As abelhas são insetos sociais que vivem em colônias. Elas são conhecidas há mais de 40.000 anos e as que mais prestam para a polinização, ajudando enormemente a agricultura, produção de mel, geléia real, cera, própolis e pólen, são as abelhas pertencentes ao gênero Apis.
Inseto disciplinado, a abelha convive num sistema de extraordinária organização: em cada colméia existem cerca de 60.000 abelhas e cada colônia é constituída por uma única rainha, dezenas de zangões e milhares de operárias.
As abelhas são dotadas de processo de orientação excepcional, que é baseado, principalmente, tendo o sol como referência. As abelhas utilizam o mesmo sistema de orientação, para guiar suas companheiras em relação às fontes de alimentos recém-descobertas.
A Rainha
É a personagem mais importante da colméia, pois dela depende a harmonia dos trabalhos da colônia e a reprodução da espécie. A rainha é quase duas vezes maior do que as operárias e vive cerca de três a seis anos. Biologicamente, a única função da rainha na colméia é a postura de ovos, pois é a única abelha capaz de reproduzir.
Socialmente, a abelha rainha é responsável pela manutenção da harmonia e ordenação dos trabalhos da colônia. Este estado de harmonia depende da segregação de uma substância especial – o feromônio, que a partir de suas glândulas mandibulares é distribuída para todas as abelhas da colméia. Esta substância além de informar a colônia a presença e atividade da rainha na colméia, também impede o desenvolvimento dos órgãos sexuais femininos das operárias, impossibilitando-as de se reproduzirem.
A rainha é criada numa cápsula denominada de realeira, na qual é alimentada pelas operárias com a geléia real, produto riquíssimo em proteínas, vitaminas e hormônios sexuais. A geléia real é o único e exclusivo alimento da abelha rainha, durante toda a sua vida. A abelha rainha leva de 15 a 16 dias para nascer. Após o quinto dia de vida, a rainha começa a fazer vôos de reconhecimento em torno da colméia.
Para atrair os zangões de todas as colméias próximas, a rainha libera, em pleno vôo, um feromônio sexual que é captado pelos machos a quilômetros de distância, como voar em alta velocidade e em grandes altitudes, somente os machos mais fortes e rápidos conseguem seguí-la. Quando finalmente os zangões conseguem alcançá-la, há o momento da cópula nupcial, onde a rainha prende o testículo do zangão, que morre após fecundá-la. A rainha recebe milhões de espermatozóides do zangão, que ficaram em um reservatório de sêmen de seu organismo, chamado espermateca.
Nesta fase a rainha fica na condição de hermafrodita (fêmea e macho ao mesmo tempo) fecundada para o resto de sua vida. O vôo nupcial que a rainha faz é o único em sua vida. Ela jamais saíra novamente da colméia, a não ser para acompanhar uma enxameação.
Ao retornar à colméia, a rainha passa a ser tratada com atenção especial por parte das operárias, que a alimentam com geléia real, limpam seus excrementos, cuidam de sua higiene. Assim, ela não tem outra preocupação senão a da postura de ovos.
Em condições favoráveis de clima e alimento (florada), uma rainha pode botar cerca de três mil ovos por dia. Caso a rainha morra ou seja removida da colméia, toda a colônia imediatamente perceberá sua ausência, justamente pela interrupção da produção do feromônio que induz as abelhas ao trabalho e que informa da presença da rainha na colméia.
Como nascem as abelhas
Três dias após ser fecundada, a abelha rainha começa a desovar, botando um ovo em cada alvéolo. Os ovos são formados nos dois ovários da rainha e, ao passarem pelo oviduto, podem ou não ser fertilizados pelos espermatozóides armazenados na espermateca. Os ovos fertilizados dão origem às abelhas operárias e dos não fertilizados nascerão zangões a partir de ovos não fecundados – é conhecido como partenogênese. Portanto nasce sempre puro de raça, por originar-se de ovo não fecundado.
A rainha é que determina quais são os ovos que serão fertilizados, dando origem aos zangões e operárias. As abelhas constroem alvéolos de dois tamanhos: um menor, destinado à criação de larvas de operárias, e outro maior, onde nascerão os zangões. Antes de ovular, a abelha rainha mede as dimensões do alvéolo com suas patas dianteiras.
Os Zangões
Se a rainha tem como única obrigação a postura de ovos, a única função dos zangões é a fecundação das rainhas virgens.
O zangão é o único macho da colméia, não possui ferrão e nasce de ovos não fecundados depositados pela rainha. O zangão não possui órgãos para o trabalho, então sai para voar atrás de uma rainha virgem para fecundá-la.
Os zangões nascem em 24 dias após a postura do ovo e atingem a maturidade sexual aos 12 dias de vida. Vivem de 80 a 90 dias e dependem única e exclusivamente das abelhas operárias para sobreviver: são alimentados por elas, e por elas expulsos da colméia nos períodos de falta de alimento – normalmente no outono e no inverno – morrendo de fome ou frio.
A cópula entre o zangão e a rainha virgem ocorre em pleno vôo, o que acontece sempre acima de 11 metros de altura. Após a cópula, seu órgão genital é rompido, ficando preso à câmara do ferrão da rainha. Logo após o zangão morre.
