Viveiros Florestais

Os viveiros florestais são locais onde são realizadas as atividades de produção de mudas florestais, com a estrutura e gestão variando de acordo com o objetivo pretendido.

Exemplo de estrutura de viveiro florestal.
Exemplo de estrutura de viveiro florestal.

Qual a importância de um viveiro florestal?

O viveiro florestal é essencial para a recuperação e conservação do meio ambiente, provendo uma estrutura capaz de produzir mudas para reintrodução nas florestas e arborização urbana.

Como montar um viveiro de mudas florestais?

Para a escolha do local onde será instalado o viveiro, deve-se levar em consideração os aspectos detalhados a seguir.

Facilidade de acesso
  • É necessário que o acesso possibilite o fácil trânsito de caminhões, sendo que todas as estradas deverão ser transitáveis mesmo em época de chuva.
  • Os custos de transporte, principalmente de mudas produzidas em recipientes, são minimizados quando os viveiros situam-se a uma pequena distância da área de plantio.
  • Longos trechos de estrada podem trazer danos à qualidade fisiológica das mudas e ocasionar perda de umidade do substrato.
Suprimento de água
  • Durante todo o período, após a semeadura, há necessidade de abundância de água para irrigação.
  • Poderão ser utilizadas águas de rios, lagos e de origem subterrânea, devendo ser evitada a introdução de algas ou sementes de ervas, ressaltando a verificação prévia da aplicabilidade ou não da autorização ambiental para a captação.
Área livre de ervas daninhas
  • Deverá existir contínua vigilância e erradicação das ervas daninhas efetuada imediatamente após o seu aparecimento, quer sejam perenes ou anuais.
Facilidade de obtenção da mão de obra
  • É indispensável que alguns funcionários morem nas imediações ou na própria área pois a vigilância quanto ao aparecimento de doenças precisa ser permanente.
  • Existem doenças cuja virulência pode ser tão intensa que provocam enormes danos em pouco tempo, principalmente em mudas recém-formadas.
Declividade da área
  • A declividade deve ser de 2%, no máximo, para não correr danos por erosão.
  • É importante salientar que os canteiros devem ser instalados em nível, perpendiculares à movimentação da água.
  • Áreas planas contribuem para o acúmulo de água da chuva, principalmente quando o percentual de argila for maior que o indicado.
Área do Viveiro

O viveiro possui dois tipos de áreas:

  • Áreas produtivas: é a soma das áreas de canteiros e sementeiras, em que se desenvolvem as atividades de produção.
  • Áreas não produtivas: constitui-se dos caminhos, estradas e áreas construídas.

A extensão do viveiro será determinada em função de alguns fatores:

  • Quantidade de mudas para o plantio e replantio
  • Densidade de mudas/m² (em função da espécie)
  • Espécie e seu período de rotação
  • Dimensões dos canteiros, dos acessos e das estradas
  • Dimensão das instalações
  • Adoção, ou não, de área para adubação verde (no caso de viveiros em raiz nua)

A distribuição dos canteiros, caminhos, construções e principalmente o acesso devem visar a melhor circulação e utilização da estrutura dos viveiros florestais, assim como a área ideal para a produção propriamente dita das mudas, verificando a exposição solar, vento e inclinação do terreno.

Exemplo de produção de mudas em um viveiro florestal.
Exemplo de produção de mudas em um viveiro florestal.
Luz solar
  • Deve-se levar em consideração a necessidade de luz solar, evitando na locação do viveiro uma área inconveniente.
  • O viveiro deve ser instalado em local totalmente ensolarado.
  • Se houver necessidade de sombra, podem ser utilizados sombrites, que reduzem a exposição a luz solar.
  • Em alguns casos, o sombreamento é necessário em certos períodos. As espécies umbrófilas exigem proteção contra a luz solar.
  • Os raios solares concorrem para a rustificação dos tecidos, tornando as mudas mais robustas e resistentes.

Em relação à exposição solar, deve-se colocar o comprimento dos canteiros voltado para a face norte, acompanhando-os ao longo de sua extensão. Contudo, tal medida para locação dos canteiros deve ser tomada, apenas se for possível, pois existem outros critérios prioritários.

Topografia
  • O terreno do viveiro florestal deverá apresentar-se aplainado, recomendando-se um leve declive, favorecendo o escoamento da água, mas sem que provoque danos por erosão.
  • Para áreas com elevada declividade, a alternativa mais plausível é a confecção de patamares para a locação de canteiros. Os patamares devem ser levemente inclinados e devem ter dispostas ao longo de sua extremidade manilhas em forma de “U” , a fim de impedir o escoamento de água de chuvas fortes pelo talude, provocando erosão. Além disto, é aconselhável seu revestimento com gramíneas rasteiras.
  • A camada superficial removida deve ser reservada para aproveitamento na produção de mudas. Este substrato é mais fértil, mas pode apresentar o inconveniente de conter sementes de ervas.
Drenagem
  • Através da drenagem, provoca-se a infiltração da umidade gravitacional e a retirada de água por meio de valetas que funcionam como drenos.
  • Sua localização mais usual é ao longo das estradas que circundam os blocos de canteiros.

