Há milhões de anos a região surgiu da separação entre América do Sul e a África, provocando a abertura de fendas por onde o magma vulcânico deu origem ao solo.
“O Rio da uns saltos sobre enormes penhascos e a água golpeia a terra com tanta força que de muito longe ouve-se o estrondo…”. Afirmou o explorador espanhol Dom Alvar Nuñes Cabeza de Vaca ao ser o primeiro homem branco a contemplar as Cataratas do Iguaçu, em 1542, quando sua expedição atravessava o sertão paranaense.
I-Guassu é uma palavra guarani que significa “Água Grande”. O nome se origina das tribos indígenas Caigangue e Tupi-Guarani, primeiros habitantes do local.
Nas águas do Iguaçu, o homem fez a história da terra. Sucessivos ciclos econômicos modificaram radicalmente a paisagem do Estado do Paraná. E, justamente, para conter o desequilíbrio ecológico da intervenção desordenada do homem sobre o meio ambiente, é que no país foram criados os Parques Nacionais. Áreas de preservação das amostras dos ecossistemas e conservação de recursos naturais de interesse público.
Assim, na intenção de conciliar desenvolvimento, qualidade de vida das comunidades no entorno e manutenção do valor ambiental de suas paisagens, foi criado, em 1939, o Parque Nacional do Iguaçu.
Símbolo do Parque Nacional e do Brasil para o mundo, não há expressão concreta que defina a beleza das Cataratas do Iguaçu. A cada ano, milhares de visitantes brasileiros e estrangeiros vislumbram o eterno espetáculo das águas que caem!
Localizado no extremo-Oeste do Paraná, na divisa entre Brasil e Argentina, o Parque Nacional do Iguaçu, somado ao vizinho parque argentino do Iguazú, compõem um complexo de 250 mil hectares de floresta protegida.
Por sua biodiversidade única concentrada na remanescente Mata Atlântica de Interior, seu gigantesco banco genético verde de valor incalculável e a magnitude dos cenários naturais fizeram o Parque Nacional do Iguaçu ser considerado, pela UNESCO, como Patrimônio Natural da Humanidade.
Elemento água abundante!
Com nascente na Serra do Mar e longa extensão, o Rio Iguaçu localiza-se na Bacia do Prata, uma das mais importantes bacias hidrográficas da América do Sul. Rios diversos correm na região, sendo o Floriano o único rio do sul do Brasil com a bacia completamente protegida dentro de um Parque Nacional.
As formações florestais existentes no Parque diferem com as características de altitude, solo e clima. As de maior ocorrência são: Floresta Estacional Semidecídua, com estações bem definidas e árvores perdendo folhas no inverno para compensar a escassez d’água da fria temporada;Floresta Ombrófila Mista, onde se encontra o pinheiro-do-paraná; e Formações Pioneiras de Influência Fluvial, com áreas de solos instáveis sujeitos à inundações e vegetação herbácea-arbustiva.
Com aproximadamente 45 espécies de mamíferos, aves, mais de 250 espécies de borboletas e diferentes tipos de répteis, nas matas do Iguaçu a fauna destaca-se por sua variedade. Sem contar que esse ecossistema ainda abriga porco-do-mato, anta, veado-mateiro, onça-pintada e o jacaré-de-papo-amarelo. Todos na lista de animais em extinção.
Objetivando disponibilizar informações precisas acerca da Unidade de Conservação para a comunidade científica, à população do entorno e à sociedade em geral, a direção do Parque Nacional do Iguaçu criou um programa de pesquisas para auxiliar na proteção e valorização deste Patrimônio Natural.
O Projeto Carnívoros do Iguaçu, precursor no estudo da ecologia dos grandes felinos brasileiros, é exemplo. Em seus dez anos de existência, capturou para análise mais de 200 animais silvestres. Em sua nova fase de atuação, o Projeto conta com apoio técnico da Itaipu Binacional e consultoria permanente da Wildlife Conservation Society.
Através da Escola Parque, o Parque Nacional do Iguaçu vem atuando com professores e alunos das escolas dos municípios vizinhos. São palestras, cursos, oficinas de reciclagem, visitas monitoradas e atividades de sensibilização e interpretação da natureza. Estratégias adotadas na área da Educação Ambiental, visando a conscientização de crianças, jovens e adultos quanto à preservação dos recursos naturais e melhoria da qualidade de vida.
Na busca do desenvolvimento sustentável, do equilíbrio perfeito entre homem e natureza, o Iguaçu é o primeiro Parque do Brasil a receber um Plano de Manejo revisado e atualizado. No qual todo o Parque apresenta-se dividida em zonas de áreas de características diferentes, com programas específicos de atividades para cada uma delas.
A começar pelo transporte feito em ônibus panorâmicos não poluente, com velocidade controlada em defesa a vida silvestre e informações turísticas e ambientais acerca do Parque. Acesso público com mínimo impacto ambiental é a meta do Manejo.
Novas trilhas, bike, rafting, rapel, canoagem e o tradicional passeio de barco sob as Cataratas são opções de esporte e lazer para quem, além de observar, quiser sentir de mais perto a força da natureza no Iguaçu.
Da parceria empresarial Ibama/Concessionárias um novo horizonte profissional se abriu para antigos mateiros, caçadores e pescadores, que aposentaram suas armas para utilizarem seus conhecimentos em benefício ao desenvolvimento sustentável.
A revitalização do Iguaçu, além das Cataratas, aproveita a exuberância natural da região como fator decisivo na economia dos Municípios do entorno do Parque. Uma estrutura ecológica será montada para cada cidade ter, ao menos, um pólo turístico de visitação.
Junto ao desenvolvimento eco-turístico vem ocorrendo uma ação conjunta entre a direção do Parque Nacional, Prefeituras, moradores e agricultores das comunidades vizinhas, quanto ao melhoraproveitamento de técnicas orgânicas às lavouras do entorno.
A cooperação de pequenos e grandes produtores rurais das fazendas do entorno é fundamental para conservação do meio ambiente. Importantes medidas estão sendo tomadas no combate ao isolamento das Florestas do Iguaçu. O Corredor de Biodiversidade de Santa Maria é uma delas. Rota de conexão verde ligando o Parque Nacional com a faixa de preservação do Lago da Usina Hidrelétrica de Itaipu.
Pelos fragmentos de matas ciliares dos rios Apepú e Bonito e da Reserva Particular do Patrimônio Natural de Santa Maria a renovação genética está garantida. Sem a interferência de animais domésticos, espécies da fauna e flora deslocariam-se numa extensa passagem abrangendo Rio Grande do Sul, Paraná, Argentina até o Pontal do Paranapanema, em São Paulo.
A ação de cada ser humano zelando por seu habitat garante às futuras gerações um meio ambiente saudável. Proteger e conservar a riqueza natural do Iguaçu é o caminho certo para melhorar a qualidade de vida da região.
Parque Nacional do Iguaçu – obra prima da natureza.
Texto e fotos: Marcelo de Paula
E-mail: mdepaulafoto@globo.com