Os acidentes com petróleo no Brasil acarretam em prejuízos não apenas na região do entorno do derramamento, como também, ao ecossistema local e as economias que dependem de atividades como pesca e turismo.
A análise detalhada dos acidentes que ocorreram auxiliam na reformulação de políticas públicas, no melhor monitoramento da atividade e na estruturação de planos de prevenção a novas ocorrências.
Acidentes relacionados ao petróleo de maior impacto no Brasil
O primeiro acidente com petróleo ocorreu em março de 1975, com o derramamento de seis mil toneladas de óleo na Baía de Guanabara. No histórico a seguir pode ser verificado os principais acidentes com petróleo no Brasil.
Data | Localização | Características dos acidentes com petróleo no Brasil |
03/1975 | Baía de Guanabara (RJ) | Um cargueiro fretado pela Petrobrás derrama 6 mil toneladas de óleo na Baia de Guanabara. |
10/1983 | Bertioga (SP) | 3 milhões de litros de óleo vazam de um oleoduto da Petrobrás em Bertioga. |
02/1984 | Cubatão (SP) | 93 mortes e 2.500 desabrigados na explosão de um duto da Petrobrás na favela Vila Socó, Cubatão – SP. |
08/1984 | Bacia de Campos (RJ) | Gás vaza do poço submarino de Enchova (Petrobrás): 37 mortos e 19 feridos. |
07/1992 | Cubatão (SP) | Vazamento de 10 mil litros de óleo em área de manancial do Rio Cubatão. |
05/1994 | Vários municípios (SP) | 2,7 milhões de litros de óleo poluem 18 praias do litoral norte paulista. |
03/1997 | Baía de Guanabara (RJ) | O rompimento de um duto da Petrobrás que liga a Refinaria de Duque de Caxias (RJ) ao terminal DSTE-Ilha D´Água provoca o vazamento de 2,8 milhões de óleo combustível em manguezais na Baía de Guanabara (RJ). |
07/1997 | Cubatão (SP) | Vazamento de FLO (produto usado para a limpeza ou selagem de equipamentos) no rio Cubatão (SP) – Petrobrás. |
08/1997 | Ilha do Governador (RJ) | Vazamento de 2 mil litros de óleo combustível atinge cinco praias na Ilha do Governador (RJ) – Petrobrás. |
10/1998 | São José dos Campos (SP) | Uma rachadura de cerca de um metro que liga a refinaria de São José dos Campos ao Terminal de Guararema, ambos em São Paulo, causa o vazamento de 1,5 milhões de litros de óleo combustível no rio Alambari. O duto estava há cinco anos sem manutenção. Petrobrás. |
08/1999 | Manaus (AM) | Vazamento de 3 mil litros de óleo no oleoduto da refinaria da Petrobrás que abastece a Manaus Energia (Reman) atinge o Igarapé do Cururu (AM) e Rio Negro. Danos ambientais ainda não recuperados. |
08/1999 | Curitiba (PR) | Na Repar (Petrobrás ), na grande Curitiba houve um vazamento de 3 metros cúbicos de nafta de xisto, produto que possui benzeno. Durante três dias o odor praticamente impediu o trabalho na refinaria. |
08/1999 | Manaus (AM) | Menos de um mês depois, novo vazamento de óleo combustível na Reman, com a poluição de pelo menos mil metros. Pelo menos mil litros de óleo contaminaram o rio Negro (AM) – Petrobrás. |
11/1999 | Carmópolis (SE) | Falha no campo de produção de petróleo em Carmópolis (SE) provoca o vazamento de óleo e água sanitária no rio Siriri (SE). A pesca no local ficou prejudicada após o acidente (Petrobrás). |
01/2000 | Duque de Caxias (RJ) | O rompimento de um duto da Petrobrás que liga a Refinaria Duque de Caxias ao terminal da Ilha d’Água provocou acidente com o vazamento de 1,3 milhão de óleo combustível na Baía de Guanabara. A mancha se espalhou por 40 quilômetros quadrados. Laudo da Coppe/UFRJ, divulgado em 30 de março, concluiu que o derrame de óleo foi causado por negligência da Petrobras, já que as especificações do projeto original do duto não foram cumpridas. |
