O título em questão, é objeto de políticas públicas em vários países focando fundamentalmente os grandes centros urbanos; não que com isto desconsideramos a possibilidade do uso do GNV em viagens de grande percurso, como intermunicipais, interestaduais ou até mesmo internacionais.
São os chamados “corredores azuis”, estradas de alto tráfego e importantes ligações rodoviárias internacionais. São supridas da necessária infra-estrutura de abastecimento para veículos GNV’s leves ou pesados, e que em muitos casos são atendidos por “gasodutos virtuais” ou seja, caminhões de transporte de gás comprimido (GNC).
Bastante conhecido e em operação, podemos citar como exemplo o trecho rodoviário que liga Moscou, São Petersburgo (Rússia) a Helsinki (Finlândia), com 1050 km, o segundo também alusivo ao programa Europeu para controle de emissões também parte de Moscou (Rússia) passando por Minsk (Bielorússia), Varsóvia (Polônia), Berlin (Alemanha) e chegando a Roma com 3.800 km.
Ambos projetos, atentamente acompanhados pela Comunidade Européia, pois fazem parte da estruturação do Programa de Controle de emissões veiculares, que almeja instituir o patamar mínimo de 10% da frota total dos países membros utilizando GNV. No fundo não se trata apenas de preocupação com meio ambiente, mas viabilizar dentro do próprio continente Europeu fontes energéticas próprias tornando a Economia da CE menos vulnerável às variações internacionais do petróleo, afinal no continente Europeu, encontramos grandes produtores de Gás. Rússia 600 bilhões metros cúbicos/ano, Reino Unido 120 bilhões, Noruega 70 bilhões, Holanda 60 bilhões, Uzebakistão 55 bilhões, e Alemanha, Ucrânia e Itália com 17 a 18 bilhões de metros cúbicos cada. Para que tenhamos uma ordem de grandeza, o Brasil possui uma demanda potencial, considerando-se um “despacho mínimo das térmicas” da ordem 13 a 14 bilhões de metros cúbicos, e considerando-se um “despacho de 70% das térmicas” a demanda potencial sobe para 18 bilhões de metros cúbicos/ano.
Considerando-se nossas reservas e a possibilidade concreta do Gasbol, em fornecer pelos próximos 30 anos, cerca de 30 milhões de metros cúbicos diários, poderíamos triplicar nosso consumo atual que é de 36 milhões metros cúbicos/(dia) e estaríamos plenamente seguros quanto ao fornecimento por mais de trinta anos, sem considerar novas descobertas de reservas o que é muito provável.
Neste contexto o GNV vem contribuindo decisivamente para massificação do uso do Gás, e deslocando outros combustíveis, também fosseis, como diesel e gasolina mais poluentes e intrisicamente originários de fontes primárias (petróleo) não tão distribuídas ou como fontes próprias à maioria das nações industrializadas. Da mesma forma, desloca-se o consumo do GLP e em todos estes casos pesa muito mais as assertivas econômicas, que as relacionadas ao meio ambientais.
Estima-se uma frota de 400 a 500 mil veículos GNV’s pesados em operação pelo mundo, a quase totalidade, assim como os GNV’s leves não é producente das montadoras, mas sim de conversões de motores.
Há muitos exemplos a serem citados como a Bielorússia, Uzubasquistão com mais 100 mil veículos juntos; pouco mais de 10% da frota de ônibus urbanos nos Estados Unidos são GNV’s; grandes cidades Européias através de legislação própria tem data marcada para dentro de 2 a 3 anos não mais permitirem o uso de veículos de transporte de passageiros e cargas nos centros urbanos movidos a diesel; incluem-se nestas circunstâncias, transportes de valores, entregas de bens de qualquer espécie, serviços de correio e até coleta de lixo. Exemplificando, são treze centros urbanos na Itália e todas cidades francesas com mais de 200 mil habitantes.
E o Brasil
Tão grande é o nosso país que o bom senso nos obriga a realizar detidamente quais seriam as áreas de maior viabilidade econômica para a implantação efetiva de programas aonde o GNV possa substituir o diesel.
Vamos procurar focar uma área, que não só a grande expectativa paulista, mas também brasileira.
Há uma região facilmente delimitada, que possui condições, ou seja, um mercado potencial, factível a todos aspectos inerentes; oferta de gás, adensamento populacional urbano com larga utilização do transporte coletivo de passageiros e de cargas, e até mesmo apresentando sintomática situação de poluição atmosférica.
Uma mega região urbana forma-se em torno da Grande São Paulo: as regiões administrativas de Campinas, São José dos Campos, Baixada Santista, Itu, Jundiaí e Sorocaba. São 25 milhões de habitantes, e onde se concentra mais de 1/3 do PIB nacional.
Esta área possui cerca de 24.000 ônibus de uso urbano para transporte de passageiros ou fretamento e pelo menos 200 mil outros veículos de uso urbano como caminhões (3/4), camionetes que utilizam diesel em suas atividades. Sem dúvida alguma um mercado potencial, e a área deverá ter até ao final deste ano cerca de 300 postos de abastecimento públicos.
Vários fatores inferirão sobre esta notável frota, a “ottolização de motores diesel” (processo que mais ocorre no mundo), e a efetiva entrada da indústria de GNV’s pesados com escala produtiva otimizada.
Poucos lugares no mundo possuem este notável perfil.
Mas de fato nos falta uma forte e significativa ação governamental não só em prol do GNV, mas também da co-geração de energia através do gás. O peso desta ação, é fundamental para alteração da matriz energética consolidada e da matriz de combustíveis.
A cogeração é de vital importância para reduzir a dependência da energia elétrica provinda de outros Estados, muito mais em considerando-se que o fator tempo na busca de alternativas energéticas é fundamental para o país e especialmente para economia paulista, pois como bem colocado por várias autoridades, a questão energética será um grave entrave em dois a três anos ao crescimento econômico, e aqui tratando-se de um problema conjuntural e não por questões climáticas como ocorrido em 2001.
A ação do Governo Paulista, vêem sendo anunciada e aguardada com grande expectativa pelo mercado.
Dentro do Programa recém lançado, “São Paulo Competitivo” várias ações de fomento estão sendo programadas e ajustadas aos anseios do empreendedorismo, que o próprio Governador está empenhado em dispor.
Além dos benefícios sócio-econômicos aqui mencionados, há outros fatores dignos de menção em prol da alteração da matriz energética paulista.
» Clara e consciente demonstração de políticas econômicas e fiscais em prol do desenvolvimento.
» Plena factibilidade que na redução da carga fiscal, como fator de estímulo ao segmento, outras atividades também serão beneficiadas, como a saúde pública, atração de capital e tecnologia, formação de mão de obra especializada e a também importante missão de transmitir à sociedade paulista possuidora da maior reserva nacional, em atentar para o Gás Natural como uma fonte energética fatível a várias aplicações. São Paulo esta predispondo-se assim a formação de um grande e auspicioso mercado da indústria do Gás Natural.
Oswaldo Colombo Filho, Diretor Geral Executivo. Associação Brasileira do Gás Natural Veicular – ABgnv
Membro do Comitê GNV, do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás – IBP
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