O Velho Chico

O rio São Francisco tem 2,7 mil quilômetros de extensão e corta cinco estados brasileiros: Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Desde sua nascente em São Roque de Minas (MG), em local conhecido como “Chapadão do Zagaia”, até sua foz no Oceano Atlântico, na divisa entre Sergipe e Alagoas, são mais de 500 municípios banhados pela bacia, onde vivem 14 milhões de habitantes, população maior que a de países como Cuba, Suécia, Chile, Grécia e Paraguai. O Velho Chico foi descoberto por Américo Vespúcio. Em suas margens pernambucanas formou o primeiro povoamento que usaria suas águas como fonte de vida.

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O rio São Francisco caminha para o mar, irriga a terra árida e realiza um verdadeiro milagre de São Francisco: dá vida ao sertão. Alguns olhos-d’água escondidos pela vegetação baixa e ressecada do Chapadão da Zagaia, Serra da Canastra, Minas Gerais, geram um dos maiores rios do Brasil, cerca de 640 mil quilômetros quadrados, que ocupa 8% do território brasileiro, o rio da unidade nacional, o Velho Chico. Mais que um rio, o Velho Chico é um fato cultural, como o Velho Nilo, seu irmão africano – a medida é outra, mas o sentido é o mesmo.

Nascente – O rio São Francisco nasce num brejo da Serra da Canastra, a cerca de mil metros de altura, logo ao deixar a serra despenca 200 metros na cachoeira Casca d’Anta, desce em degraus e, entre Pirapora (MG) e Juazeiro (BA), flui suavemente, permitindo que barcos de todos os tamanhos naveguem suas águas. Era esse o trecho percorrido até pouco tempo pelas famosas gaiolas. Hoje, o Parque Nacional da Serra da Canastra preserva a nascente do grande rio, guarda vales de excepcional beleza, florestas nativas, campos e, para arrematar, tamanduás, tatus-canastra e lontras, ao vivo, em cores e sem grades. 

Foz – Após despencar 80 metros na cachoeira de Paulo Afonso, o rio São Francisco corre manso mais 310 quilômetros e por fim encontra o mar. É o maior rio inteiramente brasileiro. O Velho Chico deságua numa costa lisa, entre coqueirais e manguezais, dunas e praias douradas.

Características Físicas:

  •  Declividade média: 8,8cm/km
  •  Média das vazões na foz: 2.943m3/seg.
  •  Tipo de foz: Estuário
  •  Velocidade média de corrente: 0,8m/seg (entre Pirapora-MG e Juazeiro-BA)
  •  Sentido da corrente: Sul/ Norte

Principais Afluentes: 

  • Rio Paraopeba
  • Rio Paracatu
  • Rio Abaet
  • Rio Verde Grande
  • Rio das Velhas
  • Rio Carinhanha
  • Rio Jequita
  • Rio Corrente
  • Rio Urucuia
  • Rio Grande

Hoje, o estado de degradação em que o rio se encontra é um retrato de como o país vem administrando seus recursos naturais. Dentre os principais agentes poluidores do São Francisco destacam-se as ações desordenadas de mineradoras, a erosão do solo, o uso indiscriminado de agrotóxicos. Mas o grande vilão é a região metropolitana de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, que polui seu maior afluente, o Rio das Velhas.

O rio São Francisco é vítima do desmatamento e queimadas desde a sua nascente, na Serra da Canastra, em Minas Gerais, da poluição na forma de agrotóxicos, esgotos domésticos e industriais, além do desvio de água cada vez maior para projetos de irrigação mal elaborados, o Velho Chico a cada ano tem diminuído perigosamente o seu volume de água e a navegação já não se faz em determinados trechos e em determinadas épocas.

O rio é vítima do desprezo e da irresponsabilidade de sucessivos governantes, seja a nível federal ou estadual, insensíveis e incapazes da adoção de medidas para impedir a sua morte lenta. As derrubadas e queimadas de árvores, seja na nascente ou ao longo do seu percurso, estão cada vez maiores. As cidades ribeirinhas (mais de 150) não têm sistema de tratamento de esgoto e as indústrias idem, despejando toda sujeira no seu leito. Agricultores, uns sem escrúpulos, outros por falta de orientação, usam e abusam de agrotóxicos em plantações nas margens do rio e esse veneno também é conduzido para o Velho Chico.

O desmatamento, além de contribuir para secas constantes nas nascentes do São Francisco e de seus afluentes, provoca a queda de barrancas e, conseqüentemente, o assoreamento do rio (acúmulo de terra no leito). O resultado disso é o perigo e dificuldade de navegação, pois muitas ilhas já estão formadas em seu percurso.

Lendas e Mitos

Para espantar mau olhado, espírito presepeiro, mal-assombro e pescaria ruim: caretas. Na base do quanto mais feia melhor, o nome oficial é carranca. Na proa, esculpidas em madeira, um rosto assustador, são monstros temíveis cuja função é botar pra correr os mitos originários e residentes no São Francisco, como a Mãe-d’água e o Minhocão. De sobra, no passado, susto também para os indesejáveis jacarés, hoje extintos. Em algumas partes, as figuras de proa eram chamadas também de cara de pau ou leão de barca.

O personagem Negro d’Água, sai das águas para pedir fumo, e a Mãe d’Água, amiga das lavadeiras que adora presentes, já fazem parte da cultura local.

Há muito tempo, lá na Serra da Canastra, existia uma grande tribo indígena, em que vivia uma linda cabloca chamada Iati. Com o início de uma grande guerra no norte, todas as tribos do sul foram convocadas e o noivo de Iati partiu entre os guerreiros. Mas eles estavam em número tão grande que seus passos afundaram no sulco do Cerrado. Iati, triste e desolada, chorou copiosamente até os últimos dias de sua vida. Suas lágrimas desesperadas formaram a Cachoeira de Casca Dantas e seguiram o sulco afundando pelos passos dos guerreiros, formando o Rio São Francisco.

Fonte parcial: Governo de Minas Gerais