Espécies e SAFs para a Grande Região do Cerrado Brasileiro

Espécies úteis para a Formação de Sistemas Agroflorestais e Permaculturais na Região do Grande Cerrado Brasileiro

Nome  Comum Nome Científico
 pequi  Caryocar brasiliensis 
 banana  Musa sp 
 mogno  Swietenia macrophylla
 andiroba  Carapa guianensis
 castanha-do-brasil  Bertholletia excelsa
 cupuaçu  Theobroma grandiflorum
 ingá   Inga sp
côco Cocos nucifera
babaçu Orbygnia speciosa
pupunha Bactris gasipaeas
pimenta-do-reino  Piper nigrum
café Coffea arabica
faveira Parkia pendula
sobrasil Colubrina glandulosa
erytrina Erythrina speciosa
seringueira  Hevea brasiliense
dendê  Elaeis guineensis
araticum Annonna montana
bacuri  Platonia insigns
baunilha  Vanilla sp
cacau  Theobroma cacao
cedro vermelho Cedrela odorata
copaiba  Copaiba sp
fruta-pão  Artocarpus altilis
genipapo  Genipa americana
pau-rosa Aniba rosoedora
carnaúba  Copernicia cerifera
buriti  Mauritia flexuosa
tucumã  Astrocarymum vulgare
glicirídia Gliciridia sp
estacas  Gliciridia sepium
 pinhão-do-paraguai, estacas   Jatropha curcas
sete-capotes  Guazuma ulmifolia
munguba  Pachira aquatica
açaí Euterpe oleraceae
mamão  Caryca papaya
maracujá  Passiflora sp
canela  Nectandra myriantha
guaraná  Paullinia cupana
murici Byrsonima verbacifolia
sombreiro Clitoria racemosa
pau-santo  Kielmeyera coriacea
vinhático Plathymenia reticulata
caliandra  Calliandra sp
ipê-roxo  Tecoma curialisa
barbatimão  Stryphonodendron adstringens
embiruçu Eriotheca pubescens
ipê-amarelo Tabebuia sp
unha-de-vaca Bauhinia spp
guatambú Aspidosperma sp
cabeça-de-negro  Ouratea hexasperma
jacarandá-muchiba  Macherium acutifolium
tabebuia  Tabebuia ochracea
chumbinho Trema micrantha
pau-terra  Vochysia tucanorum
pau-terra-da-folha-larga  Qualea grandiflora
canela-de-ema  Vellozia squamata
abacaxi Ananas sp
assa-peixe  Vernonia ferruginea
goiaba  Psidium guajava
amendoim-do-campo Platypodium elegans
sapuva Machaerium acutifolium
pitanga Eugenia uniflora
faveira  Dimorphandra mollis
baru Dipterix alata
cajuí Anacardium humile
carne-de-vaca Roupala montana
quaresmeira  Tibouchina sp
fruta-de-ema  Couepia grandiflora
araticum Araticum crassiflora
bacupari  Rheedia gardnerina
banha-de-galinha Swartzia langsdorfii
buriti  Mauritia vinifera
caju-de-árvore-do-cerrado Anacardium othonianum
guariroba Syagrus oleraceae
curriola Pouteria ramiflora
fruto-do-tatu Crhysophyllum soboliferum
gariroba  Compomanesia cambessedeana 
gravatá Bromelia balansae
jaracatiá  Jaracatia heptaphyla
jatobá-do-cerrado  Hymenaea stigonocarpa
jatobá-da-mata Hymenaea stilbocarpa
macaúba Acrocomia aculeata
mama-cadela  Brosimum gaudichaudii
mangaba Hancornia speciosa
marmelada-nativa Alibertia edulis
pêra-do-cerrado  Eugenia klostzchiana
pitomba Talisia esculenta
eucalipto  Eucalyptus sp
pinus  Pinus sp
leucena  Leucaena leucocephala
leucena  Leucaena diversifolia
leucena  Leucaena shannoni
albizia Albizzia sp
caliandra Calliandra callotrysurs
acioa  Acioa sp
sesbania  Sesbaniasp
fleminga Flemingia congesta
eritrina Erythrina edulis
ritrina  Erythrina poepigiana

SAFs (Sistemas Agroflorestais) e consorciações encontradas para o Cerrado Brasileiro

Há muito interesse mas praticamente não há muitas iniciativas como no Sul do Brasil e no Norte agindo ou pensando de forma mais Permacultural e Biodinâmica no Cerrado Brasileiro. As capitais como Goiânia e Brasília estão tendo um ritmo de vida muito próximo aos padrões culturais do primeiro mundo e suas politicas públicas, por pressão dos mercados e de seus consumidores são dirigidas a se afastar e impactar cada vez mais com a realidade ambiental e social de seu grande ecossistema. Isto é uma das principais preocupações que os ambientalistas estão tendo que resolver e manifestar nesta região.

