Glossário Ambiental – V

Vale. (1) Depressão topográfica alongada, aberta, inclinada numa direção em toda sua extensão. Pode ser ocupada ou não por água. São vários os tipos de vales, entre os quais: vale fluvial, vale glacial, vale suspenso, vale de falha. (2) Depressão, planície entre montes ou no sopé de um monte (Glossário Libreria, 2003).

Valor da natureza. Proposta que estabelece um valor monetário para os serviços prestados gratuitamente pela natureza, estimulada por instrumentos legais e administrativos como a cobrança pelo uso da água ou o comércio de emissões; uma equipe de treze pesquisadores da Universidade de Maryland  (EUA) estimou o valor econômico de 17 serviços que o meio ambiente pode proporcionar em US$ 33 trilhões ao ano.

Valor original das florestas. Importância efetivamente aplicada, em cada ano, na elaboração do projeto técnico, no preparo de terras, na aquisição de sementes, no plantio, na proteção, na vigilância, na administração de viveiros e flores e na abertura e conservação de caminhos de serviços (Decreto-Lei 1.483/76).

Valores da diversidade biológica. Os valores intrínsecos ecológicos, genéticos, sociais, econômicos, científicos, educacionais, culturais, recreacionais e estéticos da diversidade biológica e seus componentes.

Vaporização. Processo de passagem do estado líquido para o estado de vapo (Glossário Libreria, 2003).

Variabilidade. Estado de ser variável, em qualquer categoria considerada. Em genética, há uma tendência de associar variabilidade com o nível micro, molecular, como, por exemplo, no caso da variabilidade genética de organismos.

Variabilidade genética. Amplitude (extensão) da variação genética existente para uma determinada espécie. Uma vez que a espécie é composta por populações locais (demes) ou taxa, a variabilidade genética funde-se naturalmente com o conceito de reservatório gênico. A variabilidade genética estrutura-se sob várias formas (ex.: polimorfismos, séries alélicas, poligenes, etc.) e, para o caso de plantas entomófilas, a direcionalidade do fluxo gênico determinado pelo transporte do grão de pólen é bastante dependente do comportamento do inseto polinizador frente à flor. A ocorrência de diferenças entre indivíduos é devida às diferenças existentes na sua variabilidade genética. A variabilidade causada pelo ambiente manifesta-se geralmente como plasticidade, mas toda plasticidade fenotípica resulta de processos moleculares acontecendo no núcleo e citoplasma e esta é, portanto, genotipicamente controlada. A variabilidade genética em uma população é principalmente regulada por três conjuntos de fatores: 1) a adição de novo material genético através de mutação, migração (fluxo gênico) e recombinação; 2) a erosão desta variabilidade através da seleção e erros de amostragem (deriva genética); e 3) a proteção da variabilidade armazenada através de mecanismos citofisiológicos e de fatores ambientais (ex.: oferta de diferentes habitats). A literatura de língua inglesa usa preferencialmente variação genética e menos freqüentemente variabilidade genética em seus textos. Em português ocorre o contrário e daí a sugestão da adoção de variabilidade genética.

Variação contínua. Ocorrência de variabilidade caracterizada pela presença de indivíduos que apresentam uma(s) determinada(s) característica(s) sob a forma de um contínuo, isto é, com tipos intermediários conectando os extremos. Expressão típica da variabilidade intraespecífica.

Variação descontínua. Ocorrência de variabilidade em fenótipos, de tal dimensão e padrões, que enseja o delineamento de grupos taxonômicos. Expressão típica da variabilidade interespecífica.

Variação epigenética. Também chamada de transitória, no caso é a variação fenotípica de plantas regeneradas de culturas de tecidos, com caracteres não herdáveis, causada por condições de estresse fisiológico.

Variação genética. Mesmo que  variabilidade genética.

Várzea. (1) Planície de grande fertilidade. (2) Planícies cultivadas em vale. Nem sempre são férteis e cultiváveis, especialmente se sofrem alagamentos periódicos ou estão formadas sobre solo arenoso ou pedregoso. (3) Formação florística dos vales ou lugares baixos, parcialmente alagados.

Vasa. (1) Espécie de lama, fina e inconsistente, característica de certos fundos oceânicos. É formada por carapaças microscópicas de animais ou minerais. (2) Depósito argiloso, de partículas muito finas, de coloração cinza-escuro ou mesmo esverdeada, muito pegajoso, escorregadio e com acentuado odor fétido, devido ao gás sulfúrico que contém. Os bancos de vasa aparecem nas orlas costeiras e na foz dos rios, devido ao efeito de floculação e da gravidade, por ocasião das marés cheias (GUERRA, 1978). (3) Assumem aspecto de limo ou lodo. Pode ser também sedimento orgânico marinho abissal.

