A maior demanda e a menor oferta de água per capita no país. É esta a situação da região hidrográfica da Costa Sudeste, que ocupa os litorais paulista e fluminense e um trecho de Minas Gerais, e é importantíssima dada sua alta concentração populacional e seu grande desenvolvimento econômico. O resultado do contraste entre necessidade e disponibilidade é que cada morador da região tem acesso a apenas 6.710 metros cúbicos por ano, 4,2 vezes menos que a média de disponibilidade nacional. Nos 231 mil quilômetros quadrados dessa região vivem 26,7 milhões de pessoas, 16% do total nacional. Na sua maioria, elas habitam a Região Metropolitana do Rio de Janeiro, que por concentrar 3 mil habitantes em cada quilômetro quadrado, precisa importar 90% da água que consome do rio Paraíba do Sul (que corre por São Paulo e Rio de Janeiro) para dar conta da demanda, o que equivale a cerca de 5 bilhões de litros por dia.
Existem algumas milhares de indústrias nas bacias do rio Doce (MG) e do Paraíba do Sul, os dois principais dessa região hidrográfica. A industrialização é particularmente evidente nas cidades paulistas de Jacareí e Taubaté, e em Resende e Volta Redonda, no estado do Rio. Sozinha, a bacia do Paraíba do Sul, que entra pelo Espírito Santo e Minas Gerais, produz cerca de 10% do PIB.
Um dos principais problemas associados aos recursos hídricos da região é a ocupação irregular de encostas, áreas ribeirinhas e de mananciais, estimulada pela especulação imobiliária, que fez com que sobrassem pouquíssimos trechos de vegetação ciliar ao longo dos rios da região. Em conseqüência, a erosão arrasta sedimentos para os rios, resultando em assoreamento e em inundações, particularmente comuns nas bacias os rios Doce e Ribeira do Iguape (SP). São famosas as enchentes que praticamente todos os anos invadem as ruas de Registro e Eldorado, no vale do Ribeira, comprometendo também a produção agrícola.
Na bacia do rio Doce, 75% das casas têm água encanada, e essa porcentagem sobe para 91% na bacia do Parnaíba do Sul. São coletados 45% os esgotos produzidos na bacia do Paraíba do Sul. São coletados 45% dos esgotos produzidos na bacia do rio Doce e 69% na bacia do Paraíba do Sul. As taxas de tratamento de esgotos, porém, são muito baixas. Na encosta fluminense e na bacia do rio Doce, por exemplo, elas estão próximas de zero. Na bacia do Parnaíba do Sul, ficam na casa de 11,2%.
Fonte: Como cuidar da nossa água. Coleção Entenda e Aprenda. BEI. São Paulo-SP, 2003.