Parece que no Cerrado floresceu uma cultura mais ligada a produção animal em larga escala, e em uma escala menor as atividades mais ecológicas, agrícolas e preocupadas com o seu meio-ambiente. Possivelmente isto se deve às condições de fertilidade e vitalidade dos seus solos, que são mais baixas, o que ocasiona uma produção mais cara, que exige mais insumos, o que a torna de menor acesso a grande maioria da população. Inclusive grandes áreas de capim são queimadas e utilizadas para trazer mais nutrientes aos solos e fazer a conhecida rebrota dos pastos. Por isso que se queima tanto nesta região e não sobram sementes e nem mudas florestais nativas. Isto foi realizado durante os últimos 250 anos e observa-se o que ocorreu com a região dos Cerrados – empobreceu radicalmente a sua fauna e flora nativa, tornou-se mais quente, e em muitas de suas fazendas quase como um deserto, pouco habitado. Isto é o que está ocorrendo e possui tendência de aumentar nesta região, nos próximos anos.

Também a distância dos grandes centros econômicos foi um dos fatores mais importantes para a sua contenção de diversidade de produção agrícola e fortalecimento de sua agricultura familiar, algo que na sua atual fase, já está sendo menos importante, já que existem muitos centros consumidores nas suas principais cidades e novos mercados para a região Norte, Nordeste, Paraguai, Bolivia, Peru, Colômbia e Equador. Possivelmente se esta região crescer em uma produção e refinamento agroindustrial mais sustentável, poderá impulsionar a formação de mais um grande mercado entre estes países mais próximos e fronteiriços, um mercado semelhante ao Mercosul.

Pois o Cerrado pode ser recuperado e conduzido com padrões muito ecológicos e econômicos, não apenas para a produção de lenha ou de papel, soja, milho, cana, pastagens, gado, em grande escala, como é o objetivo dos grandes grupos econômicos, mas pode ser uma excelente área de produção de madeiras nobres, mel, forragens industriais com alto teor de proteínas, frutas, grãos, óleos, lenha, compensados, essências medicinais e fauna nativa de grande valor alimentício e econômico, que até podem acompanhar seus maiores cultivos com um manejo mais adequado e sustentável.

Inclusive é meta que junto a estes grandes plantios possam ser desenvolvidos e incluídos os SAFs com concentrados e criteriosos sistemas de melhor reciclagem de resíduos. Perceba qual pode ser a contribuição da Agroecologia, Biodinâmica e da Permacultura para esta região, para a qualidade de vida das suas grandes capitais, para a nossa capital mundial da arquitetura do 3o. milênio – Brasília, para suas diversas e potenciais turísticas e agroturísticas RPPNs, entre outras grandes vantagens de adotarmos e incentivarmos o desenvolvimento e a produção destas modernas ciências nesta região.

As árvores são utilizadas como reposição florestal, grande fonte de madeira, essências medicinais, óleos, fauna, biomassa, vitalização do ambiente e o café é cultivado com um pouco mais de sombra, e pode ter um consórcio de alguma leguminosa como os Estilosantes, e ao lado podemos ter o cultivo múltiplo de milho com feijão-de-porco. Muitas espécies nativas como pequi, umbu, mangaba, bacupari, manga, podem ser deixadas de forma mais espalhada no campo. Todo o capim também não precisa ser queimado ou arado profundamente – por que aração no Cerrado é uma prática um pouco mais proibida pela Agroecologia nesta região do que em outras regiões do país.*

* O capim aqui tem uma C/N muito alta e precisa mesmo é ser utilizado como Mulching ou Cobertura Morta envolvendo os cultivos e as mudas e não só ser incorporado profundamente, “roubando” o Nitrogênio para a sua decomposição no solo.

Todo o capim é gradeado, acumulado como compostos retangulares bem dispostos no terreno ou servirão como linhas de re-fertilização e revitalização dos solos e que serão colocadas em todo o campo posteriormente. O calcareamento com uma dosagem de 3 ton/ha e uma leve aração superficial de 10 cm será realizada para melhorar o pH e arrancar as raízes das touceiras presentes, e com um calcareamento e uma gradagem novamente e a realização das linhas de plantio, pode ser introduzir uma adubação que pode ser feita com uma mistura de esterco com cinza e fosfato ou termofosfato, ou com o uso de algum material orgânico como o lodo ou lixo ou outra fonte de matéria orgânica de baixo custo e muita capacidade de ativação do solo, e pode incluir até um pouco de NPK como o 10 – 10 – 10 para começar a recompor a vitalidade, organicidade, química e metabolismo perdido dos solos do Cerrado.