Os tipos de canalizações passíveis de uso são a vala cega (vala com pedras irregulares para a água passar entre as pedras e permite o trânsito por cima da vala), vala revestida (vala com revestimento de cimento, tijolo ou outros materiais) e vala comum (vala aberta ao longo do terreno, podendo ter vegetação ou não).

As dimensões das valetas variam conforme a necessidade de drenagem aérea. As paredes são inclinadas, na valeta aberta, para evitar seu desmoronamento.

Se a área for plana, a altura deve variar, com a profundidade maior para o lado externo, conduzindo a água para fora do viveiro. Sendo a área levemente inclinada, a profundidade da valeta pode ser uniforme.

Quebra-vento
  • São “cortinas” que têm por finalidade a proteção das mudas contra a ação prejudicial dos ventos. Devem, contudo, permitir que haja circulação de ar.
  • São constituídas por espécies que se adaptem às condições ecológicas do sítio. Usualmente as espécies utilizadas são as mesmas que estão em produção no viveiro.
  • O recomendado é que sejam utilizadas espécies adequadas, distribuídas em diferentes estratos, apresentando as seguintes características: alta flexibilidade, folhagem perene, crescimento rápido, copa bem formada e raízes bem profundas.

É importante salientar que as árvores que compõem os quebra-ventos não devem projetar suas sombras sobre o canteiro.

Para tanto, devem ser, em distância conveniente, afastadas dos viveiros florestais. As raízes das árvores não devem fazer concorrência com o sistema radicial das mudas em produção.

Para otimização dos efeitos favoráveis, alguns critérios básicos devem ser observados:

  • A altura deve ser a máxima possível, uma vez que a área a ser protegida depende da altura da barreira.
  • A altura deve ser homogênea, em toda sua extensão do quebra vento.
  • As espécies que constituem o quebra-vento devem ser adaptadas às condições do sítio.
  • A permeabilidade deve ser média, não impedindo totalmente a circulação do vento.
  • Não devem existir falhas ao longo da barreira formada pelo quebra vento, para evitar o afunilamento da corrente de ar.
  • A disposição do quebra vento deve ser perpendicular à direção dominante do vento.
A administração dos viveiros florestais e controle dos insumos são essenciais para um adequado e duradouro funcionamento da atividade.
A administração dos viveiros florestais e controle dos insumos são essenciais para um adequado e duradouro funcionamento da atividade.
Administração e Controle

Para um melhor desempenho do viveiro, deve-se adotar alguns procedimentos administrativos, sendo os mais importantes:

  • Planejamento da produção: visando cobrir todas as fases do processo, em que devem ser considerados o número de mudas a serem produzidas, as espécies e as épocas mais adequadas para a produção.
  • Estoque de insumos: correta gestão dos materiais necessários para a produção, tais como embalagens, ferramentas e outros.
  • Disponibilidade de sementes: estoque das sementes necessárias ou locais pré definidos para coleta ou compra.
  • Supervisão dos trabalhos: realizando a distribuição dos trabalhos e obrigações da equipe.
  • Acompanhamentos periódicos: Através de relatórios em que figurem informações sobre as espécies produzidas, atividades produtivas com seus rendimentos e custos atualizados da produção.

Para facilitar a administração e o manejo dos viveiros, é recomendada as seguintes instalações:

  • Casa do viveirista.
  • Escritório.
  • Depósito para equipamento e ferramentas.
  • Depósito para produtos químicos.
  • Abrigo aberto nas laterais (para atividades que não podem ser executadas sob chuva). 

Quais são os tipos de viveiros florestais?

Considerando a duração e objetivo, os viveiros podem ser classificados da seguinte forma:

  • Viveiros Provisórios: temporários ou volantes, são aqueles que visam uma produção restrita; localizam-se próximos às áreas de plantio e possuem instalações de baixo custo.
  • Viveiros Permanentes: centrais ou fixos, são aqueles que geralmente ocupam uma maior superfície, fornecem mudas para uma ampla região, possuem instalações definitivas com excelente localização. Requerem planejamento mais acurado; as instalações são também permanentes e de maiores dimensões.
  • Viveiros com mudas em raiz nua: as mudas em raiz nua são as que não possuem proteção do sistema radicial no momento de plantio. A semeadura é feita diretamente nos canteiros e as mudas são retiradas para o plantio, tendo-se apenas o cuidado de se evitar insolação direta ou, até mesmo, vento no sistema radicial. O solo onde se desenvolvem as raízes permanece no viveiro. Este tipo de viveiro é muito difundido no sul do Brasil para Pinus spp.
  • Viveiro com mudas em recipientes: apresentam o sistema radicial envolto por uma proteção que é um substrato que o recipiente contém. Evidentemente, o substrato vai para o campo, sendo colocado nas covas, com as mudas, protegendo as raízes.

Maria Beatriz Ayello Leite
Redação Ambientebrasil