplista, o precioso líquido água, desde sua captação, normalmente com uma qualidade aceitável, após dez operações unitárias, é descartado com qualidade inferior 1.

II.- O abastecimento de verduras e legumes das cidades brasileiras deriva de um “cinturão verde” constituído por pequenas propriedades familiares no entorno das cidades que face à grande poluição dos cursos d’água que servem para a irrigação, têm um sistema sanitário que deixa muito a desejar.

III.- Como foi ventilado anteriormente, o entorno de uma ETE é muito desvalorizado, acarretando, não apenas prejuízos incalculáveis aos proprietários, como uma visão política negativa por parte da população, em relação às permissionárias/concessionárias, sejam elas municipais, companhias mistas, ou privatizadas.

Sob o ponto de vista técnico, soe acontecer a arborização de parte do entorno das ETEs, em suas propriedades, minimizando diversos problemas, sem no entanto os resolver.

IV.- Um dos maiores vilões entre os produtores do efeito estufa que está alterando o clima da terra, para pior, é o gás carbônico oriundo de um desequilíbrio ecológico, face sua desenfreada emissão provinda do desenvolvimento industrial e de transportes.

V.- Vegetais, uns mais, outros menos, porém e principalmente em crescimento, pelo processo da fotossíntese, absorvem elevadas taxas de gás carbônico para construírem suas estruturas.

VI.- Ao ser utilizada uma árvore sustentavelmente plantada e, sustentavelmente cortada, para a indústria moveleira, o gás carbônico absorvido pela planta, na evolução de seu crescimento, permanecerá sob a forma de compostos de carbono, no cerne da madeira utilizada para a fabricação dos móveis, portanto, o Carbono foi seqüestrado …

VII.- Os países industrializados que não conseguirem reduzir a taxa de gás carbônico emitido, segundo o Protocolo de Kioto, terão algumas obrigações a cumprir que envolvem compra de cotas, pagamento de royaltes , financiamentos etc.

2.3 – A IDÉIA:

I.- De um lado, temos águas servidas de qualidade inferior às captadas, sendo lançadas, após dois longos percursos de tratamento, em cursos d’água.

II.- De outro lado, terras existem, mal aproveitadas, desvalorizadas, sendo utilizadas, muita vez, de forma ambiental e sanitáriamente insatisfatórias.

III.- Complementando, há uma preocupação global com relação às mudanças climáticas acarretadas pelo “efeito estufa”.

3 – A P R O P O S T A

3.1.- Por meios legais, seja contrato com permissionárias ou concessionárias, incentivos, obrigação de fazer, ou mesmo seguindo a chamada lei natural da oferta e da procura mercadológicas, propor/determinar que o entorno de uma ETE 2 deva ter reflorestamento com manejo sustentável objetivando o “Seqüestro de Carbono” , de tal forma que a madeira a ser cortada, não mais seja utilizada como combustível ou assemelhado, retornando à atmosfera sob a forma de gás carbônico 3

3.2.- A ETE se obriga a fornecer água residuária oriunda de seu tratamento, de forma pressurizada para o processo de irrigação controlada .

3.3.- A utilização do lodo obtido no tratamento deverá ser analisada entre as partes e, caso aprovada, passará a ser acompanhada pelas autoridades senitárias.

3. 4.- Poderá haver a implementação de outros projetos de plantio, observando-se no entanto, tratarem-se de:

I – consumo industrial;

II – utilização da irrigação mencionada;

III – serem objeto de “seqüestro de Carbono”;

IV – terem órgãos governamentais oferecendo incentivos e parcerias. 

Ribeirão Preto, 26 de outubro de 2004

Paulo Finotti

1 É importante que seja lembrada a captação de água subterrânea, a mais nobre das águas! Trazemo-la nobre, pura dos aqüíferos, a estragamos e após um tratamento que atinge de 95 a 98%, a despejamos sob a forma de água residuária superficial .

2 A dimensão da área deve ser definida de acordo com parâmetros técnicos da ETE.

3 Exemplo a ser citado são as madeiras para a indústria moveleira. Uma vez feito o móvel, dificilmente ele será queimado. 

Paulo Finotti