Vazadouro. (1) Lugar onde se despejam detritos ou onde se dispõe qualquer tipo de resíduo sólido. (2) Sítio ou terreno onde se dispõem resíduos sólidos, sem que se adotem medidas de proteção ao meio ambiente (The Wolrd Bank, 1978).

Vazão. (1) Quantidade de água que jorra de uma fonte por unidade de tempo. No rio, é a quantidade de água que passa numa secção transversal ao leito por unidade de tempo (2) Volume fluido que passa, na unidade de tempo, através de uma superfície (como exemplo, a seção transversal de um curso d´água) (DNAEE, 1976).

Vegetação. (1) Conjunto de vegetais que ocupam uma determinada área; tipo da cobertura vegetal; as comunidades das plantas do lugar; termo quantitativo caracterizado pelas plantas abundantes (GOODLAND, 1975). (2) Quantidade total de plantas e partes vegetais como folhas, caules e frutos que integram a cobertura da superfície de um solo. Algumas vezes o termo é utilizado de modo mais restrito para designar o conjunto de plantas que vivem em determinada área (CARVALHO, 1981). (3) Conjunto de plantas e associações vegetais.

Vegetação de excepcional valor paisagístico. Vegetação existente nos sítios considerados de excepcional valor paisagístico em legislação do Poder Público Federal, Estadual ou Municipal (Resolução CONAMA 010/93).

Vegetação em regeneração. O mesmo que vegetação secundária (Resolução CONAMA 010/93).

Vegetação nativa no estágio avançado de regeneração. Formação denominada capoeirão, onde a composição florística dominante é composta por uma mistura dos gêneros Meliaceae, Bombacaceae, Tiliaceae, entre outras, que apresentam idade em torno de 20 a 50 anos, altura variando entre 20 a 30 metros, sendo que algumas alcançam 50 metros, formando um dossel heterogêneo, incluindo coroas bastante largas e um estrato relativamente escasso, incluindo espécies tolerantes onde o número de espécies e o tempo de vida dominante, inicialmente é de 40 a 100 anos ou mais (Portaria Normativa IBAMA 84/91).

Vegetação nativa no estágio inicial. Formação pioneira onde a composição florística dominante é composta pelos gêneros Cecropia, Trema, entre outras, que apresentam a idade em torno de 1 a 3 anos, altura variando entre 5 a 8 metros, formando um dossel denso, homogêneo e um estrato baixo emaranhado com poucas espécies arbóreas onde o número oscila entre 1 e 5 espécies, tendo um tempo de vida das espécies dominantes muito curto, menos de 10 anos (Portaria Normativa IBAMA 84/91).

Vegetação nativa no estágio médio de regeneração. Formação denominada capoeira, onde a composição florística dominante é composta pelos gêneros Cecropia, Trema, Heliocarpus, entre outras, que apresenta idade de 5 a 15 anos, altura variando entre 15 a 20 metros, formando um dossel com ramificação vertical, com coroa horizontal e um estrato baixo e denso, com freqüência variável de espécies herbáceas, onde o número de espécies arbóreas é pouca, variando de 1 a 10 espécies, e o tempo de vida das dominantes é curto, de 10 a 25 anos (Portaria Normativa IBAMA 84/91).

Vegetação natural. Floresta ou outra formação florística com espécies predominantemente autóctones, em clímax ou em processo de sucessão ecológica natural (Resolução CONAMA nº 04 de 18.09.85).

Vegetação primária. (1) Vegetação de máxima expressão local, com grande diversidade biológica, sendo os efeitos das ações antrópicas mínimas, a ponto de não afetar significativamente suas características originais de estrutura e espécies (Resolução CONAMA 010/93). (2) Vegetação que evolui sob as condições ambientais reinantes do renascimento de plantas após a destruição ou retirada total ou parcial da vegetação primária ou original.

Vegetação remanescente de Mata Atlântica. Totalidade de vegetação primária e secundária em estágio inicial, médio e avançado de regeneração (Resolução CONAMA 003/96).

Vegetação secundária ou em regeneração. Vegetação resultante de processos naturais de sucessão, após supressão total ou parcial da vegetação primária por ações antrópicas ou causas naturais, podendo ocorrer árvores remanescentes da vegetação primária (Resolução CONAMA 010/93).

Vegetais intermediários. Cormófitos. Não desenvolvem sementes nem apresentam flores.

Vegetais superiores. Vegetais que formam sementes e apresentam flores, que são órgãos de reprodução.

Ventos alísios. Ventos regulares que sopram durante todo o ano nas regiões tropicais, vindos do Nordeste no hemisfério boreal e do Sudeste no hemisfério austral.