As Operárias
A abelha operária é responsável por todo o trabalho realizado no interior da colméia, exceção à postura de ovos, atividade exclusiva da rainha.
As abelhas operárias encarregam-se da higiene da colméia, garentem o alimento e a água de que a colônia necessita coletando pólen e néctar, produzem a cera, com a qual constroem os favos, alimentam a rainha, os zangões, as larvas por nascer e cuidam da defesa da família.
As abelhas operárias mantêm uma temperatura estável, entre 33° e 36°C, no interior da colméia, produzem e estocam o mel que assegura a alimentação da colônia, aquecem as larvas com o próprio corpo, em dias frios e elaboram a própolis, substância processada a partir de resinas vegetais, utilizada para desinfetar favos e paredes, vedar frestas e fixar peças.
As operárias nascem 21 dias após a postura do ovo e podem viver até seis meses. Seu ciclo de vida normal não ultrapassa os 60 dias. A partir do 21 dia de vida, as operárias passam por nova transformação: elas abandonam os trabalhos internos na colméia e se dedicam à coleta de água, néctar, pólen e própolis, e à defesa da colônia. Nesta fase, que é a última de sua existência, as operárias são conhecidas como campeiras.
Como as abelhas trazem o alimento – elas colhem o néctar das flores com suas compridas línguas. O produto é armazenado em sua vesícula melífera (papo de mel), que também transporta água coletada.
Quando retornam à colméia, as campeiras transferem o néctar que colheram às engenheiras, que vão retirar o excesso de umidade e transformá-lo em mel.
As campeiras também trazem o pólen que é um importante alimento para a colméia, que também é estocado nos favos. As campeiras coletam o pólen com auxílio de suas penugens, e armazenam o material em suas cestas de pólen, situadas nas tíbias das patas traseiras. As campeiras coletam a resina que será transformada em própolis com o auxílio de suas mandíbulas e penugens.
O Mel
O mel é o único produto doce que contém proteínas, diversos sais minerais e vitaminas essenciais à saúde. É um alimento de alto potencial energético e de conhecidas propriedades medicinais. O mel é um dos poucos alimentos com ação bactericida, que contém em porções equilibradas: fermentos, vitaminas, minerais, ácidos e aminoácidos. É um alimento de fácil digestão sendo uma ótima fonte energética.
A composição do mel varia em função da florada a partir da qual foi elaborado e das condições do clima da região e ou do apiário. Basicamente, o mel é constituído de água, açúcares, sais minerais, vitaminas, enzimas, hormônios, proteínas, etc. Cerca de cem gramas de mel contém 17,2% de água, 0,4 a 0,8 de proteínas (aminoácidos), 81,3% de açúcares compostos de: 38,19% de frutose; 31,28% de glucose; 5% de sacarose, 6,83% de maltose e outros dissacarídeos; e o restante de amido e outros polissacarídeos. A eles se agregam 3,21% de vitaminas, sais minerais, oligoelementos (nutrientes).
O mel contém ainda proteínas e sais minerais essenciais à nossa saúde, como potássio, ferro, cobre, manganês, silício, cloro, cálcio, sódio, fósforo, alumínio, magnésio, enxofre, iodo entre outros. Dependendo do teor de água, o mel fornece cerca de 3.150 a 3.350 calorias por quilo, além de conter vitaminas, como B1, B2, B5, B6, E, K, A e C.
O mel é um produto processado a partir do néctar das flores, o mel tem sua cor e sabor diretamente relacionados com a predominância da florada. Com relação à coloração, há basicamente, os méis claros e os méis escuros. Os méis de coloração mais claras são os mais consumidos, de aroma e sabor mais suaves. Os méis de coloração mais escuras possuem mais proteínas e sais minerais, assim sendo mais nutritivos.
A constituição do mel é ainda mais complexa, além de proteínas possui enzimas, homônios, partículas de pólen e de cera, aminoácidos, dextrinas e um grande número de ácidos (devido o alto teor de ácidos o pH do mel é de 3,9).
Quando o mel é puro, genuíno, acaba cristalizando-se com o tempo. Mas esta transformação não altera o valor energético do mel. Para descristalizar o mel, basta colocá-lo exposto ao sol pelo tempo necessário.
O mel é um produto de reconhecidas propriedades bactericidas, é capaz de neutralizar a ação de germes e bactérias. Em razão do alto teor nutritivo e bactericidade, o mel é empregado topicamente como curativo para ferimentos e queimaduras, no tratamento de afecções das vias respiratórias, resfriados, gripes, distúrbios cardíacos e intestinais, doenças de pele e vários outros casos, como doenças hepáticas , renais e distúrbios do sistema nervoso.
O pólen
O pólen é um produto riquíssimo em proteínas, vitaminas e hormônios de crescimento, encerrando todos os elementos indispensáveis à vida dos organismos vivos. É empregado como produto medicinal, eficaz nos casos de anemia, funcionamento dos intestinos, falta de apetite, disposição para o trabalho, baixa a tensão arterial e aumenta a taxa de hemoglobina do sangue.
