Aos 30 anos de existência, atingimos a plena maturidade, com a consolidação de uma instituição desenhada para acordar o Brasil, demonstrando que o potencial produtivo agrícola nacional é viável.
Nas últimas três décadas, o país consolidou-se como um dos mais importantes produtores mundiais de soja, milho, leite, carne, laranja, aves, suínos, entre vários outros produtos. Destaca-se também a grande economia de fertilizantes nitrogenados resultante da utilização de bactérias fixadoras de nitrogênio em toda a área plantada com soja no país.
Importantes também foram as centenas de cultivares e híbridos de milho, feijão phaseolus e vigna, algodão, mandioca, tomate, cenoura, maçã, pêssego, trigo, arroz, frutas tropicais, entre outros, disponibilizadas aos agricultores de todo o Brasil. Assim como foram fundamentais o avanço da genética e as boas práticas de manejo do solo e das pragas, da mecanização, da irrigação, do armazenamento e do transporte.
Sobre o meio ambiente, exemplos como o manejo sustentável florestal, para a Região Norte, o manejo da caatinga, para a Região Nordeste, a recuperação de pastagens degradadas e o Projeto Silvânia, nos Cerrados e outras áreas, e o Zoneamento Agrícola em regiões e estados da federação são marcos significativos.
Neste período, outro aspecto relevante foi o avanço na área da biotecnologia. Atualmente, são dezenas de laboratórios especializados em cultura de tecidos, biologia molecular, modificação de plantas, clonagem animal, genômica e bioinformática que geram conhecimentos estratégicos para todos os recantos do país.
Temos ainda um grande caminho a percorrer. Torna-se, hoje, evidente que um esforço adicional deve ser incluído às nossas atividades: colaborar com a inserção duradoura no processo de desenvolvimento socioeconômico dos agricultores de base familiar, indígenas e das milhares de famílias assentadas da reforma agrária.
De que forma faremos isso? A primeira é disponibilizar ao máximo todas essas tecnologias que estão prontas e não estão sendo utilizadas, e que podem ser absorvidas prontamente pelo sistema de produção de natureza familiar. Nesse processo, faremos algumas ações agressivas começando pela região do semi-árido, identificada como extremamente carente, não só em termos de produção agropecuária como em termos sociais.
A segunda etapa é adotarmos um novo método de trabalho com os agricultores familiares. Eles serão os experimentadores nos casos que houver necessidade de nova geração de tecnologia, principalmente nos sistemas agroecológicos, onde iremos atuar mais. Esse trabalho tem que ser feito na base, de maneira organizada.
Temos que contribuir para o desenvolvimento de comunidades rurais que precisam de tecnologia de produção agropecuária e de agregação de valor aos seus produtos, de conhecimentos técnicos, de conservação dos recursos naturais, enfim, de pesquisas que atendam os seus anseios e que garantam a sua sustentabilidade.
Finalmente, precisamos construir arranjos institucionais que resolvam questões de infra-estrutura, crédito, capacitação profissional, gestão, entre outros, para que os resultados gerados e transferidos pela Embrapa produzam os efeitos desejados.
A Embrapa deste milênio deverá ser uma empresa cidadã, com controle social, e voltada para atender os mais diversos grupos de agricultores que compõem o nosso meio rural.
Clayton Campanhola – Diretor Presidente da Embrapa