Vênus. Segundo dos planetas que gravitam em volta do Sol. É depois de Mercúrio, o segundo e último planeta inferior, isto é, menos afastado do Sol que a Terra. É por isso que acompanha sempre o Sol, muito de perto. Vênus gasta 224 dias e 7 horas para realizar a sua revolução em torno do Sol, e o seu diâmetro real é sensivelmente igual ao da Terra, ou seja, cerca de 12400 km. A distância média do Sol é de cerca de 108 milhões de km. Vênus tem fases como a Lua e apresenta-se sob diversas formas de crescente. Em 1963, com o lançamento do foguete espacial Mariner II, foi registrado para Vênus uma temperatura de mais de 400ºC, sendo confirmado ainda que o planeta está envolto em espessa camada de nuvens, chegando a temperatura no interior dessa camada a atingir 34ºC abaixo de zero (Glossário Libreria, 2003).

Vereda. (1) Nome dado no Brasil Central para caracterizar todo o espaço brejoso ou encharcado que contém nascentes ou cabeceiras de cursos d´água de rede de drenagem, onde há ocorrência de solos hidromórficos com renques de buritis ou formas de vegetação típica (Resolução CONAMA nº 004/850). (2) Local onde o lençol freático aflora na superfície do solo onde o relevo dificulta o escoamento da água.

Vertente. Planos de declives variados que divergem das cristas ou dos interflúvios, enquadrando o vale. Nas zonas de planície, muitas vezes, as vertentes podem ser abruptas e formarem gargantas (GUERRA, 1978).

Vetor. Em biologia. (1) Portador, usualmente artrópode, que é capaz de transmitir um agente patogênico de um organismo para o outro (The World Bank, 1978). (2) Artrópode ou outro animal que transmite um parasita de um vertebrado hospedeiro para outro (USAID, 1980). (3) Animal que transmite um organismo patogênico a outros organismos; portador de doença.

Vetor biológico. (1) Vetor no qual um parasita se desenvolve ou multiplica (USAID, 1980). (2) É aquele que toma parte essencial, participando do ciclo evolutivo do parasita, como o caramujo da esquistossomose (CARVALHO, 1981).

Vetor mecânico. Vetor que transmite parasita, sem desenvolvimento ou multiplicação nele do parasita (USAID, 1980).

Vida silvestre. Conjunto de animais e vegetais autóctones que vivem livres em seu ambiente natural.

Vida útil. Relacionado com o tempo de produtividade de uma mercadoria.

Vinhoto. (1) Resíduo nocivo produzido pelas usinas de álcool. (2) Líquido residual das destilarias de álcool de cana-de-açúcar, também conhecido como vinhaça, restilo ou caldas de destilaria. O lançamento direto ou indireto do vinhoto nos rios é proibido por lei.

Vírus. Organismos microscópicos que podem causar inúmeras doenças aos animais e às plantas.

Viscosidade. Resistência interna que as partículas de uma substância oferecem ao escorregamento de uma sobre as outras.

Viveiro. Local construído para nele se proceder a procriação de animais ou o cultivo de plantas. Em zootecnia, os viveiros são utilizados para a criação de peixes, rãs, ostras, além de animais próprios para a obtenção de material utilizado na preparação de vacinas e soros (cobras, aranhas, escorpiões). Na agricultura, destinam-se à obtenção de mudas e cultivo de plantas raras e/ou exóticas.

Voçoroca. (1) Erosão causada por ação de escoamento superficial. (2) Escavação ou sulco que se formam no solo em conseqüência da erosão superficial das águas. (3) Escavação profunda originada pela erosão superficial e subterrânea, geralmente em terreno arenoso; às vezes, atinge centenas de metros de extensão e dezenas de profundidade (GOODLAND, 1974). (4) Escavação ou rasgão do solo ou de rocha decomposta, ocasionada pela erosão do lençol de escoamento superficial (GUERRA, 1978). (5) Processo erosivo semi-superficial de massa, face ao fenômeno global da erosão superficial e ao desmonte de maciços de solo dos taludes, ao longo dos fundos de vale ou de sulcos realizados no terreno (MENDES, 1984).

Vulcânica. Rocha eruptiva originada da consolidação de material magmático extravasado à superfície terrestre.

Vulcanismo. (1) Atividade pela qual o material magmático é expulso do interior da terra para sua superfície. O material pode ser gasoso, líquido ou sólido. (2) Conjunto de processos que levam à saída de material magmático em estado sólido, líquido ou gasoso à superfície terrestre.

Vulnerabilidade genética. Situação em que cultivares seletas podem apresentar queda substancial no rendimento da lavoura devido à sua grande uniformidade genética (baixa variabilidade genética), extensa área plantada e predisposição a fatores condicionantes bióticos e abióticos.

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