Classificação de Martius
A história da Fitogeografia Brasileira iniciou-se com a classificação de Martius em 1824, que usou nomes de divindades gregas para sua divisão botânica. Esta classificação continua até hoje, após tantos anos de tentativas de novas classificações, sem uma definição de aceitação dentro do consenso geográfico brasileiro.
O mapa fitogeográfico de Martius foi anexado por Gisebach no volume XXI da Flora Brasiliensis em 1858 e nele há cinco regiões florísticas:
1.Nayades (flora amazônica)
2.Hamadryades (flora nordestina)
3.Oreades (flora centro-oeste)
4.Dryades (flora da costa atlântica)
5.Napeias (flora subtropical)
Esta divisão florística permanece, pois, além de apresentar ligações filogenéticas bastante confiáveis, foi baseada em coletas botânicas classificadas pelos maiores especialistas da época (VELOSO et alii, 1991).
Classificação de Gonzaga de Campos
Passaram-se 102 anos até aparecer nova classificação fitogeográfica brasileira, que foi a de Gonzaga de Campos (1926), não mais florística, mas sim fisionômico-estrutural.
I – Florestas
Floresta Equatorial
a) das várzeas
b) das terras firmes
Floresta Atlântica
a) das encostas
b) dos pinheiros
Floresta pluvial do interior
a) savana
b) cerradão
Matas ciliares
Capoeiras e Capoeirões
II – Campos Pastos
Campinas
Campos do Sul
a) limpos
b) sujos
Campos Cerrados
Campos alpinos
III – Caatingas
Classificação de Alberto J. Sampaio
O botânico Alberto J. Sampaio (1940) divide a vegetação brasileira em Flora Amazônica ou Hylae Brasileira e Flora Geral ou Extra Amazônica. Retoma, do seguinte modo, o conceito florístico para uma classificação fitogeográfica.
I – Flora Amazônica ou Hylae brasileira
- do Alto rio Amazonas
- do Baixo rio Amazonas
II – Flora Geral ou Extra – Amazônica
- Zona dos Cocais
- Zona das Caatingas
- Zona das Matas Costeiras
- Zona dos campos
- Zona dos Pinhais
- Zona Marítima
Classificação de Lindalvo Bezerra dos Santos
Lindalvo Bezerra dos Santos, em 1943, apresentou uma divisão fitogeográfica puramente fisionômica, acompanhada de terminologia regionalista. Pode-se, assim, considerar esta classificação como a primeira baseada no caráter fisionômico das formações vegetais, segundo o conceito de Grisebach (Veloso et alii, 1991).
I – Formações florestais ou arbóreas
- Floresta amazônica ou hylae brasileira
- Mata Atlântica
- Mata dos Pinhais ou Floresta Araucária
- Mata do Rio Paraná
- Babaçuais ou Cocais de Babaçu
- Mata de Galeria
II – Formações arbustivas e herbáceas
- Caatinga
- Cerrado
- Campos gerais
- Campinas ou Campos limpos
III – Formações complexas
- Formação do Pantanal
- Formações litorâneas
Classificação de Aroldo de Azevedo
Aroldo de Azevedo (1950) usou, em São Paulo, a mesma classificação de L. B. dos Santos, geógrafo do IBGE no Rio de janeiro, como se vê a seguir:
A – Formações florestais ou arbóreas
I – Floresta amazônica ou Hylae brasileira
II – Mata Atlântica
III – Mata do Rio Paraná
IV – Mata dos Pinhais ou Floresta Araucária
V – Mata de Galeria
VI – Babaçuais
B- Formações arbustivas e herbáceas
I – Caatinga
II – Cerrado
III – Campos gerais
IV – Campinas ou campos limpos
C- Formações complexas
I – Formação do Pantanal
II – Formações litorâneas
Classificação de Edgar Kuhlmamn
Em 1960, Edgar Kuhlmamn apresentou nova divisão fitogeográfica brasileira, baseando-se em conceitos climatoestruturais e terminológicos regionais, retornando, assim, a uma divisão de tipos estruturais.
I – Tipos arbóreos
A – Floresta trópico equatorial
B – Floresta semidecídua tropical
C – Floresta de araucária
D – Manguezal
II – Tipo herbáceo
E – Campo limpo
III – Tipos arbóreo-herbáceos ou intermediários
F – Cerrado
G – Caatinga
H – Complexo do Pantanal
I – Praias e dunas
Classificação de Andrade-Lima e Veloso
Andrade-Lima (1966) e Veloso (1966), o primeiro no Atlas Geográfico do IBGE e o segundo no Atlas Florestal do Brasil (Serviço de Informação agrícola – SIA), usaram um novo sistema de classificação da vegetação brasileira. Voltaram a empregar o termo formação para dividir os grupos maiores de vegetação e uma terminologia estrutural ecológica nas subdivisões florestais, seguida da terminologia regionalista para as subdivisões não-florestais (Veloso et alii, 1991):
A – Formações florestais
I – Floresta pluvial tropical
II – Floresta estacional tropical
III – Floresta caducifólia tropical
IV – Floresta subtropical
B – Formações não- florestais
I – Caatinga
II – Cerrado
III – Campo
C – Formações edáficas
Classificação do Projeto RADAM
Na década de 70, o grupo do projeto RADAM, encarregado de equacionar o mapeamento da vegetação amazônica e parte da nordestina, criou uma escola fitogeográfica baseada em Ellemberg e Mueller-Dombois. Ao longo de dez anos, as várias tentativas de classificação da vegetação brasileira sofreram alterações que culminaram com a apresentação da “Classificação fisionômica-ecológica das formações neotropicais” (Veloso e Góes-Filho, 1982), por Veloso et alii (1991).