01/2000 | Cubatão (SP) | Problemas em um duto da Petrobrás entre Cubatão e São Bernardo do Campo (SP), provocam o vazamento de 200 litros de óleo diluente. O vazamento foi contido na Serra do Mar antes que contaminasse os pontos de captação de água potável no rio Cubatão. |
02/2000 | São José dos Campos (SP) | Transbordamento na refinaria de São José dos Campos (SP) – Petrobrás, provoca o vazamento de 500 litros de óleo no canal que separa a refinaria do rio Paraíba. |
03/2000 | Tramandaí (RS) | Cerca de 18 mil litros de óleo cru vazaram em Tramandaí, no litoral gaúcho, quando eram transferidos de um navio petroleiro para o Terminal Almirante Soares Dutra (Tedut), da Petrobras, na cidade. O acidente foi causado pelo rompimento de uma conexão de borracha do sistema de transferência de combustível e provocou mancha de cerca de três quilômetros na Praia de Jardim do Éden. |
03/2000 | São Sebastião (SP) | O navio Mafra, da Frota Nacional de Petróleo, derramou 7.250 litros de óleo no canal de São Sebastião, litoral Norte de São Paulo. O produto transbordou do tanque de reserva de resíduos oleosos, situado no lado esquerdo da popa. A Cetesb multou a Petrobras em R$ 92,7 mil. |
06/2000 | Baía de Guanabara (RJ) | Nova mancha de óleo de um quilômetro de extensão apareceu próximo à Ilha d’Água, na Baía de Guanabara. Desta vez, 380 litros do combustível foram lançados ao mar pelo navio Cantagalo, que presta serviços à Petrobras. O despejo ocorreu numa manobra para deslastreamento da embarcação. |
07/2000 | Araucária (PR) | Quatro milhões de litros de óleo foram despejados nos rios Barigüi e Iguaçu, no Paraná, por causa de uma ruptura da junta de expansão de uma tubulação da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar – Petrobrás). Este acidente com petróleo levou duas horas para ser detectado, tornando-se o maior desastre ambiental provocado pela Petrobras em 25 anos. |
07/2000 | Ponta Grossa (PR) | Fernandez Pinheiro – na região de Ponta Grossa : Um trem da Companhia América Latina Logística – ALL, que carregava 60 mil litros de óleo diesel descarrilhou. Parte do combustível queimou e o resto vazou em um córrego próximo ao local do acidente. |
07/2000 | Ponta Grossa (PR) | Fernandez Pinheiro – na região de Ponta Grossa (uma semana depois): Um trem da Companhia América Latina Logística – ALL, que carregava 20 mil litros de óleo diesel e gasolina descarrilhou. Parte do combustível queimou e o resto vazou em área de preservação permanente. O Ibama multou a empresa em 1,5 milhão. |
09/2000 | Morretes (PR) | Morretes: Um trêm da Companhia América Latina Logística – ALL, com trinta vagões carregando açúcar e farelo de soja descarrilhou, deixando vazar quatro mil litros de combustível no córrego Caninana. |
11/2000 | Ilhabela e São Sebastião (SP) | Acidente causou o vazamento de 86 mil litros de óleo de um cargueiro da Petrobrás poluindo praias de São Sebastião e de Ilhabela – SP. |
02/2001 | Morretes (PR) | Rompe mais um duto da Petrobrás, vazando 4.000 mil litros de óleo diesel no Córrego Caninana, afluente do Rio Nhundiaquara, um dos principais rios da região. Este vazamento trouxe grandes danos para os manguezais da região, além de contaminar toda a flora e fauna. O Ibama proibiu a pesca até o mês de março. |
04/2001 | Curitiba (PR) | Acidente com um caminhão da Petrobrás na BR-277 entre Curitiba – Paranaguá, ocasionou um vazamento de quase 30 mil litros de óleo nos Rios do Padre e Pintos. |
04/2001 | Araucária (PR) | Vazamento de óleo do tipo MS 30, uma emulsão asfáltica, atingiu o Rio Passaúna, no município de Araucária, Região Metropolitana de Curitiba. |
05/2001 | Campo Grande (MS) | Um trem da Ferrovia Novoeste descarrilou despejando 35 mil litros de óleo diesel em uma Área de Preservação Ambiental de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. |
