Corredor Biológico
Corredor biológico pode ser conceituado como uma parcela de ecossistemas naturais que fazem a ligação entre as unidades de conservação tanto públicas quanto particulares, que permite uma maior oxigenação genética, possibilitando a manutenção da biodiversidade com seus processos evolutivos.
Os corredores biológicos podem ser implementados em qualquer tipo de bioma ou ecossistema, mas é para a proteção das florestas tropicais que foi praticamente criado e desenvolvido.
Objetivos principais:
- A conservação in situ da biodiversidade de determinada área natural, através da integração das unidades de conservação;
- Implementação de unidades modelos em áreas de alta prioridade de biodiversidade;
- Incentivar a expansão de RPPNs (Reserva Particular do Patrimônio Natural) e preservar grandes blocos de florestas através da integração das populações envolvidas.
Em termos de direito ambiental um corredor ecológico pode ser considerado como uma forma administrativa de preservação ambiental, fazendo parte do sistema nacional de proteção ao meio ambiente.
O Brasil é possuidor de cerca de 1/3 do remanescente das florestas tropicais do planeta, encontra-se privilegiadamente na posição de país de maior diversidade biológica do mundo, graças evidentemente as suas florestas, pois estes ecossistemas são reconhecidos como de grande biodiversidade. Um grande percentual dos animais como mamíferos, aves e répteis, bem como plantas estão na região florestal brasileira. Só na Floresta Atlântica encontramos mais de 73 espécies de mamíferos, 160 de aves, 128 espécies de anfíbios e cerca de 20.000 espécies de plantas, o que a torna uma das mais exuberantes e importantes florestas do globo.
Na região amazônica a atividade agrícola e a exploração da madeira vêm trazendo grande impacto ambiental, com perdas atuais por volta de 14 mil km2 de sua área verde, perdendo já cerca de 8% da área total da floresta; além disso, as queimadas vêm contribuindo com 10% das emissões mundiais de gás carbônico. Há, ainda, desperdício de madeira pois aproveita-se apenas parte desta, além da erosão dos rios pelo desmatamento.
A situação está caminhando para um futuro caos ambiental, pois as unidades de conservação estão praticamente no papel e a filosofia preservacionista era até pouco tempo no sentido de apenas delimitar áreas de preservação, sem nenhuma atuação protetiva adicional.
O entendimento de que a opção pela formação de ilhas biológicas é a melhor está mudando, entendendo-se agora que para a manutenção da biodiversidade é necessário manter estas ilhas interligadas, pelo que se denomina corredor biológico.
Uma das maiores dificuldades, enfrentadas pelas atuais unidades de conservação, é o seu crescente isolamento de outras áreas naturais. Por isso, já que a conservação da biodiversidade requer não somente a preservação de espécies, mas também a diversidade genética delas, é essencial proteger múltiplas populações da mesma espécie.
Além disso, populações isoladas são mais vulneráveis a eventos demográficos e ambientais aleatórios, tomando-as mais suscetíveis à extinção local.
O planejamento em conservação deve deixar de considerar áreas únicas, e sim estruturas de rede, levando em consideração a dinâmica da paisagem e o inter-relacionamento necessário entre áreas protegidas. A aplicação de modelos biogeográficos deixa clara a necessidade da preservação de extensas áreas, de modo a tornar o sistema ecologicamente viável.
Uma maneira de conservar a biodiversidade é montar projetos que tem como objetivos a conservação in situ da biodiversidade das florestas tropicais, através da integração das unidades de consevação; implementação de unidades modelos em áreas de alta prioridade de biodiversidade; incentivar a expansão de RPPNs (Reservas Particulares do Patrimônio Natural) e preservar grandes blocos de florestas através da integração das populações envolvidas.
Portanto, a formação de corredores biológicos é de suma importância na tentativa de preservação ambiental, sendo uma forma moderna e que traz esperança na luta pela melhor qualidade ecológica de nossas florestas e conseqüentemente de preservação da nossa riquíssima biodiversidade.
Efeito de Borda
O efeito de borda depende do tamanho e da forma dos fragmentos florestais. É menor em remanescentes maiores e com forma mais próxima de circular. Como o efeito de borda pode atingir, em uma generalização grosseira, 100 metros mata adentro, remanescentes com menos de 100m de largura ou diâmetro podem ser “inteiramente borda”, e requerem técnicas de conservação mais complicadas.
Os dois tipos de ambientes (a floresta e a área aberta) se influenciam mutuamente, em uma certa medida. Assim, se nas plantações agrícolas o ambiente estiver ensolarado e quente, basta aproximar-se da mata para experimentar um ambiente gradativamente mais fresco e sombrio, até o interior da floresta.
As áreas da floresta perto da borda com o exterior acabam ficando mais iluminadas, mais quentes e mais secas. E as espécies da floresta respondem de várias maneiras a este fenômeno. Algumas não suportam a baixa umidade, por exemplo, mas outras acabam por se beneficiar, como algumas espécies de cipós. Com isso, o equilíbrio natural fica comprometido, podendo haver perda de espécies.
Um perigo adicional é o avanço da borda para o interior, com a mortalidade de árvores, que além dos cipós ficam mais expostas à seca e ao vento. Na verdade, existe na ecologia um conceito – ecótono – criado apenas para definir a transição natural entre dois ambientes ou dois ecossistemas. No caso das bordas dos fragmentos de floresta, no entanto, não se trata de uma situação natural, contínua e estável (numa escala de tempo mais longa), mas de algo abrupto e que tem uma dinâmica muito rápida.
A estrutura e a dinâmica de um fragmento florestal variam em função de uma série de fatores, tais como o histórico de perturbação, a forma da área, o tipo de vizinhança e o grau de isolamento. Um dos fatores que mais afetam um fragmento é o efeito de borda, que pode ser definido como uma alteração na estrutura, na composição e/ou na abundância relativa de espécies na parte marginal de um fragmento. Tal efeito seria mais intenso em fragmentos pequenos e isolados.
Por outro lado, a variabilidade é um componente inerente a qualquer sistema biológico. Um fragmento florestal apresenta diferenças espaciais em suas propriedades. Uma propriedade do sistema pode ser a biomassa de plantas, os nutrientes no solo, a abertura do dossel, a riqueza de espécies, a abundância de espécies, dentre outras. A complexidade e variabilidade de uma ou várias propriedades do sistema no espaço é chamada de heterogeneidade espacial.
Fragmentos florestais sofrem pressões diversas que resultam em perda de diversidade biológica. A pressão antrópica, o aumento do efeito de borda, associado à diminuição da área do fragmento, e a remoção da fauna que, entre outros serviços prestados, poliniza e dispersa frutos e sementes, são responsáveis pela extinção local de espécies vegetais. Estes processos acarretam na diminuição da capacidade dos fragmentos em dar suporte à vida animal, criando um efeito negativo sobre outros níveis tróficos. Este processo em cascata culmina em perda de biodiversidade.
A substituição da vegetação nativa por áreas de pasto, monoculturas e culturas de subsistência, implica na perda contínua e irreversível da biodiversidade, seja diretamente pela extinção de espécies, ou pela perda da variabilidade genética das espécies ameaçadas de extinção.
Redação ambientebrasil