Cera
A cera é produzida pelas abelhas engenheiras de mel e pólen, sendo muito utilizada nas colméias para construção dos favos da colônia.
Economicamente, a cera é utilizada como matéria-prima para confecção de velas, muitos produtos industriais cosméticos e medicinais.
Na composição da cera entram substâncias químicas de natureza variada, como alcoóis gordurosos, matéria corante, ceroleína, vitamina A e substâncias com ação bacteriostática. Estas substâncias conferem a cera propriedades emolientes, cicatrizantes, antiinflamatórias, no tratamento de feridas infectadas e em doenças da pele.
Geléia Real
A geléia real é um produto natural, secretado pelas abelhas jovens e contém notáveis quantidades de proteínas, lipídeos, carboidratos, vitaminas, hormônios, enzimas, substâncias minerais, fatores vitais específicos, substâncias biocatalisadoras nos processos de regeneração celular, desenvolvendo uma importante ação fisiológica.
Na colméia, é utilizada na alimentação das larvas de abelhas operárias até o terceiro dia de vida, e das larvas dos zangões, mas por excelência é o principal alimento da rainha, que biologicamente falando é superior às operárias.
Para o ser humano a geléia real tem ação vitalizadora e estimulante do organismo, aumenta o apetite e tem comprovado efeito antigripal. A geléia real tem efeitos no crescimento, longevidade e reprodução das espécies.
Própolis
O própolis é constituída de resinas vegetais, que as abelhas coletam de determinadas árvores, cera, pólen, ácidos e gorduras. A própolis é uma substância que as abelhas processam para fechar frestas da colméia, soldar peças e componentes móveis da sua morada, diminuir a entrada de ar frio, impermeabilizar e envernizar as paredes da colméia. Além disso, qualquer corpo estranho que não consiga remover para fora da colméia – como pequenos animais mortos – é capado com uma camada de própolis, para impedir ou retardar o processo de putrefação.
Para o ser humano é de grande importância medicinal, pois possui ação antibiótica, antisséptica, imunológica, anestésica, cicatrizante e antiinflamatória. A própolis tem sido usada no tratamento de doenças como a faringite, câncer de garganta, pulmão e infecções gerais.
O veneno das abelhas
Quando aplicada em grandes quantidades, o veneno da abelha ao homem é fatal, porém é paradoxal, pois é um consagrado medicamento contra diversos distúrbios, afecções, reumatismos. Mas apitoxina, como é conhecido o veneno, é empregada com sucesso em tratamentos contra nevrites e nevralgias, afecções cutâneas, doenças oftálmicas, na redução da taxa de colesterol do sangue e contra a hipertensão arterial.
Polinização
Quando uma abelha penetra numa flor para sugar o néctar, os grãos de pólen aderem ao seu corpo e ao visitar, na seqüência, uma outra flor, o pólen colado no corpo da abelha é depositado no estigma, a parte feminina da segunda flor. Este processo, chamado polinização, é o que fertiliza a flor.
Principais Espécies Melíferas
Nome Popular | Nome Científico | Família | Floração |
Acácia negra | Acacia mearnsii | Mimosaceae | jul-ago |
Açoita-cavalo | Luehea divaricata | Tilaceae | jan-fev |
Araçá | Psidium | Myrtaceae | set-jan |
Assa-peixe | Vernonia beyrichii | Asteraceae | jun-ago |
Guaçatunga | Casearia decandra | Flacourtiaceae | jun-jul |
Cambará | Gochnatia polymorpha | Asteraceae | nov-jan |
Caquizeiro | Dyospyrus kaki | Ebenaceae | set-out |
Carqueja | Baccharis spp | Myrtaceae | mar-abr |
Cipó-são-joão | Pyrostegia venusta | Bignoniaceae | jun-ago |
Eucalipto | Eucaliptus spp | Myrtaceae | jul-dez |
Feijão-guandu | Cajanus silvestris | Flacourtiaceae | jul |
Grevilha | Grevillea robusta | Proteaceae | jul-ago |
Guaco | Mikania spp | Asteraceae | jul-ago |
Cafezeiro-bravo | Casearia sylvestris | Flacourtiaceae | jul |
Jerivá | Syagrus romanzoffianum | Arecaceae | dez-abr |
Laranjeira | Citrus sinensis | Rutaceae | ago-set |
Limoeiro | Citrus lemon | Rutaceae | ago-set |
Macieira | Prunus malus | Rosaceae | out-nov |
Maricá | Mimosa bimucronata | Mimosaceae | jan-mar |
Milho | Zea mays | Poaceae | out-dez |
Pêssego | Prunus persica | Rosaceae | jun-out |
Pitanga | Eugenia uniflora | Mytaceae | set-out |
Tarumã | Vitex megapotamica | Verbenaceae | set-nov |
Trevo | Trifolium repens | Fabaceae | abr-jun |
Trigo-sarraceno | Fagopyrum sagitatum | Polygonaceae | abr-jun |
Pata de vaca | Bauhinia forficata | Ceasapilnaceae | jan-fev |
Redação Ambientebrasil