05/2001 | Barueri (SP) | O rompimento de um duto da Petrobrás em Barueri em São Paulo, ocasionou o vazamento de 200 mil litros de óleo que se espalharam por três residências de luxo do Condomínio Tamboré 1 e atingiram as águas do Rio Tietê e do Córrego Cachoeirinha. |
06/2001 | São Paulo (SP) | A Construtora Galvão foi multada em R$ 98.000.00 pelo vazamento de GLP (Gás liquefeito de petróleo) de um duto da Petrobrás, no km 20 da Rodovia Castelo Branco, uma das principais estradas do Estado de São Paulo. O acidente foi ocasionado durante as obras da empresa que é contratada pelo governo do Estado, e teve multa aplicada pela Cetesb – Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Ambiental. |
08/2001 | Lauro de Freitas (BA) | Um vazamento de óleo atingiu 30 km nas praias do litoral norte baiano entre as localidades de Buraquinho e o balneário da Costa do Sauípe. A origem do óleo é árabe. |
08/2001 | Baía de Ilha de Grande (RJ) | Vazamento de 715 litros de petróleo do navio Princess Marino na Baía de Ilha de Grande, Angra dos Reis – Rio de Janeiro. |
09/2001 | Salvador (BA) | Vazamento de gás natural da Estação Pitanga da Petrobras a 46 km de Salvador-Bahia atingiu uma área de 150 metros em um manguezal. |
10/2001 | São Francisco do Sul (SC) | O navio que descarregava petróleo na monobóia da empresa, a 8 km da costa, acabou deixando vazar 150 litros de óleo em São Francisco do Sul, no litoral norte de Santa Catarina. |
10/2001 | Baía de Paranaguá (PR) | O navio petroleiro Norma que carregava nafta, da frota da Transpetro – subsidiário da Petrobras, chocou-se em uma pedra na baía de Paranaguá, litoral paranaense, vazando 392 mil litros do produto atingindo uma área de 3 mil metros quadrados. O acidente culminou na morte de um mergulhador, Nereu Gouveia, de 57 anos, que efetuou um mergulho para avaliar as condições do casco perfurado. |
02/2002 | Baía de Guanabara (RJ) | Cerca de 50 mil litros de óleo combustível vazaram do transatlântico inglês Caronia, atracado no Pier da Praça Mauá, na Baía de Guanabara, Rio de Janeiro. O óleo foi rapidamente contido. |
05/2002 | Baía de Ilha de Grande (RJ) | O navio Brotas da Transpetro, subsidiária de transportes da Petrobras, derramou cerca de 16 mil litros de petróleo leve (do tipo nigeriano), na baía de Ilha Grande, na região de Angra dos Reis, litoral sul do Rio de Janeiro. O vazamento foi provocado provavelmente por corrosão no casco do navio, que estava ancorado armazenando um tipo de petróleo leve, de fácil evaporação. |
06/2002 | Itu (SP) | Vazamento de óleo diesel num tanque operado pela Shell no bairro Rancho Grande de Itu, no interior paulista, cerca de oito mil litros de óleo vazaram do tanque, contaminando o lençol freático, que acabou atingindo um manancial da cidade. |
06/2002 | Pinhais (PR) | Um tanque de óleo se rompeu no pátio da empresa Ingrax, em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba (PR), deixando vazar 15 mil litros da substância. O óleo que vazou é o extrato neutro pesado, um derivado do petróleo altamente tóxico, que atingiu o Rio Atuba, próximo ao local, através da tubulação de esgoto. |
08/2002 | São Sebastião (SP) | Três mil litros de petróleo vazaram de um navio de bandeira grega em São Sebastião, no litoral norte paulista, no início da tarde de sábado. Um problema no equipamento de carregamento de óleo teria causado o despejo do produto. |
11/2004 | Porto de Paranaguá (PR) | A explosão do cargueiro chileno Vicuña, no porto de Paranaguá, foi considerado o maior acidente com petróleo em 20 anos na Baía. Quatro tripulantes dos 24 que estavam a bordo morreram e cerca de um milhão de litros de metanol e cinco milhões de litros de óleo combustível vazaram no mar. Destes, apenas foram recuperados cerca de 1,2 milhões de litros de óleo e 2,3 milhões de litros de água oleosa. Centenas de animais, incluindo crustáceos, golfinhos, tartarugas e aves aquáticas, foram encontradas mortas na região. |