Seringueira no Cerrado

Poucos produtores a utilizam no Goiás e é muito mais difundida no estado de Minas Gerais. A seringueira ainda não possui tradição neste região e pela observação biodinâmica, ela pode ser cultivada sem problemas na região do Cerrado se for mantida com condições mais elevadas de umidade. A mangueira, talvez a frutífera mais adaptada e muito valiosa tanto para a produção industrial de polpas, e animal como forragem complementar, aceita bem a compania do cacau e do café que apreciam seu leve sombreamento. A mangueira é incrível na beira de rios. Cultivos de milho, abacaxi, abóbora, melancia, também podem ser incluidos neste sistema de consórcio.

A acerola é plantada em linhas espaçadas de 5 metros e possui espaçamentos entre plantas de 3 metros, o abacaxi é plantado em linha formando uma espécie de cerca viva, que protegerá a acerola da entrada de gado e produzirá boas safras. São no mínimo 03 linhas de abacaxi espaçadas 35 cm, com uma densidade de plantio de 03 mudas por metro-linear. O milho é consorciado em sistema de alley croping ou cultivo em aléias com o guandu e o feijão-de-porco. A batata-doce é transformada em protetora das raízes das árvores, onde é plantada consorciada com o Estilosantes em linha e em um canteiro mais elevado. O gado é introduzido em lotes de até 20 animais, nos períodos mais quentes do dia e assim vai sendo mais protegido do excesso de calor que lhe traz muita perda de proteína e sais minerais. Isto pode aumentar seus ganhos de produção em até 25% ou 30%/ha.

O consórcio com pequi é para aquelas áreas mais secas, de solos bem tipicos do Cerrado. O algodão é plantado em linha alternada com o milho. O feijão-de-porco possui uma semeadura bem pequena e o feijão é colocado no campo na 2a. capina. A idéia é tombar toda a matéria orgânica formando uma espécie de plantio-direto para o algodão melhorar sua qualidade de fertilidade e sua produção e diminuição do número e possibilidade de pragas durante a seca. As árvores serão colhidas para a produção de polpas e são plantadas de forma aleatória. A pupunha é cultivada também para a extração do Palmito. Pode-se ter muito mais variedade de frutas nativas, combinadas e bem manejadas com o enterrio de seus frutos inclusive. A formação de mulching é importante e deve ser realizada todos os anos, pois lentamente toda a biomassa vital e orgânica destes cultivos será reposta. Possivelmente muitos pássaros e muita fauna voltarão a viver nesta região. *

* Pois a fauna é atraida pela vitalidade, assim como as pessoas são atraidas pela vitalidade, que é como que a substância da emotividade e do entusiasmo.

Observe que os plantios de eucalipto e pinus contínuos são muito mais difundidos e são até muito mais comprometedores para a realidade ambiental da região dos Cerrados que já está muito seca e sem um potencial de vitalidade em abundância. Isto é importante de ser observado pois estas árvores retiram enormemente e exportam para as indústrias o potencial de vitalidade dos solos de forma bem maior do que as demais espécies.*

* Quanto mais cresce rapidamente uma árvore mais necessita de um potencial vital e orgânico disponível e abundante para a sua nutrição e desenvolvimento.

Estas espécies por isso devem ser mais racionalmente cultivadas. Em áreas com um pouco mais de disposição de matéria orgânica e não nas áreas mais degradadas como é realizado atualmente, pois nestas áreas seu cultivo em larga escala cada vez mais vai comprometer a estabilidade e regeneração do ecossistema.*

* Nestas áreas mais degradadas podem ser plantadas as leguminosas, que justamente atuam em direção oposta e muitas produzem até papel, celulose, etc, como as acácias (Acacia mangium), ingá-cipo (Flemingia congesta), grevilhas, entre outras.

O plantio de angico em faixas continuas ao lado do plantios de pinus e de eucalipto, ou uma combinação de cultivo de faixas alternadas entre espécies leguminosas pode ser outra opção interessante para ser ampliada nesta região, muito produtores podem inclusive formar corredores cercados nos reflorestamentos com essa espécie e entre outras, mais espaçadas, para o planto também de pastagens como o colonião e a braquiária. Formam na verdade importantes Stop Fires, e nitrificam os solos, e os animais podem se alimentar dos ramos.

A leucena é plantada na forma de barreira adensada em curvas-de-nível e divide os terrenos em grandes porções de áreas de plantio, formando verdadeiros quebra-ventos, e que vão ser muito úteis na recuperação do Cerrado. Além da leucena podemos utilizar o ingá, angico, grevilha, glicerídia, caliandra, goiaba e o bambu, entre as mais úteis. O guandu é semeado de forma mais densa, cerca de 20 sementes/m linear, plantado em linhas distantes 15 metros e pode ser pastoreado pelo gado quando atinge 1,5m de altura, em um manejo rotativo.

(continuação deve ser solicitada pelo e-mail animabc@terra.com.br)

Redação Ambiente Brasil