Agricultura Orgânica e Segurança Alimentar

No mundo de hoje existe relação intrínseca entre a agricultura e a saúde dos consumidores. Os métodos de cultivo afetam a qualidade do solo e este o equilíbrio da planta e finalmente a planta interfere na qualidade de vida do homem e do animal que dela se alimentam.

Os alimentos convencionais consumidos “in natura” apresentam frequentemente contaminação por agrotóxicos e adubos químicos de síntese, os de origem animal são produzidos com uso intensivo de hormônios, vacinas e antibióticos além dos biocidas. Por seu lado os alimentos industrializados sofrem métodos de beneficiamento como refinação, aditivos, corantes e conservantes que quando usados indevidamente ocasionam sérios danos à saúde dos consumidores.

A saúde só será preservada se consumirmos alimentos sadios, isentos de qualquer tipo de contaminantes químicos.

A agricultura orgânica certamente será a base futura de uma produção familiar mais racional de alimentos, pois busca a exploração de sistemas agrícolas diversificados, economia no consumo de energia, preservação da biodiversidade, maior densidade de áreas verdes, tudo isto contribuindo para manter a paisagem mais humana.

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O sistema familiar de produção orgânica se enquadra no conceito da ciência da agroecologia e qualidade de vida com abordagem de prevenção de doenças dentro de um enfoque altamente social e ambiental.

Feita esta análise inicial entramos na questão de segurança alimentar, visto que a melhor opção para a produção de um alimento seguro está estritamente ligada à produção familiar orgânica.

O alimento orgânico tem mais vitaminas e sais minerais, pois provém de um solo mais rico e equilibrado em todos os nutrientes. Contém maior teor de matéria seca, tendo por isso maior valor nutricional. É mais saboroso, pois mantém os ácidos orgânicos não nitrogenados, especialmente em frutas e hortaliças consumidas “in natura”.

O Brasil fechou 2013 com saldo positivo para a agricultura orgânica, segundo dados do Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos. O número de organismos avaliadores de conformidade do setor mais que dobrou e o montante de produtores e unidades produtivas teve um aumento de 22%, comparado a 2012. “Esse quadro positivo é consequência do modelo diversificado dos mecanismos de controle para garantia da qualidade orgânica”, avalia o coordenador de Agroecologia da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo, Rogério Dias.

Em 2012, o país contava com 79 Organizações de Controle Social (OCSs) e quatro Organismos Participativos de Avaliação da Conformidade (OPACs). No ano passado, estes números subiram para 163 e 11, respectivamente. Como consequência, afirma Rogério, estes números refletem o aumento dos produtores orgânicos em todo o país, porque facilita o registro dos mesmos. No fechamento de 2012, o Brasil contava com cerca de 5,5 mil produtores agrícolas que trabalhavam segundo as diretrizes dos sistemas orgânicos de produção. O ano de 2013 fechou com 6.719 produtores e 10.064 unidades de produção orgânica em todo o Brasil.

A região Sul conta com duas certificadoras, uma OPAC e nove OCSs, que dão credibilidade a 1.896 produtores e 3.165 unidades de produção. Já os 1.463 produtores orgânicos da região Sudeste estão distribuídos entre 41 OCS, quatro OPACs e seis certificadoras que atendem a todo o país. A região Centro-Oeste, que conta com 247 produtores e 269 unidades de produção, possui 18 OCSs e duas OPACs. As regiões Nordeste e Norte não possuem certificadoras, todavia, a região Norte é atendida por 14 OCSs e a Nordeste por 81 OCSs e quatro OPACSs, que controlam 317 produtores na região Norte e 2.796 produtores do Nordeste brasileiro.

Hoje (2014) temos o mínimo de 11,5 mil unidades de produção controladas ligadas ao sistema de agricultura orgânica, que incluem propriedades rurais e estabelecimentos de processamento orgânicos. A área total do país com certificação orgânica é representada por 1,5 milhão de hectares, sendo o Mato Grosso o estado com a maior área, 622.800 hectares; o Pará possui 602.600 hectares; e o Amapá 132.500 hectares. Porém o maior número de produtores coligados a alguma certificação orgânica encontra-se no Pará, que possui cerca de 3.300 produtores. No Rio Grande do Sul são 1.200 produtores; no Piauí, 768; São Paulo, com 741; e em Mato Grosso, são 691.

Além disso, segundo o Ministério da Agricultura, a Região Norte, que possui 78.800 hectares e 3.800 unidades de produção, possui também a maior área dedicada à agricultura orgânica, seguida pelo Centro-Oeste, que possui 650.900 hectares e 1.100 unidades produtivas.

Iniberto Hamerschmidt é Coordenador Estadual de Agricultura Orgânica da EMATER-PR.
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