11/2011 | Bacia de Campos (RJ) | Poço de petróleo da empresa americana Chevron em Campo do Frade, na Bacia de Campos (RJ), foi o responsável pelo vazamento de 3,7 mil barris de petróleo, o equivalente a 588 mil litros de óleo no mar. De acordo com o relatório final da ANP, divulgado em julho de 2012, o acidente aconteceu a 120 quilômetros da costa do Rio de Janeiro e produziu uma mancha de óleo alcançando 18 quilômetros de extensão. As investigações apontaram 25 falhas da Chevron, incluindo descumprimento das regulamentações, e concluíram que o acidente poderia ter sido evitado. A empresa foi multada em R$ 50 milhões pelo Ibama. |
01/2012 | Praia em Tramandaí (RS) | Rompimento de duto que causou o despejo de 1,2 milhões de litros. |
04/2013 | São Sebastião (SP) | Vazamento de cerca de 3.500 litros de óleo em uma das redes do píer do Terminal Aquaviário Almirante Barroso (Tebar), em São Sebastião, atingiu o litoral norte de São Paulo. |
07/2014 | Litoral do Rio Grande do Sul | Vazamento de cerca de 4 mil litros foi detectado no oceano atlântico, nas proximidades do Litoral Norte do Rio Grande do Sul. |
06/2015 | Itaguaí e Mangaratiba (RJ) | Em função de uma tentativa de furto de combustível de um duto da Petrobras, ocorreu o vazamento de 600 litros de petróleo entre as praias de Coroa Grande, no município de Itaguaí e Itacuruça, em Mangaratiba, na Região Metropolitana do Rio. |
03/2016 | Cubatão (SP) | Vazamento de petróleo no rio Cubatão, na cidade de Cubatão (SP). |
06/2018 | Baía de Todos os Santos (BA) | Vazamento de óleo por rompimento de duto da Petrobras contamina a Baía de Todos-os-Santos (BA), afetando a vida das comunidades quilombolas que dependem da pesca e do mangue. |
08/2019 | Litoral do Nordeste e Sudeste | Um dos principais acidentes com petróleo no Brasil, devido a extensão de áreas atingidas. Ao longo de toda a costa do Nordeste e Sudeste, foi encontrado petróleo cru de alta densidade, material que possui alta concentração de hidrocarbonetos poliaromáticos (HPA), substância altamente tóxica. Foram 1.009 locais atingidos em 130 municípios em 11 estados em uma área total superior a 4 mil quilômetros, segundo o último relatório publicado pelo Ibama no dia 20 de março de 2020. |
01/2022 | Litoral do Ceará | Várias praias do Ceará apresentaram manchas de óleo, com a retirada de mais de quatro mil litros de petróleo cru. As causas do aparecimento das manchas de óleo não foram identificadas, mas a aproximação ao litoral ocorreu em função de fenômenos de movimentação no oceano. |
Quais os danos causados pelos derramamentos de petróleo?
Os acidentes com derramamento de petróleo e consequente interação com o ecossistema local, causa danos relevantes em toda a região, destacando principalmente:
- Fauna: Com o potencial de intoxicar os animais marinhos, o petróleo acaba se fixando nas aves e peixes, causando impacto no sistema nervoso, asfixia e morte;
- Flora: Por bloquear a luminosidade, o petróleo impede que o fitoplâncton realize a fotossíntese, afetando em larga escala toda a cadeia marinha. Em manguezais, os compostos orgânicos presentes no petróleo, como benzeno, vão ser liberados, até serem degradados. Toda a fauna que estiver exposta a isso também será contaminada.
- Comunidades tradicionais: Igualmente impactadas por acidentes com petróleo, as comunidades tradicionais são severamente afetadas, por dependerem da pesca para sobrevivência.
Maria Beatriz Ayello Leite
Redação Ambientebrasil