1 – Região Ecológica da Savana
- Arbórea densa
- Arbórea aberta
- Parque
- Gramíneo-lenhosa
2 – Região Ecológica da Estepe (Caatinga e Campanha Gaúcha)
- Arbórea densa
- Arbórea aberta
- Parque
- Gramíneo-lenhosa
3 – Região Ecológica da Savana estéoica (vegetação de Roraima, Chaquenha e parte da Campanha Gaúcha)
- Arbórea densa
- Arbórea aberta
- Parque
- Gramíneo-lenhosa
4 – Região Ecológica da Vegetação Lenhosa Oligotrófica Pantanosa (Campinarana)
- Arbórea densa
- Arbórea aberta
- Gramíneo-lenhosa
5 – Região Ecológica da Floresta Ombrófila Densa (Floresta Pluvial Tropical)
- Aluvial
- Das Terras Baixas
- Submontana
- Montana
- Alto-montana
6 – Região Ecológica da Floresta Ombrófila Aberta (4 faces da floresta densa)
- Das Terras Baixas
- Submontana
- Montana
7 – Região Ecológica da Floresta Ombrófila Mista (Floresta das Araucárias)
- Aluvial
- Submontana
- Montana
- Alto-montana
8 – Região Ecológica da Floresta Estacional Semidecidual (Floresta subcaducifólia)
- Aluvial
- Das Terras Baixas
- Submontana
- Montana
9 -Região Ecológica da Floresta Estacional Decidual (Floresta caducifólia)
- Aluvial
- Das Terras Baixas
- Submontana
- Montana
10 – Áreas das Formações Pioneiras
- com influência marinha
- influência fluvio-marinha
- influência fluvial
11 – Áreas de Tensão Ecológica (contato entre regiões)
- com misturas florísticas (ecótono)
- com encraves florísticos (encrave)
12 – Refúgios Ecológicos
13 – Disjunções Ecológicas
Classificação de Rizzini
Em 1963, o botânico Rizzini, naturalista do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, apresentou a seguinte classificação (Veloso et alii, 1991):
- Floresta Amazônica
- Floresta Atlântica
- Complexo do Brasil Central
- Complexo da Caatinga
- Complexo do Meio norte
- Complexo do Pantanal
- Complexo da Restinga
- Complexo do Pinheiral
- Campos do Alto Rio Branco
- Campos da Planície Rio-grandense
Posteriormente, em 1979, Rizzini, usando o caráter fisionômico das formações, classificou a vegetação brasileira do seguinte modo:
I – Matas ou Florestas
Floresta paludosa
- amazônica
- litorânea
- austral
- marítima
Floresta pluvial
- amazônica
- esclerófila
- montana
- baixo-montana
- dos tabuleiros
- de araucária
- ripária ou em manchas
Floresta estacional
- mesófila perenifolia
- mesófila semidecídua
- de Orbignya (babaçu)
- mesófila decídua
- mesófila esclerófila
- xerófila decídua
Thicket (scrub)
- lenhoso-atlântico
- esclerófilo-amazônico
- esclerófilo
- lenhoso-espinhoso
- suculento
- em moitas
Savana
- central
- litorâneo
II – Campo ou grassland
- Limpo de quartzito
- Limpo de canga
- Gerais
- Pampas
- Alto-montano
- do alto Rio Branco
Classificação de George Eiten
George Eiten, da Universidade de Brasília, em 1983, desconheceu a proposta elaborada pelo RADAM BRASIL e apresentou uma nova classificação da vegetação brasileira. A classificação deste fitogeográfo contém 24 itens principais, subdivididos de modo regionalista e muito detalhado, impossíveis de serem utilizados em mapeamento de detalhe (Veloso et alii, 1991).
I – Floresta Tropical Perenifólia
- de várzea estacional
- de várzea de estuário
- pantanosa
- nebulosa
- de terra firme
- latifoliada perenifólia
II – Floresta Tropical Caducifólia
- mesofítica latifoliada semidecídua
- mesofítica latifoliada semidecídua e de babaçu
- mesofítica latifoliada decídua
III. Floresta Subtropical Perenifólia
- de araucária
- latifoliada perenifólia com emergentes de araucária
- de podocarpus
- latifoliada perenifólia
- arvoredo subtropical de araucária
- savana subtropical de araucária
IV. Cerrado
- cerradão
- cerrado
- campo cerrado
- campo sujo de cerrado
- campo limpo de cerrado
V. Caatinga
- florestal
- de arvoredo
- arbóreo-arbustiva fechada
- arbóreo-arbustiva aberta
- arbustiva aberta
- arbustiva fechada
- savânica
- savânica lajeada
VI. Pradaria Subtropical
VII. Caatinga amazônica
- arbórea
- arbustiva fechada
- arbustiva aberta
- savânica
- campestre
VIII. Campo rupestre
IX. Campo Montano arbórea
- arbustiva fechada
- arbustiva aberta
- savânica
- campestre
XI – Campo praiano
XII – Manguezal
- arbóreo
- arbustivo
XIII – Vereda
XIV – Palmeiral
XV – Chaco
XVI – Campo litossólico
XVII – Brejo estacional
XVIII – Campo de murunduns
XIX – Pantanal
XX – Campo e savana amazônicos
XXI – Bambuzal
XXII – Brejo permanente (de água doce, salobra ou salgada)
XXIII – Vegetação aquática
XXIV – Vegetação de afloramentos de rocha
Veloso et alii, 1991