Pertinho do Dedo de Deus

O Parque Nacional da Serra dos Órgãos, a 80km da cidade do Rio de Janeiro, é um dos preferidos por quem gosta de fazer trilhas e escaladas e está cheio de boas novidades.

Fique atento à beleza das flores do parque. Para ver a bicharada de perto, são necessários paciência e silêncio. Na última foto, um filhotinho de quati.

A ligação é imediata. Falar de Rio de Janeiro é falar de praias. Mas que tal voltar os olhos para o outro lado? O que se encontra é a Serra do Mar, uma cadeia fantástica de montanhas, que começa no Espírito Santo, atravessa os estados de Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e só vai terminar no norte de Santa Catarina. Uma amostra das belezas dessa paisagem é encontrada nos 11 mil hectares do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, que fica a 80 quilômetros da capital fluminense.

A Serra dos Órgãos foi batizada pelos colonizadores portugueses, inspirados pelo formato dos picos da cadeia de montanhas da região, que lembravam os órgãos das igrejas européias. Por aí já dá para imaginar a beleza do parque, que foi criado em 1939. Sua área abrange os municípios de Teresópolis, Petrópolis, Magé e Guapimirim.

Em pouco mais de uma hora e meia de estrada, a diferença climática para quem deixa o Rio em direção ao parque é tão grande que a gente sai da cidade derretendo, sob um calor de 37 graus, e passa as noites no parque dormindo de moleton, embalado em edredom. À noite, além do clima, o silêncio e o ar puro renovam as forças para encarar as trilhas, de dia. Essa é a química local. Uma noite dormida na serra equivale ao descanso que se tem em dez noites no Rio de Janeiro, durante o verão. Ainda mais em tempos de apagão, com ar-condicionado e ventiladores praticamente servindo de enfeite dentro de casa.

Longe do calor excessivo e do mar, não quer dizer, necessariamente, longe do sol e das águas. O Parque Nacional da Serra dos Órgãos é abundante em rios e cachoeiras fantásticas para banho. Tanto que sua piscina natural já foi batizada de Prainha de Teresópolis, por causa da quantidade de visitantes que recebe nos finais de semana. Basta ficar alguns minutos exposto ao sol da montanha e a coragem para um mergulho nas águas frias da piscina logo aparece. Elas são ótimas também para ajudar a recarregar as energias gastas depois de horas (ou até dias) de caminhada pelas trilhas.

Com 62 anos de existência e preservação, o Parque Nacional da Serra dos Órgãos atingiu a terceira idade com fôlego de menino. Ganhou novas trilhas de visitação, muro de escalada, pousada, placas informativas sobre extensão e dificuldade das trilhas, sinalização de trânsito, equipamentos modernos de combate ao fogo e socorro a montanhistas e uma série de novos atrativos.

Hoje é considerado o parque nacional mais bem estruturado do Brasil para prática do montanhismo. Pudera! Seus inúmeros picos escaláveis variam entre os 1.320m, do Dedo de Nossa Senhora, aos 2.263m da Pedra do Sino, que é o ponto mais alto. Mas, a grande vedete do parque é o Dedo de Deus, símbolo da região. Com os seus 1.692m, é encarado pelos montanhistas como um grande desafio, pelo grau de dificuldade e também por sua fácil identificação ao longo da rodovia Rio/Teresópolis.

Se você não é montanhista mas gosta de enfrentar aventuras radicais, saiba que no Parque Nacional da Serra dos Órgãos há guias autorizados pelo Ibama para conduzir os novatos até o cume dos picos mais difíceis. Eles levam equipamentos profissionais e fazem acompanhamento metereológico por computador, para saber se as condições climáticas são favoráveis. Dão até dicas das técnicas do alpinismo. É possível escolher trechos mais ou menos complicados. Tudo depende do gosto do freguês.

Texto e fotos: Marcelo de Paula
E-mail: mdepaulafoto@globo.com