Regiões Fitoecológicas – Sistemas

Sistema Edáfico de Primeira Ocupação

(Formações Pioneiras)       

Ao longo do litoral, bem como nas planícies fluviais e mesmo ao redor das depressões aluviais (pântanos, lagunas e lagoas), há, freqüentemente, terrenos instáveis cobertos por uma vegetação, em constante sucessão, de terófitos, criptófitos (geófitos e/ou hidrófitos), hemicriptófitos, caméfitos e nanofanerófitos. Trata-se de uma vegetação de primeira ocupação de caráter edáfico.

Vegetação com influência marinha (Restinga): As comunidades vegetais, que recebem influência direta das águas do mar, apresentam, como gêneros característicos da praia a Ramirea e Salicornia. Em áreas mais altas afetadas pelas marés equicionais, ocorrem as conhecidas Ipomea pes-caprae e Canavalea rosea, além dos gêneros Paspalum e Hydrocotyle. As duas primeiras são plantas escandentes e estoloníferas que atingem as dunas, contribuindo para fixá-las. Nas dunas propriamente ditas, a comunidade vegetal apresenta-se dominada por nanofanerófitos. O Schinus terebenthifolius e a Lythraea brasiliensis imprimem, a essa vegetação, um caráter lenhoso.

Vegetação com influência fluvio-marinha (manguezal e campos salinos): O manguezal é a comunidade microfanerofítica de ambiente salobro, situada na desembocadura de rios e regatos no mar, onde, nos solos limosos, cresce uma vegetação adaptada à salinidade das águas, com a seguinte seqüência: Rhizophora mangle, Avicenia, cujas espécies variam conforme a latitude norte e sul, e a Laguncularia racemosa, que cresce nos locais mais altos.

Vegetação com influência fluvial (comunidades aluviais): Trata-se de comunidades vegetais das planícies aluviais que refletem os efeitos das cheias dos rios nas épocas chuvosas, ou, então, das depressões alagáveis todos os anos. Essa sucessão natural da vegetação pioneira já foi estudada em várias regiões do Brasil, principalmente na Amazônia, onde existem as maiores áreas de várzea do País.

Sistema de transição (Tensão Ecológica): Entre duas ou mais regiões ecológicas ou tipos de vegetação, existem sempre, ou pelo menos na maioria das vezes, comunidades indiferenciadas, onde as floras se interpenetram, constituindo as transições florísticas ou contatos edáficos.

Ecótono (mistura florística entre tipos de vegetação): Neste caso, o contato entre tipos de vegetação com estruturas fisionômicas semelhantes fica muitas vezes imperceptível, e o seu mapeamento por fotointerpretação é impossível. Torna-se necessário, então, o levantamento florístico de cada região ecológica para se poder delimitar as áreas de ecótono.

Encrave (áreas disjuntas que se contatam): No caso de mosaicos de áreas encravadas, situadas entre duas regiões ecológicas, a sua delimitação torna-se exclusivamente cartográfica e sempre dependente da escala, pois em escalas maiores é sempre possível separá-las.

Sistemas dos Refúgios Vegetacionais

(Relíquias)       

Toda e qualquer vegetação floristicamente diferente e, logicamente, fisionômico-ecológica também diferente do contexto geral da flora dominante na Região Ecológica ou no tipo de vegetação é considerada um refúgio ecológico. Este, muitas vezes, constitui uma “vegetação relíquia” que persiste em situações essencialíssimas, como é o caso de comunidades localizadas em altitudes acima de 1800 metros.

Sistema da Vegetação Disjunta               

Disjunções vegetacionais são repetições, em escala menor, de um outro tipo de vegetação próximo que se insere no contexto da Região Ecológica dominante. Conforme a escala cartográfica com que se está trabalhando, um encrave edáfico considerado como comunidade em transição (tensão ecológica) poderá ser perfeitamente mapeado, como uma comunidade disjunta do clímax mais próximo.

Fonte: Veloso et alii, 1991; IBGE, 1992