Do total de emissões antropogênicas, 77% correspondiam ao dióxido de carbono, que no mesmo período teve um aumento de 21 para 38 gigatoneladas (Gt). Para se ter uma idéia, 1 tonelada de carbono é aproximadamente o que emite um carro popular durante um ano, usando gasolina.
O aumento de emissões de carbono equivalente foi bem maior no período de 1995 a 2004, do que de 1970 a 1994. Os setores que mais contribuíram para o aumento de emissões foram energia, transporte e a indústria e em um ritmo menor os edifícios comerciais e residenciais e os setores florestal e da agricultura. Atualmente, estudos sugerem que o planeta está próximo aos 50 Gt CO2e e poderá chegar a 61 Gt em 2020 e 70 Gt em 2030.
Para se entender a gravidade dessa situação, a ciência estabelece que o planeta é capaz de emitir entre 6 e 9 Gt. Ou seja, as emissões na Terra estão cerca de quatro vezes superiores a essa capacidade, processo que teve início em meados do século XIX, com a Revolução Industrial.
No caso do Brasil, a principal fonte de emissão de gases do efeito estufa vem da queimada e derrubada de florestas . De acordo com o estudo Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Brasil 2008, produzido pelo IBGE, a destruição da vegetação natural, em especial na Amazônia e no Cerrado, resultam em 75% das emissões de gases do efetio estufa no país, que fazem do Brasil o quarto maior poluidor do mundo, com cerca de 1,3 Gt/ano. As duas maiores cidades brasileiras, São Paulo e Rio de Janeiro, que fazem uso intensivo de combustíveis fósseis, emitem juntas apenas 3% desse total, aproximadamente.
De acordo com o IPCC, há forte evidência de que grande parte do aquecimento global é decorrente do aumento da concentração de GEEs, principalmente o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O) e os halocarbonetos, que são gases que contêm carbono ligado a flúor, cloro ou bromo. Abaixo, uma descrição dos principais gases:
Dióxido de Carbono (CO2) – com moléculas formadas por um átomo de carbono e dois de oxigênio, o CO2 é um gás proveniente da queima de combustíveis fósseis e matéria orgânica e desflorestamento. Sua concentração na atmosfera do planeta passou de 280 ppm no período pré-industrial para 379 ppm em 2005, sendo que sua permanência na atmosfera é de 50 e 200 anos – o chamado tempo de decaimento do gás. O potencial de aquecimento global de uma molécula de CO2 é usado como referência métrica padrão para determinar o potencial de aquecimento global (PAG) dos demais GEEs. Atualmente, o dióxido de carbono contribui com 60% do efeito estufa no planeta.
Metano (CH4) – com moléculas formadas por um átomo de carbono e quatro de hidrogênio, o gás metano é gerado por atividades como a pecuária, o cultivo de arroz inundado, a queima de combustíveis fósseis e de biomassa, insumos agrícolas e matéria orgânica em decomposição. Sua concentração na atmosfera passou de 715 ppb no período pré-industrial para 1732 ppb no início dos anos 1990 e chegou a 1774 ppb em 2005. Seu potencial de aquecimento global é 25 vezes maior do que o do dióxido de carbono, sendo que a molécula de CH4 permanece na atmosfera por até 20 anos, em média. Atualmente, o metano contribui com cerca de 15% do efeito estufa do planeta.
Óxido Nitroso (N2O) – formado por moléculas com dois átomos de nitrogênio e um de oxigênio, esse gás é proveniente de insumos agrícolas como fertilizantes e de atividades de conversão do uso da terra. Sua concentração foi de 270 ppb no período pré-industrial para 319 ppb em 2005. Seu potencial de aquecimento global é cerca de 300 vezes maior que do dióxido de carbono e sua permanência na atmosfera chega a 150 anos. Atualmente, 5% do efeito estufa está relacionado ao N2O.
Ozônio (O3) – esse gás compõe a camada que protege a Terra dos raios ultra-violeta do sol também atua como agente do efeito estufa. No solo, o ozônio é gerado pela queima de biomassa e pela ação da luz do sol sobre hidrocarbonetos e moléculas Nox. Sua permanência na atmosfera é de no máximo alguns meses, mas contribui com cerca de 8% do efeito estufa. A molécula do ozônio é formada pela ligação entre três átomos de oxigênio.
Hexafluoretos – são gases sintéticos caracterizados pela associação do átomo de flúor a outros elementos. Apresentam potencial de aquecimento global altíssimo. Destacam-se o hexafluoreto de enxofre (SF6) e os perfluorcarbonetos (PFCs).
– Hexafluoreto de Enxofre (SF6) – gás sintético utilizado na geração de eletricidade, na fundição de magnésio e em semicondutores. Seu potencial de aquecimento global pode ser mais de 22 mil vezes superior ao do dióxido de carbono.
– Perfluorcarbonetos (PFCs) – usados na produção de equipamentos eletrônicos ou emitidos como subprodutos da produção do alumínio primário, esses gases sintéticos tem alto potencial de aquecimento global, podendo chegar a índices entre 6.500 e 9.200 vezes superiores ao do dióxido de carbono.
Halocarbonetos – no contexto do efeito estufa são gases sintéticos em que todas as ligações do átomo de carbono já estão associados a outros elementos, como cloro, flúor ou bromo. A maioria desses gases aumentaram de um nível próximo de zero no período pré-industrial para concentrações bem maiores, devido às atividades humanas. São os clorofluorcarbonetos (CFCs), hidroclorofluorcarbonetos (HCFCs) e hidrofluorcarbonetos (HFCs), bromofluorcarbonetos (halônios).
– Clorofluorcarbonetos (CFCs) – Muito utilizados em sprays, e equipamentos de refrigeração os CFCs contribuem para o aumento do efeito estufa e também degradam a camada de ozônio. Sua utilização foi bastante reduzida após 1987, quando foi assinado o Protocolo de Montreal sobre o uso de substâncias químicas para reduzir o buraco sobre a camada de ozônio. Atualmente, contribuem com 12% do efeito estufa do planeta, podendo permanecer na atmosfera de 50 a 100 anos. Seu potencial de aquecimento global é cerca de 10 mil vezes maior que o do CO2 mas os CFCs também provocam um processo de resfriamento ao destruir o ozônio.
– Hidrofluorcarboneto (HFC) – Gás sintético formado por átomos de hidrogênio, flúor e carbono, passou a ser adotados com mais intensidade pelo setor industrial a partir dos anos 1990, em substituição aos clorofluorcarbonetos (CFCs) que estavam sendo banidos pelo Protocolo de Montreal, devido a seu impacto para a camada de ozônio. O HFC não afeta essa camada mas tem um impacto ainda maior sobre o efeito estufa, com um potencial de aquecimento global que pode ser de 120 a 12.000 vezes superior o do dióxido de carbono. O HFC pode ficar na atmosfera por até 400 anos.
Vapor d’água (H2O) – é o maior agente natural do efeito estufa no planeta. Apesar de ser liberado por algumas atividades produtivas, as atividades humanas têm pouca influência sobre a quantidade de vapor na atmosfera, que varia com a temperatura de cada região, sendo mais abundante em zonas mais quentes. O aumento da temperatura do planeta pode levar à elevação do vapor liberado pelas fontes hídricas e aumentar a contribuição desse gás para o efeito estufa. Essa contribuição é mínima atualmente e a permanência do vapor na atmosfera não passa de alguns dias.
Observatório do Clima – www.oc.org.br