Localizada na planície costeira do Estado do Paraná, no município de Paranaguá, com uma extensão de 1150 hectares, a Estação Ecológica de Guaraguaçu mantém em seus limites ambientes ainda satisfatoriamente conservados, constituídos por Floresta Atlântica das terras baixas e por ecossistemas pioneiros de restingas arbóreas, manguezais, caxetais e brejos. O entorno desta unidade de conservação, também chamada de zona de amortecimento, engloba áreas dos municípios de Pontal do Paraná, Matinhos e Paranaguá.
Estudos e diagnósticos iniciais indicam que a EE de Guaraguaçu constitui-se em uma das últimas áreas ao longo do litoral paranaense que apresenta ambientes com características primitivas ainda mantidas. O grau de conservação desses ambientes os caracterizam como verdadeiros patrimônios naturais, configurando esta Unidade de Conservação como uma das mais relevantes dentro do Sistema de Unidades de Conservação do Paraná.
A presença de espécies vegetais ameaçadas de extinção, citando entre outras o palmito-jiçara
(Euterpe edulis), a caxeta (Tabebuia cassinoides), além de bromélias e orquídeas ornamentais, outrora abundantes e que atualmente encontram-se com os estoques naturais bastante reduzidos devido à intensa exploração que sofreram, são alguns exemplos de representantes do patrimônio natural nela contidos.
Entre a fauna ameaçada, a presença de espécies como o jaó-do-litoral (Crypturellus noctivagus), o jacaré-de-papo-amarelo (Caimam latirostris), a onça-parda (Puma concolor), a jaguatirica (Felis pardalis), a lontra (Lontra longicaudis), o bicudinho-do-brejo (Stymphalornis acutirostris) e o papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis), estes dois últimos endêmicos de uma área geográfica bastante restrita, demostram a importância que esta unidade de conservação representa para a sobrevivência destas espécies.
O maior remanescente da Mata Atlântica brasileira, onde a Estação Ecológica de Guaraguaçu está inserida, encontra-se entre as 25 mais importantes áreas para a preservação da biodiversidade no mundo, com índices críticos de risco, conforme estudo recente (Stattersfield et al.).
A importância da existência desta área de preservação máxima é corroborada pela situação de pressão antrópica a qual se submete juntamente com sua região de entorno. Pode-se citar o extrativismo de palmito-jiçara e de cipó-imbé, a caça, a pesca predatória, a derrubada da floresta para dar lugar a atividades ditas “produtivas”, a forte pressão imobiliária da região das praias e a expansão urbana de Paranaguá, além de atividades que envolvem o manejo precário de espécies exóticas como a bubalinocultura, piscicultura, o plantio de pinus e eucalipto. Além disso, a contaminação e degradação dos rios Guaraguaçu e Pequeno por mineração e por efluentes urbanos também compromete a saúde dos ecossistemas que naturalmente se interrelacionam com os regimes hídricos.
Numa experiência pioneira de co-gestão, a Secretaria do Meio Ambiente do Paraná e o Instituto Ambiental do Paraná (SEMA/IAP) delegaram à SPVS, Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental, a gestão e administração da Estação Ecológica de Guaraguaçu. O convênio, viabilizado com financiamento do banco alemão KfW e do Governo do Paraná, faz parte do Programa Pró-Atlântica.
O trabalho prevê a fiscalização, a implementação da infra-estrutura necessária para efetiva a proteção da área, ações de educação ambiental com a população do entorno e a confecção do Plano de Manejo desta unidade de conservação.
Por ter sido enquadrada na categoria de manejo de “estação ecológica”, a mais restritiva quanto ao uso, a EE de Guaraguaçu tem por objetivos primordiais a preservação máxima dos ambientes e da biodiversidade neles contida, a pesquisa científica e a educação ambiental. Não é permitida a visitação ou qualquer outra atividade de turismo dentro dos limites desta Unidade de Conservação.
Redação ambientebrasil